quarta-feira, 29 de abril de 2009

Monte da Casta 2007

Gosto de um bom vinho!
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Este gosto não quer, de modo nenhum, dizer que seja grande conhecedor e, para dizer a verdade, é coisa que não me importa nem um bocadinho: já vou sendo velhote para andar a fingir que gosto do que os outros gostam de mostrar que gostam. E, continuando nisto de verdades, estou mesmo convencido que, atrás de muito "bom" vinho que aí anda há simplesmente "cagança", aquele sentimento que leva alguém a sentir-se superior ao próximo porque uma roda do carro dele custa tanto como o carro inteiro do vizinho da cave, ou porque cada golinho daquele Barca Velha custa mais que o almoço todo da família do rés-do-chão!
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Bom, mas como eu não sou de caganças e, principalmente, tenho boca e paladar, não preciso para nada que algum "entendido" me venha com aquelas conversas que ninguém sabe o que querem dizer das "madeiras exóticas", "ameixas maduras", "bouquet de não-sei-quê" e mais um sem número de "bocas" pretensamente sábias do jargão de quem tem um paladar "melhor" que o meu. Melhor uma ova, que o único paladar que me interessa é o meu e ninguém pode provar por mim!
Que me interessam os "finais requintados" ou os "taninos elegantes"? Prefiro de longe quem dá um estalo de língua e solta um genuíno "bela pomada!", a dizer o que aquela boca sentiu e não a ensinar o que, evidentemente, não é ensinável. Lembro-me, quando era jovem e ainda não sabia nada de vinho, tudo me sabia bem parecido e eu distinguia só dois vinhos: os que faziam arrepios no fim e os que deslizavam sem problemas; eram os maus e os bons! Na altura, porque era o que eu podia, era o que era preciso.

Tudo o que antes disse é para frisar que aquele "bom" da primeira frase quer apenas dizer que um bom vinho é um vinho de que eu gosto!
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Tenho uma idéia geral bem negativa dos vinhos ribatejanos, os quais, justa ou injustamente, associo a vinhos muito vulgares para consumo a granel, a garrafão ou à pipa, os "carrascões" do Cartaxo e de Aveiras de Cima, que alimentavam as tabernas e bebedeiras de uma Lisboa pobre e pouco exigente. Dizem-me que o panorama está a mudar e que já existem tentativas válidas para inverter este estado de coisas e aproveitar as excelentes condições climatéricas e de terreno para produções de qualidade. A ver vamos!
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Surpresa, surpresa foi mesmo este Monte da Casta 2007, um branco que comprei por pura curiosidade (ou ignorância) pelo facto de ser um maduro que inclui ..... Alvarinho, a casta-rei do vinho verde!
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Não sei se é comum, eu nunca tinha visto, mas o resultado é altamente recomendável: este Monte da Casta, que se vende no Lidl por cerca de 3 Euros, nem chega, é um "caso" de equilíbrio, de vida esfusiante, de frescura bem disposta e disposta a acompanhar o que se quiser, nestes dias quentes que aí vêm (espero).
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