sábado, 28 de agosto de 2010

Omoleta de Coentros

................ Às vezes apetece-me fazer uma omoleta a sério.

Nada dessas vulgaridades que se comem nos restaurantes, pratinho barato do fim da lista, ao pé do bitoque e da alheira , mas sim essa omoleta tirana e exigente que se consegue com muito, mas mesmo muito cuidado e amor e que paga esse cuidado com um sabor único de êxtase e delícia.

Divido a minha preferência entre duas omoletas: a de espargos bravos , já aqui publicada e essa outra, possívelmente inventada por António Tabucchi quando escreveu o seu livro Afirma Pereira, em 1994 e que eu nunca encontrei mencionada senão aí: a omoleta de coentros. É pois um caso em que o prato saiu da ficção para se tornar uma realidade de delicadeza insuperável.

Às vezes pergunto-me se o próprio Tabucchi terá algum dia degustado a sua criação?
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Ingredientes:
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Para 3 pessoas :
9 Ovos
1 ramo grande de coentro fresco picado
1 colher de sopa de Água
1 pitada de Flor de Sal
1 pitada de Pimenta Branca moída na altura
1 colher de chá de Banha de Porco.
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Preparação:
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Bata os ovos com a pitada de flor de sal, a pimenta e a água.
Junte os coentros picados, misture e reserve.
Derreta a banha de porco numa frigideira antiaderente, pesada, untando todo o fundo com a banha derretida e siga a técnica de omolete enrolada que descrevi aqui e também aqui.
Se não domina a fundo a técnica de enrolar uma omoleta, não tente fazer uma de 9 ovos como esta. Divida o ovo ao meio e faça duas omoletas.
Use lume baixo e faça tudo com muita calma. Esta é uma omoleta de 10 voltas
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e demorou cerca de 20 minutos a fritar, mas se conseguir 5 ou 6 voltas em cerca de 10 minutos, já fica uma omoleta muito boa.
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Não desanime e, para a próxima vez, baixe mais o lume. A excelência da omoleta aumenta com o número de voltas que, por sua vez, aumenta a humidade interna e a intensidade do sabor do ovo.
Sirva com o acompanhamento que vá melhor com a estação e o seu gosto.
Este é um caso em que não há antecedente ou tradição. No filme, o Marcello Mastroianni pedia a omoleta assim sozinha e eu também a costumo comer assim.
Neste caso, o Verão ainda tórrido, refresquei com esta salada bem fresca.
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6 comentários:

Anónimo disse...

adorei o filme e confesso que na altura a omolete me passou ao lado. mas ao ver o titulo deste post, pergunto-me como foi possivel! muito apetitosa e boa combinacao de ingredientes.
Sofia

anna disse...

Que omelete maravilhosa, de tão perfeita e bonita... terei de nascer outra vez para conseguir uma parecida com ela, lol!
Beijinhos.

cupido disse...

Luís

Ainda te arriscas a tornar a omelete de coentros numa glória nacional e ainda por cima filha de um Italiano, pelas referências ao António Tabucchi :)

Num registo mais sério, lembro-me de ter lido algures uma descrição dessa omelete (na net, num livro, numa revista? não me lembro, que isto das leituras e e_leituras começa a baralhar) e não fiquei nada surprendido.

Parece uma preparação natural e que apesar de não aparecer (que me lembre) nos livros sérios de comida Portuguesa, muito dificilmente passaria ao lado do Imaginário Popular.

Lembro-me de uma preparação da juventude, uma omelete com salsa e cebola picada que me deliciava. Não seria difícil pensar na omissão da cebola e da troca da salsa por coentros mais ao sul...

A origem da omelete será naturalmente melhor estudada, mas a execução é primorosa, como seria de esperar.

Mais um belo post...

Grande abraço.

Filipa disse...

Ai se soubesses que que suspirei ao ver esta omelete! Adoro! Para mim nunca estarão no final de lista nenhuma! Para mim é um manjar! E esta ficou divina! Parabéns!

moranguita disse...

eu sou uma naba a fzer omoletes mas eu gosto tanto.
esta com tao bom aspecto esta.
beijinhos

Catarina Rosendo disse...

Caro Luís

descobri o seu blogue ontem, procurando uma receita de farófias, e devo dizer-lhe que ficaram iguais às que me lembro da minha mãe fazer, ou seja, maravilhosas.

Tenho que lhe dar os parabéns pelo blogue, pela forma como escreve, pelas boas fotos (melhoraram muito desde os primeiros tempos!) e sobretudo pelo rigor técnico das descrições. E é claro, pelas receitas.

Sobre esta omeleta de coentros: faço-a há muitos anos e não sabia que havia uma receita tabucchiana para ela. Junto-lhe uma coisa que não está na sua receita: noz moscada ralada (sem exageros). Fica óptima.