Claro que eu não conheço a esmagadora maioria dos polvos deste mundo, pelo que qualquer afirmação comparativa pecará sempre por escassez de elementos comparados, mas, dos que conheço, posso asseverar que não há polvo como o galego apanhado nesses grandes fjords que se abrem de Vigo a Noia, as Rias Bajas.
Para nossa sorte, esses polvos galegos aparecem aqui à venda, congelados, numa grande cadeia de supermercados e fazem com nos possamos deliciar sem ter de ir à Galiza.
Para esta 60ª Trilogia, o Cupido escolheu um tema que se enquadra plenamente na tradição nortenha da quadra natalícia, o “polvo” e eu e a Ana aí fomos à cata do saboroso cefalópode.
Hoje existem inúmeras receitas de polvo, umas mais imaginativas, outras mais forçadas, quase todas transposições mais ou menos felizes de outros pratos mas usando o polvo em vez do ingrediente usual e vemos aparecer por todo o lado “polvo à lagareiro”, de escabeche, em filetes, assado, na telha, confitado, estufado, etc.
Enquanto balanceava entre algo tradicional e algo de mais moderno, o processo de decisão é sempre o mais custoso, despontou de mansinho a chama criadora, lembrei-me desses simpáticos e humildes polvos “cabeçudos”, lembrei-me das lulas recheadas de que tanto gosto, lembrei-me dos belos maranhos da Beira Baixa e daí a pouco estava a ver a luz do dia este prato original, delicioso e de belo efeito, a que chamei Cabeçudo Maranhado à Minha Moda!
Ingredientes (2 pessoas):
4 Polvos cabeçudos
1 cebola
2 alhos
2 chávenas de café (bica) de arroz carolino
Sal e pimenta
Hortelã
Azeite
Caldo de cebola, cenoura e alho porro
Preparação:
Amanhe os polvos tendo algum cuidado no uso da faca, de modo a assegurar que o capelo fica intacto.
Guarde os tentáculos de dois deles para outra utilização e coza os outros dois por 40 minutos em água com uma cebola.
Estale uma cebola média, picada, em azeite, junta com os alhos também picados, frite neste refogado os tentáculos cozidos e picados em pedacinhos pequenos e por fim o arroz cru e a hortelã picada fina. Tempere com sal e pimenta e envolva.
Encha os capelos com esta mistura,
tendo o cuidado de deixar cerca de metade do volume interno livre para o crescimento do arroz sem rebentar o capelo.
Cosa cuidadosamente a abertura do capelo com agulha e fio de algodão
e leve a cozer por cerca de uma hora em lume baixo, num caldo temperado de sal e aromatizado com cebola, cenoura e alho porro.
Passe os capelos maranhados para uma assadeira, regue com um fio de azeite e leve por alguns minutos a forno bem quente de modo a corarem.
Sirva com uma salada a gosto.
Simplesmente fantásticos estes cabeçudos recheados! Acho que só tu mesmo para fazer este cruzamento de lulas recheadas com maranhos... Adorei a ideia e também o nome que lhes deste.
ResponderEliminar60 trilogias completas... é obra!
Beijinhos.
Polvos cabeçudos cosidos e cozidos :)
ResponderEliminarGostei muito desta trilogia.
Parece-me muito bem, Luís.
ResponderEliminarAproveito para desejar que 2012 não bata muito forte por aí, ou melhor, que bata forte mas sempre num bom sentido! ;)
Abraço.
O aspeto é uma surpresa e sabor só pode ser uma delicia!
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