Provavelmente já passámos por elas, apressados a atravessar alguma duna com pinheiros, o mar já a ouvir-se e a prometer um belo dia de praia. Distribuem-se um pouco por toda a orla costeira ibérica sob as manchas de pinheiro bravo que, nas dunas, teimam. em povoar a areia até ao mar. Mais para dentro é escusado: desaparecem e não são coisa que se semeie, nascem e frutificam só onde lhes apetece, vá lá saber-se porquê.
A Camarinheira (Calema album) é única na Península Ibérica, principalmente na costa atlântica de Portugal e não é conhecida em qualquer outro ponto do planeta. É fácil de identificar entre Julho e Setembro, quando o pequeno arbusto de finas agulhas se cobre de pérolas brancas translúcidas, doces e ácidas, com um sabor único e inconfundível.
Quando hoje passeamos pela marginal da Nazaré ou pelo Sítio, já só vemos uma infinidade de vendilhões que nos tentam impingir tremoços, pistáchios, pevides e coloridas guloseimas todas iguais. Ainda há bem poucos anos eram vendedores de camarinhas, que no Verão se vendiam como se de amendoins se tratasse, vindas dos pinhais costeiros que acompanham a estrada florestal de Pedrógão a S. Pedro de Muel e à Nazaré. Também são frequentes, e também desprezadas, do Meco ao Portinho da Arrábida e da Comporta a Melides, sempre sob os pinheiros mais junto à praia.
De sabor fresco, doce e acídulo, a humilde camarinha presta-se a ser comida assim, um verdadeiro prazer, e ainda a compor uma magnífica geleia agridoce para acompanhar carnes assadas, iguaria típica da Figueira da Foz, também ela em vias de extinção.
Este ano as camarinheiras estiveram (ainda estão!) exuberantes, belas como miniaturas de alguma árvore de natal de exigente design. Se passar por elas numa duna à beira mar, não hesite: não há nada de perigoso parecido com uma camarinha; colha as bolinhas, deixe os ramos para voltar a tê-las para o ano e, depois de comer as que quiser, faça com o restante a deliciosa geleia de camarinha.
Ingredientes:
Camarinhas
Açúcar
Gotas de sumo de limão
Preparação:
Lave as camarinhas, pese-as, cubra apenas com água e leve a cozer por alguns minutos. As bolinhas brancas tornam-se translúcidas, rosadas e por fim desfazem-se libertando as sementes escuras. Passe por um passador de rede, ajudando com uma colher para retirar as sementes e apurar a polpa. Deixe reduzir até ter de novo o peso inicial das camarinhas e junte esse peso menos um terço de açúcar e umas gotas de sumo de limão.
Deixe ferver um pouco e enfrasque a ferver. Guarde no frigorífico e, na altura de usar, se for com carne, misture com um pouco de vinagre balsâmico.
Notas:
Esta geleia pode ser aromatizada com gengibre, sálvia, casca de limão ou tangerina, noz moscada, pimenta, etc., misturadas na altura da adição do açúcar.
Por uma questão estética, para não ficar tão monótona e cor-de-rosa, reservo algumas camarinhas que só adiciono depois da passagem pelo passador, de modo a ficarem algumas sementes a enfeitar.
A Camarinheira (Calema album) é única na Península Ibérica, principalmente na costa atlântica de Portugal e não é conhecida em qualquer outro ponto do planeta. É fácil de identificar entre Julho e Setembro, quando o pequeno arbusto de finas agulhas se cobre de pérolas brancas translúcidas, doces e ácidas, com um sabor único e inconfundível.
Quando hoje passeamos pela marginal da Nazaré ou pelo Sítio, já só vemos uma infinidade de vendilhões que nos tentam impingir tremoços, pistáchios, pevides e coloridas guloseimas todas iguais. Ainda há bem poucos anos eram vendedores de camarinhas, que no Verão se vendiam como se de amendoins se tratasse, vindas dos pinhais costeiros que acompanham a estrada florestal de Pedrógão a S. Pedro de Muel e à Nazaré. Também são frequentes, e também desprezadas, do Meco ao Portinho da Arrábida e da Comporta a Melides, sempre sob os pinheiros mais junto à praia.
De sabor fresco, doce e acídulo, a humilde camarinha presta-se a ser comida assim, um verdadeiro prazer, e ainda a compor uma magnífica geleia agridoce para acompanhar carnes assadas, iguaria típica da Figueira da Foz, também ela em vias de extinção.
Este ano as camarinheiras estiveram (ainda estão!) exuberantes, belas como miniaturas de alguma árvore de natal de exigente design. Se passar por elas numa duna à beira mar, não hesite: não há nada de perigoso parecido com uma camarinha; colha as bolinhas, deixe os ramos para voltar a tê-las para o ano e, depois de comer as que quiser, faça com o restante a deliciosa geleia de camarinha.
Ingredientes:
Camarinhas
Açúcar
Gotas de sumo de limão
Preparação:
Lave as camarinhas, pese-as, cubra apenas com água e leve a cozer por alguns minutos. As bolinhas brancas tornam-se translúcidas, rosadas e por fim desfazem-se libertando as sementes escuras. Passe por um passador de rede, ajudando com uma colher para retirar as sementes e apurar a polpa. Deixe reduzir até ter de novo o peso inicial das camarinhas e junte esse peso menos um terço de açúcar e umas gotas de sumo de limão.
Deixe ferver um pouco e enfrasque a ferver. Guarde no frigorífico e, na altura de usar, se for com carne, misture com um pouco de vinagre balsâmico.
Notas:
Esta geleia pode ser aromatizada com gengibre, sálvia, casca de limão ou tangerina, noz moscada, pimenta, etc., misturadas na altura da adição do açúcar.
Por uma questão estética, para não ficar tão monótona e cor-de-rosa, reservo algumas camarinhas que só adiciono depois da passagem pelo passador, de modo a ficarem algumas sementes a enfeitar.
Bem, agora fiquei burro. Lembro-me de andar a apanhar camarinhas (que boas que eram), mas nunca me tinha passado pela cabeça que se fizesse geleia com elas (ainda por cima vivi na Figueira da Foz durante três anos e nunca ouvi falar, devia andar a dormir). Receita anotada.
ResponderEliminarÉ verdade ! Não as conheço pessoalmente ( pelo menos por enquanto!) mas que são pérolas, ah,são mesmo !
ResponderEliminarLuís, esta verificação de palavras daqui está parecendo uma aula de alfabetização, rsrsrs!!
A relação da geleia com a Figueira e a carne assada, só a descobri por acaso, depois de ter tentado, e conseguido, fazer uma geleia de camarinhas para por no pão ao pequeno-almoço. Claro que pensei logo ser invenção minha, logo desiludido quando fui ver o nome latino das ditas e deparei com http://www.gastronomias.com/portugal/beira_litoral021.html . Claro que eu já devia saber que já está tudo inventado! :-)
ResponderEliminarQue engraçado, também eu apanhava camarinhas no pinhal de Caminha e não sabia o que fazer com elas :)
ResponderEliminarE geleia de camarinhas com flor de sabugueiro? tenho de experimentar esta mistura.
ResponderEliminarTantas camarinhas comi apanhadas nas dunas de Moledo do Minho, tantas diarreias apanhei por as colher e comer quentes, mas nunca me passou pela cabeça fazer culinária com elas. Já anotei a receita, obrigado, venha a época de as colher.
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