sexta-feira, 10 de maio de 2013

Arroz de Favas



              Quando há já quase cinco anos aqui falei do Arroz de Favas que fez o deleite de Jacinto e José Fernandes na atribulada chegada a Tormes, claro que não fazia a mais pequena ideia do prato que Eça de Queirós teria em mente ou na memória quando escreveu o texto. Essa é a questão que sempre se levanta quando os autores não entram em pormenores culinários e preferem explorar o campo mais grato dos sabores e sensações que as suas criações provocam.
Este arroz de favas de A Cidade e as Serras é um desses pratos que me ficaram sempre em dúvida e, na impossibilidade manifesta de poder saber pelo autor a sua intenção, decidi-me pela reinterpretação das queirosianas expressões " Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala '' e '' Óptimo!... Ah, destas favas, sim! Ó que fava! Que delícia!''', arriscando desta vez a aventura plausível de dar a este novo arroz a rescendência de umas favas à portuguesa, na untuosidade de um arroz carolino bem cremoso.

Ingredientes:

Cebola
Alhos
Louro
Azeite
Favas frescas
Chouriço de carne
Chouriço de sangue (ou morcela “de favas”)
Coentros espigados
Polpa de tomate
Sal e pimenta
Arroz carolino

Preparação:

Se as favas forem muito novas e tenras, pode usá-las com a película; caso contrário, que é o mais normal, retire-a  e deixe apenas o interior.
Refogue num pouco de azeite a cebola, os alhos e o louro, com pimenta preta e um pouco de calda de tomate, pouco. Junte então as favas, os chouriços às rodelas, os coentros e o arroz 
e envolva até o arroz estar translúcido, altura em que junta água suficiente para cozer o arroz.
Vá mexendo de modo a formar um molho cremoso e sirva bem húmido.
  

6 comentários:

  1. De repente fiquei cá com uma fome!... E também com saudades de "A Cidade e as Serras".

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  2. Este vou experimentar! Que aspeto delicioso :)

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  3. Vou fazer hoje para o almoço. Parece delicioso talvez acrescente um pouco de entrecosto ou carne. Parabéns pelo blog. Cpts marta

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  4. Estou neste momento a contas com favas (antes, com um imenso faval!) e vim parar aqui porque já tinha pensado neste arroz da favas literário.

    O meu palpite, com base nos "arrozes de" da Beira Alta é que os enchidos das suas fotografias não deviam fazer parte do que foi servido ao Jacinto... Isto são modernices de gente rica que não sabe comer sem carne. De favas nunca comi, mas arroz "a fugir" de espigos (grelos de couve) ou de vagens (ervilhas de quebrar ou ervilhas tortas) acompanham-se, ou acompanhavam-se, a si próprios. Mas vou experimentar e já lhe digo!

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  5. As receitas do Eça são recriadas hoje no restaurante da Fundação Eça de Queiroz que funciona justamente na Casa de Tormes.
    Pois bem o bendito arroz de favas, como diz a IsabelPS, não tem os enchidos das suas fotografias (que são temperados com pimento vermelho) tem outros enchidos, os do fumeiro beirão, que aportam ao prato um sabor magnífico e diferente. Melhor é o arroz que a galinha frita que este acompanha na refeição da Cidade e as Serras.
    O livro Comer e Beber com Eça de Queiroz, de Beatriz Berrini e Mª de Lurdes Modesto,, indica o uso do molho de carne assada e não os enchidos (que referi em cima).
    bj
    Mom

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  6. Isabel IPS, Sophia, Mary and Mom,
    As minhas desculpas por este atraso de tantos anos, na verdade só agora vi.
    Têm toda a razão em relação aos enchidos... e eu também : o arroz de favas que eu pretendi poder ser o de Tormes é o que está clicando em "aqui", no texto.
    Este é uma versão posterior, baseada na receita tradicional de Favas à Portuguesa.

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