Ao contrário do que nos vão
impingindo os chefs cozinheiros
mediáticos com os seus shows,
concursos, caldos knorr ou eventos em
supermercado suburbano, no vasto mundo virtual dos blogs gastro-culinários podem encontrar-se alguns blogs
excepcionais onde cozinhar adquire todo o seu significado no que
respeita a sensibilidade, criatividade, inovação e também respeito pelos pratos
que, sendo de outros tempos, permitem tudo isto. Blogs como O Avental do
Gourmet, Ardeu a Padaria, O Senhor Prendado ou O Fogão do Kuka levaram não só a
arte culinária que lhes está na génese como também as capacidades de partilha e
pedagógica a níveis de verdadeira excelência, apenas para citar alguns que
sendo de referência estão hoje já inactivos e não correndo assim o risco da
suprema deselegância de deixar alguém esquecido.
Foi a partir de uma receita
publicada há já sete anos num destes blogs,
O Fogão do Kuka, por sua vez espelho de uma receita regional do Sotavento
algarvio, que parti para uma recriação de uma forma pouco comum de confeccionar
a raia, animal que apesar de ter passado por ameaças graves devido a
sobrepesca, teve os stocks
estabilizados e aumentados pela aplicação da legislação restritiva implementada
pela Comissão Europeia.
Vamos então a esta belíssima variação sobre a raia de
alhada, algo que, ao que se sabe, nunca terá sido feito por Henrique Sá Pessoa e que portanto
constitui a maior (e total) variação à sua comida, hoje nesta 157ª Trilogia em que eu e a Ana tivemos, a mando do Amândio, o tema “variações sobre HSP”!
Ingredientes:
Postas de Raia
Sal e pimenta
Azeite
Alhos
Preparação:
Parta a raia separando as asas
das cartilagens e vísceras do eixo do animal
e parta estas em postas segundo a
linha das finas cartilagens que lhes dão forma. Coza demoradamente as cartilagens e cabeça da raia, apenas cobertas com água temperada com sal. Retire então o peixe e, no caldo, coza por breves minutos as postas, retire-lhes a pele e reserve.
Numa tigela, misture a frio
azeite, vinagre, sal, pimenta, alhos moídos e um pouco do caldo onde ferveu
cartilagens e as postas.
Com varas de arame emulsione esta mistura e regue com
ela as postas de raia. Acompanhe com batatas cozidas, legumes, etc.
Bom dia. Parabéns pelo blog! Passo por cá todas as semanas, e já aprendi muito! Fiquei com uma dúvida nesta receita: o molho é feito a frio - mas todos os ingredientes ou quando junto o caldo de cozer a raia este pode estar quente? É que se esperar que esfrie, a raia esfria também! Desculpe a pergunta, mas adoro as suas receitas e não queria estragar. Cumprimentos, Helena.
ResponderEliminarObrigado amigo Luis por ter relembrado o "fogão do kuka".
ResponderEliminarUm abraço.
Adoro esta raia.
ResponderEliminarObrigada!
Beijo.
Mais uma das suas simples e deliciosas receitas. Obrigada.
ResponderEliminarNão vem a propósito desta receita, mas gostaria de lhe perguntar o seguinte:
Há dias passei por Alcobaça e vi, numa frutaria, um fruto do tamanho de uma noz grande, redondo, da cor das maçãs reinetas, e a parte de cima era parecida com a romã. Alguns estavam esmagados mas não consegui ver o interior. Tinha lá um papel com algo escrito, talvez «sorbes», ou «sorbo» algo parecido.
Conhece? Já ouviu falar?
O mais parecido que encontrei na minha pesquisa foi isto.
http://fr.wikipedia.org/wiki/Sorbus_aucuparia#Caract.C3.A9ristiques
Infelizmente não regressei ao local, mas fiquei com curiosidade.
Obrigada.
Cumprimentos. majo