domingo, 27 de novembro de 2011

Macrolepiota procera (uma tempura deliciosa)

        Macrolepiota procera é o nome de um dos mais deliciosos cogumelos silvestres, bastante abundante e com características morfológicas que permitem a recolha sem grandes possibilidades de confusão com espécies venenosas ou tóxicas.
Uma caminhada matinal pela magnífica ecopista que aproveita o traçado do antigo ramal de caminho de ferro desactivado, entre as estações da C.P. de Torre da Gadanha e Montemor-o-Novo,
 resultou na observação e fotografia de muitas espécies micológicas e na recolha* destes belos exemplares de Macrolepiota.
Este fungo delicioso e que aparece, por vezes abundante, em todo o Sul da Europa, presta-se a inúmeras preparações culinárias, desde simplesmente grelhados e com um fio de azeite até exigentes arrozes e guisados.
Optei por experimentar uma receita muito usada em Espanha, as “macrolepiotas rebozadas”, que não é mais que uma tempura destes cogumelos e que fizeram do jantar de sábado uma festa para o palato.

Ingredientes:

Exemplares de Macrolepiota procera
Polme de tempura (como para peixinhos da horta)
Azeite refinado para fritar

Preparação:

Raspe as escamas castanhas que enfeitam todo o chapéu dos macrolepiotas e limpe-o com uma esponja húmida mas não molhada; nos exemplares mais adultos, que têm o chapéu totalmente estendido, é por vezes possível arrancar uma película exterior, expondo a carne branquíssima do interior, mas isso é impossível e não vale a pena nos exemplares mais jovens (chapéu mais fechado ou curvo). Corte e rejeite a elevação central, castanha.
 Rejeite também todo o pé, que é fibroso e coriáceo e parta o chapéu em pedaços.
Faça um polme como se fora para peixinhos da horta, com ovos, sal, farinha com fermento e água e deixe descansar por meia hora.
Passe os pedaços de macrolepiota por este polme e frite-os em azeite até estarem louros.
Escorra-os em papel absorvente e sirva de imediato com uma salada, um arroz ou simplesmente como petisco, com pão e um bom vinho.
Os espanhóis, inventores deste modo de comer macrolepiotas, costumam aconselhar vivamente lavar bem as mãos antes de comê-los, pois por certo se acaba chupando os dedos!

Notas: * Não é difícil identificar o Macrolepiota procera e, desde que siga estes conselhos à risca, pode colhê-los sem medo e transformar um passeio outonal pelo campo numa divertida caça a um belíssimo e gratuito petisco.
O aspecto do Macrolepiota procera é este da foto que se segue, nos 3 estádios do seu desenvolvimento.

Se vir cogumelos com este aspecto e cujo chapéu tenha um diâmetro SUPERIOR a 10cm e o anel à volta do pé seja móvel, isto é, que seja possível deslocá-lo ao longo do pé, então está perante o Macrolepiota.
O cuidado a ter é com os Lepiotas, muito parecidos de aspecto mas muito mais pequenos e com o anel fixo, alguns tóxicos e um  mortal. No entanto, desde que se abstenha de colher exemplares pequenos (estes tóxicos são sempre pequenos e o macrolepiota é sempre enorme!), nunca correrá qualquer perigo.
Não mexa em cogumelos que não conhece, não os colha, não os transporte junto com os exemplares comestíveis como o Macrolepiota procera.
Não se esqueça que todos os cogumelos são comestíveis, mas alguns só uma vez e que não existe NENHUM truque para verificar a toxicidade, a não ser conhecer rigorosamente a espécie em questão e aquelas com que se pode confundir.
  

1 comentário:

  1. Ai, que inveja Luís!!!!
    «Não se esqueça que todos os cogumelos são comestíveis, mas alguns só uma vez...»: esta é que é a frase
    da verdade verdadinha...
    Não apanho cogumelos selvagens desde os tempos de Fontanelas... saudades!
    Beijinhos.

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