sexta-feira, 22 de outubro de 2010

3 notas açoreanas

.................. À parte os aspetos paradisíacos que nos vão sendo lembrados em cada campanha de "Faça férias cá dentro", os Açores continuam a ser uns ilustres desconhecidos de quem se fala de vez em quando e nem sempre pelas melhores razões.
Quanto a produtos gastronomicamente interessantes, vamos sabendo da sua existência através de relatos e crónicas de ilhéus "militantes", válidos do ponto de vista cultural mas quase sempre estéreis do ponto de vista prático e sempre, ou quase sempre no modo pretérito, recordações de antanho, experiências gustativas só experimentáveis in loco; na prática chegam-nos dos Açores quantidades residuais de conservas, pouquíssimo chá, meia dúzia de lácteos de boa qualidade (leite, natas e manteiga) e o queijo que tendo já sido ex-libris gastronómico daquelas ilhas, corre hoje as ruas da amargura numa mediania às vezes a roçar a mediocridade e a trazer à memória a lembrança de queijos únicos como os curados de S.Jorge que, era eu jovem, pediam meças e ganhavam a muito Cheddar e Parmesão.
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Deixo-vos hoje aqui nota de três produtos que tentam sair do âmbito local e ganhar um lugar nacional. Sinceramente, não me parece que tenham (exceto a conserva, se entrar no nicho gourmet), a necessária força anímica para o feito, o que é pena pois estamos em presença de produtos de uma qualidade bem acima da média:
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O Chá Porto Formoso, de S.Miguel, é o segundo a atravessar o oceano, depois de muitos anos em que por aqui se pensava que o (também excelente) Chá Gorreana era o único dos Açores.
Esteve à venda no Lidl (e já não está) um pekoe excelente, às vezes a lembrar o orange pekoe, dado o aroma e o grading apresentado.
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A ventresca é o suprasumo de um atum, uma região gorda e incrivelmente saborosa que sai, como o nome indica, do abdómen e que se ia antigamente comer a uma tasca na Buraca, cozida a partir de peças salgadas que vinham em barricas de madeira, um espanto.
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A conserveira Santa Catarina, de S.Jorge, fez chegar ao mercado uma conserva de ventresca em azeite que é uma experiência gustativa inolvidável e, apesar da ventresca ser um produto eminentemente gourmet, a um preço "democrático".
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A terceira nota para assinalar um grande queijo.
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Oriundo da Graciosa, cheio de aromas e complexidades gustativas a lembrar um bom Cheddar de um ano e também o aroma de Emmental, este Ilha Graciosa Reserva, da Companhia dos Açores,
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com a sua textura granulosa com "cristalizações" a atestar os 9 meses de cura ao ar que anuncia, passa despercebido numa prateleira modesta do Jumbo, a preço muito acessível e a merecer vôos bem mais altos.

2 comentários:

  1. Caro Luís,

    Obrigada pelo destaque - mais que merecido - feito a uns produtos regionais notáveis, de facto. Temos muitos produtos açorianos acima da média, mas são infelizmente pouco divulgados lá fora (as produções também são pequenas). Citaria também algumas frutas como o ananás de São Miguel ou as meloas de Santa Maria e da Graciosa. As conservas de "curtume" (os "pickles" açorianos), os vinhos doces da Terceira (Chico Maria), os licores e os vinhos do Pico, o queijo do Pico, as manteigas, os doces e compotas de frutos pouco comuns e tantas coisas mais! :)

    Obrigada! :)
    Um abraço da Terceira.

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  2. Tem razão. Nos Açores temos produtos fantásticos pouco divulgados, Chamo a atenção para as compotas e pimenta moida do "Quintal dos Açores", para o licor de maracujá, que fica excelente em vários molhos (de S. Miguel), para o queijo Castelinhos (da Terceira), para a aguardente "Terra do Conde", da Graciosa... enfim... é só vir cá e provar de tudo um pouco.
    Susana

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