Quando eu era miúdo pertencia à infame raça dos “esquisitinhos”, como diria a Anna.
Não que tivesse muita sorte, que esquisitice era coisa bem pouco encorajada por ali, mas contribuiu para que tivesse desenvolvido um gosto gastronómico essencialmente baseado em conceitos e preconceitos, ou seja, tornei-me um adulto que sabia muito bem aquilo de que gostava e de que não gostava. Nem era preciso experimentar!
Não sei quando é que se deu o “click” que me tornou aventureiro gastronómico, nem sequer se houve na realidade um momento preciso de viragem, mas foi já bem entrado nas quatro décadas que experimentei pela 1ª vez muitas das iguarias que hoje compõem o meu agora vasto universo de sabores e texturas disponíveis.
De fora estão ainda a pele de porco (couratos, chispe, orelha), a mão de vaca, a beringela, chambão e pouco mais.
Uma das coisas que só tardiamente conheci e que passaram de imediato aos lugares cimeiros da “lista das delícias”, foram as cabeças de peixe.
Hoje, que me tornei num verdadeiro amador dessa aventura sem igual pelas texturas, sabores, mistérios que cada cabeça encerra em ossos desconhecidos cheios de húmidas e intensas cavidades a pedir para serem longamente, suavemente chupadas numa orgia de novidade inalcançável nas outras partes lisas e ditas “nobres” do peixe.
Cherne, corvina, pescada, pampo, bacalhau, são expoentes de tipos únicos de cabeças que, depois de cozidas, transformam uma refeição num acontecimento.
Há quem coma tudo, deixando só mesmo as espinhas limpas. Eu ainda não como os olhos, vestígio por certo da antiga esquisitice, mas lá irei, oh se irei!
pois eu como olhos e tudo...
ResponderEliminaradoro uma boa cabeça de peixe cozida.
e quando são peixes assados no forno normalmente a cabeça é sempre para mim.
Pois é Luís eu nunca pensei vir a gostar de cabeças de peixe, como agora gosto... e eu não sou do clube dos esquisitinhos, lol!
ResponderEliminarOs meus pais adoravam as cabeças dos peixes (ainda discutem para ver quem fica com ela, quando não dá para os dois), só as comecei a comer por obrigação, quando casei, porque deitar fora era parvoíce.
Agora, são sempre para mim, só não gosto dos olhos e respectivo líquido...
Beijinhos, companheiro comedor de cabeças de peixes!
Uma cabeça de peixe cozida, não digo que não. Prefiro as de cherne (embora já não coma há algum tempo); as "caras" de bacalhau com todos são excelentes (num dia quente de verão com um belo Alvarinho a acompanhar), mas nada como uma massada de cabeça de tamboril...
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