Nunca percebi bem esta coisa de chamar “frutos do mar” aos mariscos, provavelmente mais um exemplo da velha mania das traduções mal pensadas das expressões usadas pela “cuisine”: em francês diz-se fruits de mer para designar mariscos e nós lá passámos a chamar frutos do mar aos mariscos (como chamamos abacaxi ao ananás!) apesar de ser expressão que, na nossa língua, não faz sentido nenhum.
Mas o certo é que pegou, ficou e hoje é até o tema para esta 41ª trilogia com a Ana e o Cupido e ao mesmo tempo recomeço da atividade, ao vivo, do Outras Comidas após as férias alentejanas. E como se vem ainda com o balanço desta nossa cozinha montemorense em que o pão é rei, nada melhor que uma açorda de camarões, no plural porque se usaram duas variedades, uma para enfeitar e outra para comer, que nestas coisas do marisco, encher o olho pesa na carteira e não no sabor.
Ingredientes:
Camarão pequeno, congelado em cru (usei de aquacultura)
Camarão grande, congelado em cru
Pão duro
Azeite virgem
Alhos
Alhos
Sal e pimenta
Salsa
Salsa
Preparação:
As açordas de camarão, e as de marisco em geral, são peças culinárias de grande simplicidade mas que exigem uma execução muito cuidada em todos os aspetos da preparação; cozimento em condições deficientes do marisco, muito sal na sua cozedura, pão demasiado encorpado (ao contrário da maioria das açordas, aqui quer-se pão fino), alhos muito fritos, marisco pré-cozido e, mais que tudo, a pressa, podem arruinar, e arruínam amiúde, a mais bem intencionada das açordas.
Cubra os camarões previamente descongelados com água fria temperada com pouco sal,
leva ao lume e, mal comece a borbulhar junto à parede do tacho, apague o lume, tape e espere alguns minutos.
Retire-os da água, descasque os pequenos e reserve o miolo. Separe os camarões grandes e introduza-os em água fria bem salgada durante cerca de meia hora, para que tomem sal.
Parta em pedaços pequenos as cascas e cabeças, com o auxílio de uma faca e ponha os pedaços de novo ao lume na água onde tinham cozido, agora em lume mínimo, com tampa e durante uma hora.
Passe o caldo de cozedura por um passador de rede e, com ele, regue o pão que deve ficar bem encharcado. Se o caldo for insuficiente, use água para acrescentar.
Leve o azeite ao lume baixo e coza nele os alhos, em fatias finas, sem deixar alourar.
Vaze então sobre este azeite o pão encharcado e mexa ocasionalmente com colher de pau, primeiro com lume forte até levantar fervura, junte metade da salsa picada e deixe com lume mínimo durante 40-60 minutos, durante os quais vai sempre mexendo a açorda e acrescentando água se necessário.
A açorda está cozida quando desaparecem todos os vestígios do pão que a originou e toma um aspecto liso, brilhante e translúcido.Prove e retifique o sal e pimenta.
Apague o lume e junte os camarões descascados.
Envolva, tape e deixe um minuto a trocar sabor e a baixar a temperatura do creme. Passe para o prato de serviço, decore com os camarões grandes e a salsa picada,
Uma verdadeira iguaria da cozinha alentejana,
ResponderEliminarUm abraço
Estou aqui a babar com esta tua açorda... e à sobremesa marchavam as farófias aqui em baixo que só me lembram nuven/rocha...
ResponderEliminarBeijinhos.
Gostei muito de encontrar o seu blogue. Parabéns. Tomei a liberdade de lhe roubar uma foto, com a devida referência para a sua autoria e blogue. Obrigada e parabéns:)
ResponderEliminarEstás um mestre açordeiro e eu tenho que agradecer, já que foi graças às tuas açordas que eu me rendi às ditas.
ResponderEliminarPara mim seria com coentros em vez de salsa. Mas está muito apetitosa.
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