A época
dos belíssimos espargos bravos, ou selvagens, está aí e não sabendo ir
apanhá-los ao campo, é encontrá-los nas feiras e mercados da província e também
nos mercados de produtos biológicos nas cidades.
Apesar de eu até
ter bastantes espargueiros sob as oliveiras do meu olival alentejano, como
agora só lá vou em fim de semana, o certo é que raramente os apanho (porque
algum bicho de duas ou quatro pernas os apanhou primeiro) e estes que aqui hoje
vos mostro vieram da feira de produtos biológicos que se realiza todos os
sábados, em Algés.
Esta criação, que resultou da contribuição de diversas
receitas e de uma ideia, foi experiência totalmente bem sucedida e posso dizer
que superou até as minhas próprias expectativas.
Recomendo vivamente.
Ingredientes:
Pão frito em croûtons
pequenos
Espargos selvagens
Dentes de alho
Ovos
Banha de porco* (ou outra gordura a gosto ou necessidade)
Natas culinárias** (ou natas de soja, ou água)
Sal e pimenta
Acompanhamento a gosto
Preparação:
Corte pão duro em cubos muito pequenos (como um bago de
milho)
e frite-os em azeite, em lume esperto para não se embeberem de gordura,
até estarem louros.
Escorra bem e reserve.
Divida mentalmente os espargos em quatro partes, corte a
primeira do lado da cabeça e reserve assim inteira. Corte as segunda e terceira
partes em rodelas com poucos milímetros e rejeite a quarta e última secção.
Salteie durante alguns segundos, apenas o suficiente para
lhes quebrar o viço cru, as pontas de espargo em banha* e dois ou três dentes
de alho, laminados e salpicadas de sal e pimenta.
Retire as pontas, reserve-as
e salteie na mesma gordura* o resto do espargo em rodelas, durante dois a três
minutos. Retire e reserve também.
Bata os ovos ( dois
a três por pessoa, conforme o tamanho) com sal, pimenta e uma colher de sopa de
natas** por cada dois ovos.
Vaze os ovos na frigideira, que deve ter um fundo bem
espesso ou ser de cobre, Eva sempre mexendo muito bem, sem qualquer paragem ou
desatenção. Se não tiver o utensílio que indiquei, será melhor optar por
banho-maria.
Os ovos cremosos sem qualquer grumo são uma execução
técnica demorada e difícil, apesar do que se diz de “saber mexer um ovo” e não
se compadece com pressas. Conte com cerca de quinze minutos, contínuos, para
mexer seis ovos.
Quando os ovos tiverem atingido a consistência de molho
holandês ou iogurte batido, estão prontos e deve retirar de imediato a
frigideira da fonte de calor e passá-la para uma pedra onde possa dissipar o
calor acumulado.
Junte então as rodelas de espargo e os croûtons e
envolva-os no ovo cremoso.
Sirva a seu gosto, de imediato e com as pontas de espargo
por cima do ovo.
Notas:
* A banha de porco é, para mim, a
gordura de eleição para omeletas e ovos mexidos, mas sendo uma gordura
problemática em termos dietéticos e de saúde, claro que não virá mal ao mundo e
o seu prato ficará ainda muito bom se a substituir por manteiga clarificada,
óleos ou azeite, margarinas dietéticas (não light), etc.
** Tal como se disse para a banha, assim para as
natas que, sendo preciso, se podem substituir por natas de soja, leite ou até
água. De facto, esta inclusão tem por fim facilitar o trabalho exigente de
mexer ovos cremosos. Eles podem fazer-se sem nada mas aumenta a dificuldade em
evitar a formação de grumos.
E agora faz-se por
aqui uma pausa (apenas interrompida pela Trilogia de Quarta-feira) até ao
próximo dia 7 de Maio, tempo em que a minha casa e férias (sem gadjets virtuais!) serão a belíssima e
amada região Galaico-Duriense.
Até lá!
Caro Luís,
ResponderEliminarParece um prato apetitoso. Tentarei experimentar.
Tendo feito ovos mexidos apenas uma vez até hoje, gostaria de saber se tem algum comentário relativamente às recomendações de certos Chefs que referem que o ovo deve entrar inteiro na frigideira e que só devem ser temperados na fase final do prato.
Aproveito para também desejar-lhe umas óptimas férias :)
Um abraço
Me parece excelente para um desjejum. Vou certamente experimentar.
ResponderEliminarUm abraço
João Mario
Caro Jorge,
ResponderEliminarNenhuma comida DEVE ser feita desta ou daquela maneira, a menos que desejemos comer a comida deste ou daquele chefe.
Neste blogue tento passar a mensagem de que a comida deve ser sempre a que nós mais gostamos: eu não gosto desses pretensos ovos com meia dúzia de voltas que os chefs incensam mas que são na verdade bastante pobrezinhos, para o meu gosto claro. Naturalmente também percebo que quem tem uma cozinha profissional para gerir não pode pactuar com ovos mexidos que levam 20minutos a fazer...
Caro Luís, obrigado pela resposta.
ResponderEliminarEstando ciente da sua filosofia, o comentário que lhe pedi dizia apenas às implicações da técnica, não querendo entrar nessas discussões que a comida ter de ser feita da forma X ou Y.
Mas de facto, o ponto que fez sobre a duração da elaboração do prato é um ponto a ter bem conta.
Bom regresso ao trabalho :=)
um abraço