Faz parte da "linha editorial" deste blog, como é dito aqui ao lado no cabeçalho, que não serão feitas transcrições de outros blogs.
Hoje é a excepção!
O texto que a seguir transcrevo é demasiado importante para ser calado ou ignorado. Chama-se "Vergonha", foi hoje publicado no Correio-Mor, um blog ligado aos Correios, por Raul Moreira. Fala de uma ignomínia abjecta que nos diz respeito, a todos e, por maioria de razão, a nós que falamos alegremente de comida:
"Uma reportagem de Lisa Schlein (Voice of America) fazia-se eco deste facto incrível anunciado pela FAO-ONU : atingimos , em Junho de 2009, mais de mil milhões de pessoas com fome neste mundo !
Um sexto dos habitantes mundiais - sobretudo em África e na Ásia - passa fome regularmente.
"A new report found more than one billion people around the world are going hungry. The report by the UN's Food and Agriculture Organization or FAO blamed the global economic crisis and high food prices for pushing a record number of people into hunger. According to the FAO report, one-sixth of all people on earth are going hungry. It said almost all of the billion people who are not getting enough to eat live in developing countries. The Director of FAO's Agricultural Development Economics Division, Kostas Stamoulis, said it is the first time in human history that there are so many hungry people in the world. He said this should not be happening because a lot of the world is very rich despite the economic crisis. So what is happening, he said, contradicts what historically has happened."
"Eu não tenho capacidade para medir a fome de mil milhões de pessoas..." Como muito bem refere hoje no "Público" José Victor Malheiros na sua coluna habitual, ao escrever sobre este facto vergonhoso.
Mas basta pensar apenas numa criança ou num velho, mais perto de nós do que poderíamos imaginar, que vasculhe numa lixeira os restos de alguma lata de comida para nela enfiar os lábios gretados e a língua seca, para nos deixar na mente uma pálida ideia do que aquele número obsceno pode significar no dia-a-dia...
Numa altura em que existe riqueza desmesurada que vive ombro a ombro com a mais esquálida miséria, não sirva a "Crise" de desculpa para os ricos fecharem ainda mais os olhos e distrairem-se com ocupações de classe alta em "resorts" construídos ao lado das favelas..."
in Correio Mor - 1 de Julho de 2009
Concordo a 100% com tudo o que escreveu. Que sociedade lamentável, a nossa. :-(
ResponderEliminarJá alguma vez ouviu o CD da nossa aberração da natureza nacional - aka José Castelo Branco? Intitula-se "Não há crise"... É de ficar enojado...
Elvira,
ResponderEliminarNão conheço o CD mas não custa nada a imaginar...
A verdadeira questão é, no entanto, outra: a aberraçãozinha é um fait divers como qualquer outro dos muitos que por aí andam mas que, de facto, são os produtos que "vendem"! Ou seja, não são a aberração, os Malucos do Riso ou os debates e programas jet-cor-de-rosa de vómito que existem por si mas antes que são o espelho de quem os "consome", promove e mantém, nós, enquanto colectividade.
...é bem verdade que qualquer povo tem exactamente os tiranos (e as aberrações) que merece!
Otimo que tenha publicado. Senti muita indignacao quando li.
ResponderEliminarQuanta manipulacao nesse mundo afora.