Situada no extremo Sul do concelho de Montemor-o-Novo, a outrora florescente e hoje semi-desertificada aldeia de S. Cristóvão, contribuiu para o rol de pratos que compõem a cozinha alentejana com esse delicioso petisco que é o Coelho à S. Cristóvão.
Vinha-se de longe, nos meios de transporte da época, para desfrutar dessa delícia que era o emblema da Pensão Canejo, onde pontificava, na cozinha e na casa, D. Alexandrina.
A pensão, como quase tudo o resto em S. Cristóvão , fechou portas nos anos 60, há já mais de 40 anos, D. Alexandrina ainda é viva e é dela a receita que hoje aqui trago, minha recolha, nesta 51ª Trilogia com a Ana e o Cupido, com tema “Coelho”.
Como todos os pratos cuja tradição foi até hoje oral, não tendo sido recolhido nem fixado nos seus primórdios, pensa-se que no sec. XIX, o Coelho à S. Cristóvão apresenta hoje variações importantes na sua apresentação, mesmo a nível local, de que vos dou notícia nas notas finais. É esta a da Pensão Canejo, 1ª metade do séc. XX, S. Cristóvão, nos termos de Montemor-o-Novo.
Ingredientes:
Coelho bravo ou manso
Toucinho fresco
Sal grosso
Vinagre de vinho
Alhos
Azeite virgem, extra
Coentros frescos
Preparação:
Faça-se uma massa, no almofariz, com sal grosso, alhos e um pouco de vinagre e esfregue-se com ela um coelho, por dentro e por fora. Deixe-se por 24 horas.
Cortem-se fatias finas de toucinho fresco, alto, e forre-se todo o bicho com este toucinho,
prendendo-se as fatias ao coelho com a ajuda de palitos e ponha-se também toucinho dentro da abertura da barriga. Leve-se então a assar, devagar e em lume de carvão,
até estar tostado e bem tenro.
Retirem-se os palitos e o toucinho, que deverá estar reduzido a um torresmo, desosse-se e desfie-se cuidadosamente a carne do coelho, para uma tigela, e também o toucinho depois de partido em pedacinhos pequenos.
Tempere com azeite virgem finíssimo e vinagre de vinho, abundantes, bem como com coentros frescos picados grosso e dentes de alho picado fino.
Mexe-se bem e come-se no dia seguinte, acompanhado por batatas novas, cozidas ou assadas, em ambos os casos com a casca.
É, tradicionalmente, acompanhado por vinho branco, encorpado.
prendendo-se as fatias ao coelho com a ajuda de palitos e ponha-se também toucinho dentro da abertura da barriga. Leve-se então a assar, devagar e em lume de carvão,
até estar tostado e bem tenro.
Retirem-se os palitos e o toucinho, que deverá estar reduzido a um torresmo, desosse-se e desfie-se cuidadosamente a carne do coelho, para uma tigela, e também o toucinho depois de partido em pedacinhos pequenos.
Tempere com azeite virgem finíssimo e vinagre de vinho, abundantes, bem como com coentros frescos picados grosso e dentes de alho picado fino.
Mexe-se bem e come-se no dia seguinte, acompanhado por batatas novas, cozidas ou assadas, em ambos os casos com a casca.
É, tradicionalmente, acompanhado por vinho branco, encorpado.
Notas:
Há variações, até localmente, na receita de Coelho à S.Cristóvão e, só dentro da aldeia, já provei diversas versões; assim, por vezes o coelho é apenas partido em pedaços antes de temperar e não desossado e desfiado, por vezes o coelho é grelhado apenas com toucinho na barriga mas não exteriormente, por vezes usa-se vinho branco em vez de vinagre na massa de alho e sal inicial, pode ser consumido apenas com pão, como um petisco de tasca e, finalmente, pode levar pimenta e cebola picada no molho.
Belo coelho, sim senhor. Não conhecia essa forma de preparar o orelhudo... Sempre a aprender :)
ResponderEliminarTambém não conhecia este sr. coelho, assim tão bem embrulhado e assado...
ResponderEliminarE que homem corajoso nos saíste assim com o fogareiro aceso em tempos de invernia, lol!
Só não sei se conseguia esperar pacientemente pelo dia seguinte... acho que marchava logo, bem quentinho e cheiroso!!!
Beijinhos.
É um enorme prazer aprender neste blog!
ResponderEliminarTalvez se pudesse cozinhar sem deixar estorricar - a saúde agradecia. Ideia interessante para cozinar o coelho.
ResponderEliminarGoiaba,
ResponderEliminarna verdade o coelho não fica sequer tostado, para isso está lá o toucinho a protegê-lo e é o toucinho que tosta.
A bem da saúde, pode-se prescindir desse torresmo mas, claro, não é a mesma coisa.
Caro LPontes,
ResponderEliminarDescobri o seu blog ontem e, cada vez que posso, dou por lá uma visita.
Muitos parabéns! :)
Em relação a este orelhudo, como diz "cupido", poderá o destino do mesmo passar pelo forno?
Cumprimentos
Caro efepe
ResponderEliminarrespondendo á sua pergunta acho que não é a mesma coisa optar pelo forno... pois o toucinho está lá para isso mesmo... não deixar tourriscar o bendito coelho mas nada com experimentar.
Amigo LPontes, só hoje conheci este blog que está uma maravilha, adorei... e esta receita de coelho também conhecida como Salada á S. Cristóvão que também é servida como entrada é mesmo uma delícia.
Muito obrigada por divulgar a receita da minha terra.
Cara sol,
ResponderEliminarVou seguir a intuição: vou mesmo experimentar. Depois direi qualquer coisa.
Obg :)
Cara sol e caro LPontes,
ResponderEliminarComo o prometido é devido, venho aqui contar a minha experiencia ao fazer este orelhudo no forno.
Ficou somente divinal.
A única coisa inventada foi que, ao ir no forno, assou dentro do assador e em cima de paus de espeto colocados ao longo da largura para que não tocasse no fundo (tipo fogareiro).
De resto, tudo feito de igual maneira.
Até experimentei 3 dias depois e aquecido numa frigideira. Estava, ...
Conclusão: verdadeiramente recomendado para quem não o possa fazer no fogareiro.
Obg mais uma vez.
Fiquem todos bem!
Cumprimentos