quarta-feira, 26 de junho de 2013

Papas de Carolo com Grelos e Porco



                 As polentas, por cá conhecidas por papas de milho, ou de carolo se a farinha usada for da grossa, são pratos admiráveis que, depois de um período áureo em que eram presença assídua e às vezes única nas mesas pobres, passaram por uma época de nojo e depois por uma ressurreição que, infelizmente, não correu bem.
Depois de um “salto” de uma geração inteira em que o milho foi abandonado, quem o recuperou esqueceu os velhos gestos e encarou a farinha de milho como qualquer outro cereal quanto a processos de cozedura, o que foi um erro crasso e de resultados fatais no sabor final de umas papas.
Hoje, a indicação que aparece em qualquer receita de polenta, papas ou xerém indica-as como pratos de confecção rápida, feitos com uma relação entre milho e água em que este abunda e aquela escasseia, e que estão prontos quando a mistura engrossa.
Ora o milho é um cereal com tempos próprios e que não se compadece com pressas; não se trata de não cozer, pois até “coze” em minutos, trata-se de não libertar a plenitude voluptuosa do seu sabor. Quarenta e cinco minutos para a farinha fina, entre uma hora e uma hora e meia para os carolos (farinhas mais grossas, como areia) é o mínimo que o milho exige para se mostrar em toda a sua glória.
Este prato que vos apresento para o tema “polenta” desta 138ª Trilogia com a Ana e o Amândio, foi criado a partir de dois pratos da Beira Alta, os “carolos” e as “papas laberças” e é daqueles que demoram a fazer mas nunca mais esquecem.

Ingredientes:

125g de carolo de milho amarelo
1 litro de água
Sal
Toucinho entremeado
Chouriço de carne
Banha de porco
Alhos
Grelos

Preparação:

Coza os grelos em água e sal, escorra e reserve.
Misture o carolo em água fria e leve ao lume, com sal; se estiver a usar farinha de milho fina, comece por desfazer bem a farinha num pouco da água pois forma facilmente grumos.
Deixe ferver, baixe o lume e vá mexendo a intervalos curtos para evitar que queime. À medida que a cozedura avança, a polenta vai engrossando, podendo ser necessária a adição de mais água. Ao fim de cerca de uma hora está cozida.
Entretanto, frite num pouco de banha (ou azeite) o toucinho cortado em fatias finas 
e, depois, o chouriço também partido e os dentes de alho esmagados. 
Frite tudo mais um pouco e deite o pingue formado sobre a polenta. Mexa bem para incorporar.
Junte então os grelos cozidos, envolva bem 
e sirva bem quente, com as carnes em cima.
  

4 comentários:

  1. Boa tarde,

    Como sempre as suas comidas tem uma aspecto DIVINAL!!!!

    Peço desculpa pela minha ignorância, mas quando fala em carolo de milho, esta a falar em por exemplo em SEMOLA DE MILHO (ESPIGA) se for essa este fim de semana já temos ementa.

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  2. "Experiência",
    A designação é comum apesar de imprópria, já que apenas do trigo se pode falar em "sêmola". O carolo de milho é a farinha de grão mais grosso, há de diversas marcas (algumas chamam-lhe sêmola) e tem o aspecto de areia.
    Veja http://outrascomidas.blogspot.pt/2011/12/papas-de-carolo.html
    Boas papas!

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  3. Caro Luís,
    Lá em casa também se cozinhavam “os milhos”, como eram chamados. Vinham directamente do moleiro e convinha que estivessem bem moídos, nem muito finos, nem muito grossos e que fossem limpos de cascas. Lavar os milhos era uma ciência e feito por mãos experientes, porque senão era um desperdício.
    Cozinhavam-se no Inverno, sobretudo na época da matança do porco. Ia-se ao alguidar onde as carnes destinadas ao fumeiro estavam «na sorça», ou seja, no molho em que estavam a marinar e tirava-se também um pouco desse molho. Rijava-se a carne em azeite ou banha, acrescentava-se água e deixava-se cozer. Quando estivesse quase cozida, juntavam-se as couves tronchudas cortadas em pedaços, sobretudo os talos grossos que eram tão doces. Entravam depois os milhos e deixavam-se cozer até … cheirar a milhos cozidos. Quando se visse que estavam cozidos, juntava-se uma boa porção do tal líquido da marinada, mexia-se, deixava-se levantar fervura e … estava pronto. Era delicioso. É delicioso.
    Obrigada pelas suas partilhas.
    Cumprimentos,
    majo

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  4. A quem chame também rolões

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