Do mesmo modo que para nós o
telemóvel é como que uma extensão de nós próprios, para um alentejano rural, a
sua navalhinha, o canivete que nunca abandonam, é o mais precioso e utilitário
dos instrumentos, que usam de manhã à noite, seja para afiar um pau, imolar uma
galinha, colher uma couve, cozinhar, talher que faz de garfo e faca e até para
abrir nozes.
Ao contrário do que é costume
fazer-se, descascar uma noz partindo-lhe a casca, seja através de uma pancada,
seja esmagando-a com um quebra-nozes, os alentejanos fazem-no com a ponta da
navalhinha que inserem no sulco imperceptível que divide as duas metades de uma
noz e abrem-nas com uma discreta torção, sem barulho nem esquírolas.
Além das diferenças no abrir,
também o modo como encara este fruto seco é totalmente diferente: enquanto a
maioria associa as nozes a doces, sobremesas, bolos, já por ali a noz é coisa
de comer com pão, vestígio de tempos idos não há muito em que meia dúzia de
nozes e um pedaço de pão eram merenda de dias duros de trabalho no campo.
Passada a primeira estranheza, experimenta-se e… que bom que é!
Para esta 131ª Trilogia em que a Ana
nos mandou, a mim e ao Amândio,
tratar o tema “nozes”, decidi
homenagear esse costume antigo, juntando as nozes ao pão e o resultado deu
merenda.
Miolo de noz
Massa de pão:
500g farinha 65
12,5 g de fermento fresco
1 colher de sobremesa de açúcar
1 colher de sobremesa de sal
Água morna q.b.
Preparação:
Descasque nozes e reserve o miolo.
Faça massa de pão dissolvendo
sal, açúcar e fermento num pouco de água morna e misture coma a farinha,
amassando e juntando mais água de modo a conseguir uma massa lisa e firme.
Deixe levedar em ambiente resguardado até ter dobrado o volume inicial.
Amasse sumariamente, estenda com
rolo ou à mão
e distribua uma quantidade generosa de miolo de noz.
Enrole de modo a que não fiquem
nozes à vista,
molde o pão da forma que quiser e deixe de novo em repouso,
agora já no tabuleiro em que irá ao forno.
Quando tiver duplicado de novo o
volume, decore com meias nozes molhadas
e leve a forno a 170ºC durante cerca de
meia-hora, protegendo com papel de alumínio se ficar demasiado tostado por
cima.
Coma assim ou com manteiga,
saboreando esse sabor alentejano da combinação da noz e do pão.
Ymmy adorei este pãozinho, deve estar delicioso... adoro nozes e deve estar mesmo bom.. vou guardar este receita!
ResponderEliminarBeijo, alecrim
«Noses» e as nozes na 131... o teu pão tem um ar muito fixe e a converseta é, coo sempre, uma delicia.
ResponderEliminarBeijinhos.