Nada melhorou neste aspecto desde
então!
De partes nobres que já foram, as
vísceras deixaram praticamente de aparecer à venda na maioria dos talhos
citadinos, alguma excepção para o fígado, cujas iscas ainda vão sendo
consumidas mais como petisco pitoresco do que como verdadeira comida.
Adepto incondicional de todas as
vísceras e das suas tão diversas utilizações, é o rim, esse órgão maldito entre
os demais, aquele que mais me seduz e que, tendo uma especial competência para
se ligar aos ovos aqui ficam estes rins de porco montados numa omeleta aberta.
Ingredientes:
Rins de porco
Ovos
Sal e pimenta
Alhos e louro
Vinagre e vinho, brancos
Banha de porco
Preparação:
Arranje, lave e parta em pequenos
cubos os rins e deixe-os por algumas horas numa marinada de vinho branco
acidulado com um golpe de vinagre, alhos, louro, sal e pimenta.
O rim não suporta bem muito tempo
de preparação. Aqueça bem banha numa frigideira, escorra os rins da sua
marinada e frite-os em lume muito forte
até se começar a formar uma abundante
quantidade de líquido.Retire-os logo, escorrendo-os. Leve então esse líquido juntamente com a marinada de novo ao lume, mas desta vez já sem os rins e deixe reduzir até que se forme um molho grosso e aromático que lembra o molho de iscas de fígado.
Retire do lume, misture de novo os rins, envolva e reserve.
Frite omeletas abertas
individuais (3 ovos cada), apenas de um lado
e quando a parte superior estiver
apenas cremosa, junte os rins correspondentes, espalhee deixe mais um pouco na frigideira com tampa para que agarrem ao ovo.
Sirva com o acompanhamento que
preferir.
* Saramago, Alfredo. Cozinha de
Lisboa e Seu Termo, Assírio e Alvim, Lisboa 2003.