Chutney é
a designação anglo-saxónica para um acompanhamento sofisticado que teve origem
numa infinidade de condimentos ou molhos agridoces, feitos literalmente à base
de tudo e ainda hoje omnipresentes nas cozinhas do sub-continente Indiano,
sendo chamados chetnim na cozinha
goesa e chatni no resto da Índia.
O chutney
europeu perdeu um pouco o aspecto desfeito dos seus ancestrais indianos e
tornou-se num acompanhamento em conserva, feito de frutos e legumes numa
base agridoce de sabores muito fortes e surpreendentes e em cuja confecção podemos deixar
voar a nossa criatividade, um pouco como o enólogo que imagina um vinho
enquanto o desenha através da escolha das castas e de todo o processo que se
seguirá, até ao nascimento do novo néctar.
Quando num dos posts
de abertura deste blog, há já cerca
de quatro anos, vos falei pela primeira vez deste tema (Chutney de pimentos e ananás), disse-vos, falando das virtualidades
do envelhecimento de um chutney: “Pelo contrário, se na verdade nada se passa
aos 2 a 3 meses, se deixar passar sobre um chutney o número necessário de
anos (conserve ao abrigo da luz se o frasco for claro), obterá algo de
indescritível, talvez só comparável a um vinho excelente que se teve a
paciência e usura de deixar envelhecer.”
Tenho ainda dois pequenos boiões desse chutney de 2008 e o último que abri, por altura
do Natal de 2011, estava esplendoroso.
Hoje farei um chutney
de maçã, já que é o tema desta 82ª Trilogia com a Ana e o Amândio, que irá
engrossar as fileiras dos diversos chutneys
que tenho a envelhecer e penso abrir este lá para o Outono, talvez com uma
vitela assada, talvez com umas codornizes estufadas, talvez com…
Ingredientes:
2 maçãs Reineta
6 maçãs Granny Smith
1 nabo grande
2 cebolas
3 dentes de alho
1 pimento vermelho
1 pimento verde
1 tomate maduro mas firme
1 tomate verde
1 pedaço de gengibre fresco em cubinhos
200g de sultanas
1 copo de mel
1 copo de vinagre de sidra
1 copo de vinho branco
Sal marinho grosso
Pimenta preta em grão
Cravinho
Preparação:
Coza as maçãs reinetas em água, escorra-as e reduza-as a
puré com um garfo. Reserve.
Corte as maçãs Granny Smith em cubos, envolva-a bem no mel, espere cerca de uma hora e leve-as ao lume no mel durante cerca de dez minutos. Escorra e reserve.
Leve ao lume o mel onde cozeu as maçãs, juntamente com o sal, pimentas, cravinhos, gengibre, sultanas, vinagre e vinho.
Deixe reduzir até cerca de um terço do volume.
Corte as maçãs Granny Smith em cubos, envolva-a bem no mel, espere cerca de uma hora e leve-as ao lume no mel durante cerca de dez minutos. Escorra e reserve.
Leve ao lume o mel onde cozeu as maçãs, juntamente com o sal, pimentas, cravinhos, gengibre, sultanas, vinagre e vinho.
Deixe reduzir até cerca de um terço do volume.
Junte então os alhos, cebola em gomos, pimentos em tiras e
nabo e tomates em cubos
e deixe cozer por cerca de dez minutos ou um pouco menos, se os pedaços estiverem pequenos..
e deixe cozer por cerca de dez minutos ou um pouco menos, se os pedaços estiverem pequenos..
Junte por fim o puré de maçã e a maçã cozida em cubos,
envolva bem, deixe levantar fervura e passe imediatamente* para frascos de vidro recém-fervidos e ainda bem quentes, que deve fechar de imediato com tampas de metal ou de vidro com junta de borracha.
Nota:
* É voz corrente nas receitas, a recomendação de deixar arrefecer o chutney antes de enfrascá-lo. Como é evidente, este mito culinário é totalmente injustificado e reduz drasticamente o tempo de conservação de um chutney que, seis meses depois estará seguramente inquinado.
envolva bem, deixe levantar fervura e passe imediatamente* para frascos de vidro recém-fervidos e ainda bem quentes, que deve fechar de imediato com tampas de metal ou de vidro com junta de borracha.
Nota:
* É voz corrente nas receitas, a recomendação de deixar arrefecer o chutney antes de enfrascá-lo. Como é evidente, este mito culinário é totalmente injustificado e reduz drasticamente o tempo de conservação de um chutney que, seis meses depois estará seguramente inquinado.
Com esta operação a decorrer nos 100ºC obtém-se uma
conserva que, abrigada da luz, poderá envelhecer por muitos anos, dado que se
produz, na prática, um fecho estéril e a vácuo.