............................ A tinta com que o choco e muitos outros cefalópodes confundem e afugentam os seus predadores, tem um uso culinário tudo menos consensual, sendo as mais vulgares as posições extremadas de ódio ou amor pela negra e inofensiva melanina, pigmento que afinal todos temos e que é responsável pela cor do cabelo, da pele, pelo bronzeamento, etc.
Para além do tradicional choco grelhado com tinta, o uso culinário da tinta de choco é muito reduzido entre nós, começando a haver umas tímidas incursões pelas pastas negras e pouco mais, ao contrário das cozinhas europeias que, mais ousadas, há muito a adotaram, sendo vulgar a existência da tinta à venda em carteirinhas ou frascos nos supermercados.
Como por cá não há, resta-nos aproveitar a tinta natural e sem tratamentos que existe em todos os chocos frescos e que é muito fácil de obter, como vos disse há poucos dias, aqui.
Para lá da delicadeza de sabor que empresta aos molhos e alimentos que tinge, a violência visual dos contrastes formados pelo negro brilhante com os outros ingredientes constitui também uma fruição estética não desprezível e que decidi aproveitar ao máximo nesta 22ª Trilogia com a Ana e o Cupido, subordinada ao tema Massada!
Ingredientes:.
1 choco médio (750g)
1 cebola1 dente de alho
3 colheres de sopa de azeite
200ml de nata
Tinta do choco
Conteúdo dos sacos castanhos do choco
Sal e pimenta
Coentros frescos
250g de Fusilli.
Preparação:
.Amanhe o choco em casa como lhe disse aqui, reservando o saco de tinta e os sacos castanhos.
Refogue no azeite a cebola e o alho, picados muito fino, até a cebola começar a ganhar cor. Retire do lume, adicione um copo de água fria e junte então o choco em tiras. Volte ao lume, tempere de sal e pimenta, junte o conteúdo dos sacos castanhos do choco e deixe a fervinhar, tapado, por cerca de uma hora ou até o choco estar tenro a seu gosto. Quando o choco estiver tenro, destape e aumente o calor para evaporar o resto da água. Junte então as natas e volta ao lume, mexendo sempre até terem uma espessura cremosa, altura em que rompe o saco da tinta e deixa cair o seu conteúdo. Ferva ainda por dois ou três minutos, mexendo bem, e sirva sobre fusilli de boa qualidade, cozidos al dente em água com sal, polvilhado o conjunto com coentros frescos.Momentos após, claro que toda a massada está já "contaminada" e .... deliciosa.
Surpresa mesmo esta tua massada... pela forma como usaste a tinta do choco e também pela adiçáo das natas.
ResponderEliminarFizeste 1 dia das bruxas em Abril!
Beijinhos e diz a próxima.
Uma deliciosa sugestão que já tive oportunidade de provar. Fiquei a matutar fazer massa com farinha integral e tinta de choco.
ResponderEliminarCaro RM,
ResponderEliminarO bife Wellington é na verdade um must que ainda estou para saber como conseguiu aparecer no meio da "amarelada" cozinha britânica, tão pobrezinha em geral, coitada.
Não poderei fazer-lhe esse gosto por duas razões: uma receita específica é algo que não me dá grande gozo a fazer (dará a comer mas isso é outra coisa), trata-se apenas de execução,e nestas trilogias tento sempre que o tema seja genérico e abrangente para que a Ana, o Cupido e eu próprio possamos improvisar e criar.
A segunda razão é porque eu já tenho publicada uma variação "minha" sobre o Wellington aqui no Outras Comidas, que por acaso, apesar de soar a fanfarronice, ficou uma maravilha. Veja http://outrascomidas.blogspot.com/2008/06/bife-do-acm-em-folhado-com-roquefort.html
Gostei dessa inversão do uso da tinta por cima da massa, em vez de ser na massa, ela mesma, como se vê nos blolgues de deslumbramentos quando toda a gente se deslumbra por ter tentado estrelar um ovo e a coisa sai mal. Nada a fazer, faz-se um semi-frio de cuajada ou um cheese-cake de hortelã e cita-se a tigela :)
ResponderEliminarE para a semana teremos algo tão bom como o milho :)