segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Projeto L - Jantar EtiL2
sábado, 27 de novembro de 2010
Atum de Barrica à Moda Saloia
O atum em salmoura é uma conserva antiquíssima, muito anterior à conservação em lata e o modo de fazer chegar longe, no país e no tempo, este peixe de pesca sazonal.
Depois da introdução das modernas técnicas conserveiras, este atum "em barrica", pois vinha acondicionado em barricas de madeira, passou a ser um produto pobre que aproveitava as partes escuras do tunídeo, toda a parte da barriga e forro das costelas, o "entrecosto" do atum, onde se encontra a preciosa ventresca, que antes de ser iguaria gourmet, era ignorada e regeitada pela indústria conserveira e acabava nas barricas.
Costumava ir comê-lo a uma tasca na Buraca, que o fazia por encomenda, só para grupos, cujo paradeiro perdi, hoje devorada pela voragem de um condomínio com nome de herdade.
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Ingredientes:
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Atum de barrica
Cebolas
Batatas
Couve Portuguesa (facultativo)
Sal
Azeite e vinagre de vinho
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Preparação:
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Ao comprar, escolha as partes de atum que têm parte das longas espinhas da costela.
Na Cozinha Jagoz o atum é lavado e esfregado à mão até estar com o sal certo mas não fica de molho..
Ponha a cozer em água temperada com sal as batatas, cebolas e, se quiser alguma couve.
Quandoa cozedura estiver a meio, introduza os bocados de atum e continue a cozedura em lume baixo.
Uma ementa etílica (DCPV)
.............EtiL2
....................23/11/2010
...................Ementa
...........Chouriço português flambé em cachaça
...........Garnizé estufado em Porto
...........Peras bêbedas em pudim etilizado, com
borrachão para enxugar (DCPV)
...........................Receitas
Entrada - Chouriço português flambé em Cachaça
Ingredientes (por pessoa) :
3 rodelas de chouriço português, preferencialmente DOP Alentejo;
1 colher de sopa de cachaça (48º) + 1 colher de sopa de álcool alimentar (90º) ou 2 colheres de sopa de cachaça de 60º;
3 aros de cebola crocante;
1 tira de polenta de milho amarelo, frita como palito de batata grosso.
Preparação: Disponha as rodelas de chouriço ao alto, num pequeno recipiente de cerâmica, côncavo, previamente bem aquecido no forno.
Coloque este pequeno recipiente no prato de servir e guarneça com a cebola crocante e o palito de polenta frita. Ao apresentar, regar o chouriço com a cachaça e acender.
Prato - Garnizé estufado em Porto
Ingredientes (por pessoa) :
3 échalottes;
10/12 bagos de uva fresca;
10/12 castanhas;
1 dl de vinho do Porto, branco-seco + 1dl de vinho do Porto, Tawny;
1 colher de sopa de manteiga clarificada;
Sal marinho e pimenta da Jamaica em grão;
Salsa.
Preparação:
Deixe de véspera os garnizés mergulhados numa salmoura feita com 1 litro de água, 2 colheres de sopa de sal marinho (não iodado), 1 colher de sobremesa de pimenta (do reino) em grão e sumo e casca de 6 limas.
Escorra e seque as aves. Doure-as em manteiga clarificada por todos os lados, em lume forte. Junte então as échalottes finamente cortadas, a pimenta da Jamaica, o sal e os vinhos do Porto e leve a lume forte por cerca de 20m, destapado, de modo a reduzir o volume de liquido a metade.
Retire as aves do vinho e coloque-as numa assadeira, encha a cavidade com as uvas e disponha as castanhas, que devem estar já peladas, à volta.
Leve a 175ºC por cerca de 20 minutos ou até as castanhas estarem bem assadas. Durante esse tempo reduza o Porto onde cozeu as aves até este ter uma consistência xaroposa. Verifique e retifique os temperos do molho.
Sirva uma ave por pessoa com as castanhas e a redução vínica, polvilhada com salsa picada.
Sobremesa - Peras bêbedas em pudim etilizado, com borrachão para enxugar (DCPV)
Ingredientes:
(Peras bêbedas)
Peras pequenas
Vinho Tinto
Açúcar
Canela em pau
Cravinho
(Pudim etilizado)
1 lata de leite condensado
1 “lata” de ovos
1 “lata” de Porto tawny (ou cachaça, ou rum, ou whisky, ou…)
Açúcar para caramelizar a forma
(Borrachão)
1 medida de azeite virgem
1 medida de óleo
1 medida de vinho branco
1 medida de aguardente branca (cachaça)
2 medidas de açúcar
1 pitada de canela em pó
Ovo batido
Farinha com fermento químico, q.b.
