quarta-feira, 2 de março de 2011

Borrego, Frito em Vinho

........................ Quando há uma semana, movido pela necessidade de arranjar tema para esta 17ª Trilogia com a Ana e o Cupido me lembrei de Slow Food (acabara de redigir o post sobre Santamaria), tinha ainda a ideia vaga de Slow Food ser uma corrente que, por oposição a fast food, comia e cozinhava devagar, algo relacionado com longos cozinhados e refeições molengonas.
Descobri afinal que Slow Food é muito, muito mais: movimento nascido em 1989 , o Slow Food acredita que o prazer de saborear boa comida e vinhos excelentes deve ser combinado com esforços para preservar os inumeráveis queijos tradicionais, cereais, vegetais, frutas e raças animais que estão a desaparecer devido ao predomínio de refeições rápidas e do agronegócio.
"Um firme empenho na defesa da tranquilidade é a única forma de opor a loucura universal da Fast Life. Que nos sejam garantidas doses apropriadas de prazer sensual e que o gozo lento e duradouro nos preserve do contágio da multidão que confunde frenesim com eficiência". Esta frase, que resume afinal a posição de sempre deste blog e que faz parte do Manifesto do movimento Slow Food foi a que despoletou então a lembrança de um prato de que vos falei há anos no Comidas Caseiras e que pela verdadeira sinfonia sensual que constitui a sua degustação (e preparação) é o exemplo perfeito de uma refeição Slow Food.
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.Ingredientes (3-4 pessoas):
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1 kg de borrego nacional, de pasto
Sal marinho integral
Pimenta preta
Alhos e louro
40g de banha de porco
0,75l de vinho branco seco
0,75Kg de batatas
30g de manteiga
Orégãos secos
Espinafres
Fio de azeite
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Preparação:
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Qualquer parte do borrego serve para esta preparação, sendo as melhores as costelas e as costeletas. Neste caso usei pá, cachaço e costelas (peito), mas também se pode fazer com perna ou mão; este prato vive da técnica de confeção, mais que da qualidade da carne e pode ser feito também com qualquer outra carne apropriada para fritar (ave, porco, etc.).
Desosse a carne dos ossos grandes, e parta-a em bifinhos finos, pedaços de peito, etc.
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Tempere com sal, pimenta, alhos cortados ao meio e louro e deixe por 1 hora.
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Frite a carne rapidamente em lume muito forte e banha.
. Quando estiver selada, adicione cerca de meio copo de vinho branco, passe o calor para médio e deixe evaporar completamente o vinho até a carne
. recomeçar a fritar apenas na gordura, altura em junta mais meio copo de vinho
. e por aí em diante, virando a carne, tendo o cuidado de deixar sempre caramelizar um pouco antes de juntar a nova dose de vinho, até que, cerca de uma hora depois ou um pouco mais, a garrafa de vinho está esgotada e fará uma última adição de meio copo de água, as metades de alho desapareceram
. e a cozinha (e a casa) está pefumada com um aroma único que pôs todos os seus mediadores químicos do prazer em alerta máximo, preparados para o transe que se segue: a degustação.
Deixe apenas evaporar metade dessa última adição de água, de modo a que todo o caramelo fique perfeitamente levantado e sirva com um puré de batata natural, feito espremendo batatas cozidas em água e sal e derretendo sobre os fiapos espremidos a manteiga, juntando orégãos com generosidade e alguma pimenta,
, mexa bem e apresente assim mesmo ou em quenelles. Espinafres salteados rapidamente num fio de azeite aromatizado com um dente de alho e temperado ao de leve com sal e pimenta ficam também muito bem.
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Coma e beba devagar para aproveitar em pleno o privilégio deste sabor único da carne frita em vinho e também o vinho que escolher para a companhia. Eu bebi o Alvarinho Pingo Doce 2010, de Anselmo Mendes (3.99€),
, que é uma explosão de fruta e de brincadeiras no palato, se se beber devagar (Slow Drink). Não será um Soalheiro Primeiras Vinhas (Vinho do Ano da Wine Essência do Vinho) mas também não custa 15€ a garrafa.

7 comentários:

  1. Luís Pontes (desculpe a familiaridade)
    As suas receitas são extraordinárias. Eu, que não sou apreciador de carne em geral, fiquei com vontade de reproduzir este prato. Boas fotos, boa explicação e muita vontade de nos cativar. Além do mais, comida portuguesa, simples e sempre, sempre de conforto. Fácil de fazermos em casa para a família. Até a sua apresentação é familiar (entenda esta asserção como um grande elogio).Sigo com muita atenção o seu blog.
    Cumprimentos
    Carlos Costa

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  2. Gostei muito do tema e mais ainda da tua preparação. Fui ver o teu post no "Comidas Caseiras" e realmente a coisa com fotos torna-se muito mais apelativa. Fiquei muito curioso com este borrego.

    O PD Anselmo Mendes 2010 está num muito bom plano, para o preço. É sempre um dilema escolher um destes 3 vinhos, o Alvarinho PD a 4 euros, o Deu-la-deu a quase 6 e o Soalheiro a 8. Fazendo a conta a gastar mais um bocadito, a vontade é ir ao Soalheiro e fazendo a conta ao contrário, o Soalheiro custa o dobro. Opções difíceis.
    Já provei o Soalheiro Primeiras Vinhas 2009 e está um belo vinho, talvez o melhor dos PV. E o preço nem é muito alto, se o compararmos com vinhos que andam aí a custar 25 euros e que não dão tanto prazer.

    Bela trilogia, vamos à próxima.

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  3. Ainda bem que me sobraram costelas e costeletas de borrego... assim vou poder experimentar este teu, muito em breve.
    Deste-me que fazer com esta 17ª!!!!
    Penso que acabo bem... venha a próxima, de lá de cima do Douro.
    Beijinhos.

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  4. Excelente proposta!

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  5. hummmm deve realmente ser delicioso! Parabéns pelo blog, ja me inspirou varias vezes!!! :)

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  6. Um blog com receitas maravilhosas!!! Tudo confeccionado com enorme gosto, é isso que gosto de ver quando visito os sites!!
    Cump.
    Sónia Meirinho

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  7. fiz hoje aproveitando dois peitos de borrego, ficou maravilhoso. optei foi pelas mais simples batatas assadas com alecrim.

    seja como for, obrigado pela receita. recomendo!

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