Peixe humilde, a sarda foi,
juntamente com a sardinha, salgadas, e com os bacalhau e cação, secos, um dos
poucos peixes que foi utilizado na cozinha popular alentejana antes da chegada
das tecnologias de frio, nos anos sessenta do século XX.
As inúmeras recolhas e
publicações que entretanto trataram de canonizar a cozinha desta região, esqueceram os
parentes pobres, sarda e sardinha, que também deixaram de existir nas versões
salgadas e promoveram o cação, agora fresco e, claro, o bacalhau.
Fora desses roteiros normalizados
que se intitulam “tradicionais”, existe no entanto uma outra cozinha,
sobrevivente de épocas idas mas que teima em ressuscitar, mais ou menos
adaptada e evoluída, nas aldeias alentejanas e nos tachos anónimos de quem quer
lembrar sabores de infância e que, sem pompa nem luzes de ribalta, vai fazendo
no dia-a-dia a verdadeira cozinha tradicional.
Para fazer esta preciosa sopa de
sarda, que também se pode fazer com a “irmã” cavala, há que salgá-las previamente por 24 horas ou então comprar as que ainda sobrevivem na região
saloia, vendidas salgadas, aos pares (feira da Malveira).
Ingredientes:
Sardas salgadas (ou cavalas)
Azeite
Cebola
Tomate
Pimento
Alhos
Louro
Pão alentejano, duro
Coentros
Sal e pimenta
Preparação:
Amanhe o peixe e salgue-o com sal
grosso abundante. Deixe a salgar pelo menos por 24 horas, melhor por dois dias.
Ao fim do tempo de salga, deixe-o em água limpa durante uma hora por cada dia
de salga, coza-o em água sem sal
e reserve o caldo obtido.
Refogue em azeite
a cebola, o
tomate maduro (na sua falta, de lata), o pimento, dentes de alho, louro,
pimenta e os caules de um molho de coentros(reserve as folhas). Quando o tomate estiver desfeito e a cebola mole, acrescente o caldo, prove e rectifique o sal. Coza por uns minutos.
Junte por fim o peixe sem pele
nem espinhas, bem como as folhas dos coentros,
deixe apenas levantar fervura e
sirva a sopa de sarda sobre falhas de pão alentejano duro.
Durante muitos anos, só conhecia a sarda salgada. Dois dias de sal e depois cozida. Bela receita
ResponderEliminarE como se distingue a sarda da cavala?
ResponderEliminarPara mim parecem-me iguais e parece-me que os vendedores também não as distinguem. Dizem umas tretas que uma é mais azul que a outra ou que o desenho no lombo é mais ondulado numa que noutra e coisas no género.
A cavala é a "scomber japonicus" e a sarda, a "scomber scombrus".
Para a próxima compra irei munido de um kit para avaliação genética da espécie que estou a comprar. :D
Abraço e obrigado pelas suas publicações, Luís Pontes
Cruz Gaspar
A sua receita é tentadora, Luís, mas costumo fazer a receita minimalista:
ResponderEliminarFrescas, cozidas com batatas e temperadas com azeite, cebola em meias-luas e muita pimenta preta.
Cruz Gaspar
Há quanto tempo... vou experimentar
ResponderEliminarConfesso que já estava com saudades das suas postagens.
ResponderEliminarJá está na lista de compras.
abraço
Caro Cruz Gaspar,
ResponderEliminarTambém as como simplesmente cozidas, embora não dispense a salga prévia que, em minha opinião, valoriza muito o seu sabor e dá-lhe uma textura "atunada" que muito aprecio. Muitas vezes, as cavalas de que falo aqui ( http://outrascomidas.blogspot.pt/2013/12/cavala-salgada-saloia.html) são sardas. E vamos então à magna questão da diferenciação entre japonicus e scombrus que, como muito bem diz, nem a maioria dos vendedores sabe fazer. Mas faz-se! Em época magra, a sarda torna-se um peixe mais alongado que a cavala, esta mais roliça. Em época gorda tendem a ficar iguais e a única maneira de distingui-las é observando a parte superior da cabeça, entre os olhos, que na cavala é transparente, deixando à vista, sob a pele, a rede de vasos sanguíneos. Se essa pequena área for opaca como o resto do peixe, então, e mesmo que o vendedor jure a pés juntos que é cavala... é sarda!
Quem é vivo sempre aparece.... E ainda bem!
ResponderEliminarBem haja
antonio
Salivei, um prato muito apetitoso, que gosto assim mesmo com pão.
ResponderEliminarQue sugestão magnífica Luís!
ResponderEliminarAdoro sardas, cavalas e familiares e esta sua combinação de ingredientes, além de deliciosa e típica, dá água na boca a qualquer Português saudoso dos nossos temperos.
Bom fim de semana e obrigada pela partilha,
Lia
Experimentei hoje está receita, não sei se foi com japonicus ou com scombrus. Mas ficou bem.
ResponderEliminarNão usei pão alentejano, mas ficou bem na mesma.
Fiquei sobretudo satisfeita por ter descoberto mais uma maneira de comer este peixe.
Obrigada pela,partilha, Luís.