sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"Mascarpone" amigo do ambiente

Se escrever “tiramisu” no google, obtém qualquer coisa como 4.520.000 entradas, das quais um terço correspondem a receitas deste maravilhoso doce italiano que, à força de estar na moda e ter-se tornado um doce global, já entrou na inevitável via de todos os pratos em voga, ou seja, foi sujeito a anos de simplificações, tipo “bacalhau à Brás com batatinhas de pacote”, sendo hoje raro encontrar um Tiramisu que não seja composto com os inevitáveis palitos Champagne, às vezes ainda chamados “la reine” vá lá saber-se porquê.

Houve quem, ao ler o post anterior, tivesse sido levado a pensar que eu era contra receitas originais o que, como quem me costuma ler bem sabe, está o mais longe possível da verdade: apenas penso que determinados purismos de ingredientes são totalmente despropositados, nomeadamente o uso de ingredientes absolutamente banais mas que, por serem para confeccionar uma receita de origem distante, se pensa que devam ser feitos com os ingredientes lá do sítio original.

O planeta não aguenta purismos destes!
É um pretensiosismo arrogante pretender que só se pode usar o processo “risotto” com o arroz cultivado em Itália.
É ridículo achar que deve usar requeijão italiano só porque a receita diz “ricotta”, quando nenhum ricotta chega aos calcanhares do requeijão de Seia ou São Romão. E “ricotta” é “requeijão” em italiano, mais nada!
Nada justifica que um simples requeijão venha viajar 3 ou 4000 km, envenenando o ambiente e encorporando uma quantidade enorme de energia suplementar desnecessária só para se chamar …… ricotta!

Como o próximo post será dedicado ao Tiramisu, mas sustentável, vamos agora ver de perto o que é o seu principal ingrediente italiano, o queijo mascarpone, e como evitar sem prejuízo do sabor, a utilização desse queijo cremoso italiano, afinal bem substituível.

O Queijo Mascarpone, que até nem é queijo, é, na realidade, uma nata acidificada cremosa e escorrida. É feito em toda a Itália com leites das origens mais diversas, por processos industriais banais. Não utiliza qualquer leite regional especial ou técnica artesanal. Ou seja, é substituível pelo “nosso” mascarpone que fica delicioso, barato, amigo do ambiente e se faz assim:

Ingredientes:

200ml de Natas UHT “para bater”
200ml de Natas UHT Light ou “para cozinhar”
2 colheres de sopa de Sumo de Limão
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Preparação:

Despeje as natas numa panela, misture bem e leve ao lume em banho-maria. Pode usar, em vez das UHT, natas pasteurizadas; o resultado final é, no entanto, o mesmo, e as UHT são muito mais baratas. Deixe atingir a temperatura de 85ºC.
Mexendo sempre, junte o sumo de limão, que provocará um espessamento imediato. Continue a mexer por 2-3 minutos, no banho-maria a 85ºC e leve ao frigorífico por algumas horas até estar bem frio e muito espesso.

Prenda um pano fino na boca de uma panela com o auxílio de um elástico e ponha esta massa a escorrer durante a noite, no frigorífico.
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De manhã terá um magnífico “mascarpone” para uso em Portugal, delicioso, barato e amigo do ambiente.
Este, que fiz hoje, vai servir para o Tiramisu de fim-de-semana, de que vos falarei na Segunda.
Bom Fim-de-Semana!

Nota:

E se, mesmo assim, achar que este mascarpone dá demasiado trabalho em relação a ir ao super comprar uma embalagem italiana, pode fazer um substituto muito fácil e de efeito excepcional para o tiramisu (apesar de, neste caso, não se tratar de mascarpone): Escorra 6 iogurtes naturais num passador de rede durante cerca de 8 horas. Com o iogurte “grego” obtido, misture meio pacote de nata “para montar” e bata com um pouquinho de sal fino até obter uma consistência lisa e aveludada. Use no tiramisu, como se fosse mascarpone.

10 comentários:

  1. Eu a ricota faço em casa, com leite gordo e sumo de limão ou vinagre.
    O iogurte grego caseiro tb, drenado é o melhor que se pode usar para fazer um exelente cheesecake.
    Este substituto do mascarpone é que não conhecia...
    Não fosse ter uma embalagem dele no frigorífico experimentaria já no fim de semana, mas fico com a receita guardada para fazer em breve.

    Obrigada. :)

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  2. Concordo plenamente com as suas palavras e com as do post anterior. Para mim ricotta é requeijão, e não vale a pena dizer o contrário, o nosso requeijão de seia é uma maravilha e faz óptimas sobremesas. Por vezes até uso o requeijão corrente que como não é cremosos como o de Seia meto-lhe a varinha mágica.
    Podemos sempre inovar usando os nossos produtos.
    Um bom fim de semana

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  3. estou sempre a aprender consigo.
    realmente o Luís é uma caixinha de surpresas!

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  4. É muita sabedoria! :)
    Luís, se usarmos só natas para bater qual é o resultado? É só mais gordo o mascarpone? É que gostei muito da ideia e como ando encantada com o mascarpone, até tentava fazer em casa a ver se me saía bem :)

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  5. Ahhh, e isso da temperatura é que não sei se me vai correr bem. Tenho que comprar um termómetro culinário :)

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  6. Adorei essa dica. Eu nunca preparo nada com Mascarpone por ser dificil de encontrar e o preço ser elevado.

    Testarei em breve.

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  7. Essa dica vou utilizar de certeza no meu próximo Tiramissu.Vou fazer o iogurte grego com iogurtes caseiros, que ficam menos amargos. Acho que vou ficar com um mascarpone perfeito e sem dúvida menos calórico (bom, mesmo que assim não se possa chamar mascarpone, não me importo nada...).

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  8. Adorei a sua publicação. Muito obrigada pela partilha

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  9. Obrigada, amigo. Queria fazer um tiramisu para celebrar um aniversário e já sabia que podia contar com o seu blog para me explicar se haveria uma alternative ao mascarpone... é claro que sim, e vou experimentar a sua técnica. Obrigada mais uma vez! :)

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