Eu ando a tentar "harmonizar" os pimentos!
Nunca nos demos bem e, na verdade, apesar de eu ter tido ao longo da vida um estômago de aço, os pimentos sempre foram o seu calcanhar de Aquiles, bastando a sua presença como tempero para me proporcionar uma digestão heróica, ruminando o seu sabor por muitas horas, às vezes a ficar para o dia seguinte.
A excepção eram os pequeníssimos de Padrón, fritos em azeite à moda galega e delícia de muitos lanches e serões com umas cervejas bem geladas.
Mas porque um cozinheiro acaba sempre por trabalhar para um "público" e esse público não tem culpa das suas manias e fraquezas, e porque eu gosto do seu malvado sabor, estou em processo de dessensibilização, diria o alergologista, e portanto, perante um fruto que a divina providência parece ter criado de propósito para rechear, meti mãos à obra e pimentos foram jantar.
Ingredientes:
2 Pimentos verdes
1/2 Pimento Vermelho
Puré de batata, firme
1 Farinheira
Sal e Orégãos
Preparação:
Escolha pimentos grandes e regulares, que se tenham de pé.
Com uma faca afiada abra o pimento pelo lado do pé, retirando um círculo largo mas inferior ao diâmetro do pimento e que leva consigo a maioria das sementes. Limpe as restantes sementes interiores e as "tripas" brancas onde elas estão pegadas.
Lave o pimento por dentro e salpique com sal e orégãos, também por dentro.
Encha o pimento com puré de batata bem firme, feito com batata, manteiga, nata líquida, sal e moscada. No meu caso, que aproveitei uma sobra, tive de fazer uma "batota" e sequei-o um pouco com flocos de batata, (que uso apenas para acertar o "ponto" de algumas sopas). Neste caso serviu e, no fim, não se notou a artificialidade.
Tire a pele a uma farinheira da Beira, neste caso foi do Fundão, as minhas preferidas, e enterre meia farinheira em cada pimento, no centro do puré.
Decore com tirinhas de pimento vermelho espetadas no puré e que ficam como pétalas de uma flor e leve ao forno quente por cerca de 45 minutos. Quando o pimento está assado as tirinhas vermelhas baixam e agarram-se ao pimento verde.
Sirva só ou acompanhado. Eu optei por uma salada fresca porque o puré saído de forno, já se sabe, queima, e o fresco de uma alface avinagrada sabe muito bem.
Nota:
Apesar de só ter comido meio pimento (o exterior), ainda cá está, o desgraçado!
Para o pimento não desabar durante o assado, faça-lhe uma pequena cama de puré por baixo, para o prender.
Mais uma consequência da promoção do tal supermercado? É que eu também fiz pimentos recheados por esse motivo.
ResponderEliminarPrefiro utilizar os vermelhos, pois com eles dou-me muitíssimo bem...já com os verdes não posso dizer o mesmo.
Só posso dizer que gostei muito do pimento a encamisar o puré e a farinheira. Muito interessante.
ResponderEliminarAlem de bom cozinheiro voce escreve muito bem...fez divertida sua historia de luta para digerir pimentos. Parecia ouvir meu pai que tambem acaba sempre perdendo para para os pimentos. Para mima recita esta otima!
ResponderEliminareu, que sou a rapariga de estômago de avestruz, para mim os pimentos não me fazem diferença (mas sou a única lá em casa)
ResponderEliminara minha horta agora está a produzir bastantes pimentos, e também cosutmo fazê-los recheados... adoro...
Esse puré com farinheira já me deixou tentada, como recheio de pimentos está mesmo a pedir uma garfadinha.
ResponderEliminarO Luís escreve de uma maneira única, é muito criativo e irreverente, para além de usar sempre de uma correcção que me encanta...
ResponderEliminarO meu marido odeia pimentos, eu adoro os vermelhos (pronto, gosto de todos!).
Achei esta sua receita do mais original possível... As minhas farinheiras preferidas são as de Arganil!