Preparação:
Descasque as peras sem as partir e coza-as em vinho tinto adoçado com açúcar e temperado com canela e um toque de cravinho. Deixe arrefecer os frutos imersos na calda de modo a ficarem tingidos em profundidade.
Misture duas medidas de calda com uma medida de Porto ruby e reduza até obter uma consistência francamente xaroposa. Reserve.
Vaze uma lata de leite condensado para uma tigela e use a lata vazia para medir os ovos e o álcool escolhido. Misture bem e coza em forno a 150º C em banho-maria, em formas individuais caramelizadas.
Para os borrachões use uma medida pequena. Misture todos os ingredientes e por fim a farinha até obter uma massa que se possa tender.
Estenda com a espessura de um lápis, corte em palitos com uma carretilha e coza até estarem louros em tabuleiro untado, pincelados com ovo.
Montagem – Monte de forma combinada pêra(s) e pudim e ligue com a redução de vinho e Porto. Acompanha com um palito de borrachão.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Ao Encontro das Castanhas (Chestnut Escort*)
Para muitos de nós, a castanha tornou-se um fruto que se come cozido ou assado em magustos de S. Martinho e pouco mais, tendo o seu uso culinário como acompanhante de carnes ficado relegado para raras ocasiões especiais.
Mas hoje, Quarta-Feira trilógica ( e dia de greve!muito bom para pratos assim) é seguramente esse dia especial e, desta vez por indicação do Cupido, eu, a Ana e ele, é claro, vamos avançar ao encontro das castanhas, encaradas como luxuosas acompanhantes da carne.
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Para mim, escravo do palato, que não me importo nada com fatias bonitinhas e regulares, o cachaço é a mais nobre peça do porco, mesmo mais que os lombinhos.
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Ingredientes:
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1 cachaço desossado de porco
125g de presunto fatiado fino
20 + 30 castanhas
6-7 nozes
3 colheres de sopa de manteiga
1 colher de chá de erva doce em grão
500g de batata doce amarela
1 colher de sopa de banha
Pimentão doce, sal, pimenta preta, massa de alho (ou em pó)
Louro
Vinagre de vinho (se assar a baixa temperatura) ***
Vinho branco
Espinafres Nova Zelândia (Tetragonia tetragonoides)
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Preparação:
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Dê um golpe superficial à volta de 20 castanhas, escalde-as em água fervente por 1 minuto e retire-lhes a casca. Coza-as em água e sal até estarem tenras.
Com o auxílio de uma faca comprida e muito afiada**, abra “desenrolando” o cachaço,
Tempere com um pouco de massa de alho ou alho em pó, pimenta preta e pimentão doce. Forre então a carne com fatias finas de presunto (que irão dar o sal)
Disponha a carne numa assadeira, rodeada pelas castanhas peladas e batata doce amarela, às rodelas grossas.
Regue com o molho reduzido e leve a forno esperto (180ºC) até que as castanhas e batata doce estejam assadas,
Notas:
*PJ (private joke)
** Se não tem muito à vontade no manejo de facas de carne extremamente afiadas, abrir “desenrolando” uma peça bastante heterogénea como é o cachaço de porco é uma atividade intrinsecamente perigosa para os seus dedos. Peça no seu talho para que lhe façam esse trabalho.
*** A técnica de baixa temperatura que uso, apesar de decorrer acima da temperatura de pasteurização, comporta algum risco bacteriológico, aumentado quando se faz a vácuo com a possibilidade de desenvolvimento de anaeróbios, entre os quais o temível e mortal Clostridium botulinum, a bactéria produtora do Botox, que paralisa as rugas e também o nosso coração!
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Receita?
........................ Se o leitor ouvisse a alguém que, deleitado com a descoberta da literatura de Lobo Antunes, declarasse ter descoberto finalmente a receita para o êxito no ofício de escritor, nunca começar um parágrafo, excepto o de abertura, com letra maiúscula, ali estava a secreta receita, diria por certo - "que grande parvo que ali vai!"- o leitor sabe que a Arte, essa misteriosa chama que nos toca e emociona, não cabe em receitas, tem de ser livre.
E no entanto, quantos de nós que se envergonhariam de ostentar uma peça de vestuário "Prada" ou uma mala "Louis Vuitton" dessas que se compram nas feiras suburbanas por uns cêntimos, seguimos e ostentamos com religiosa devoção as receitas que aquela revista, aquele chef ou aquele gourmet dizem ser a maneira correta de comer?
Quantos de nós afirmam com convicção que os ovos estrelam-se em manteiga e não se pôe sal na gema? Disse-o mestre Escoffier porque era como ele gostava de ovos estrelados e, como ele era o grande Escoffier, logo uma legião de burros passou a dizer que era a lei e que gente de gosto apurado assim deve gostar!
Eu faço-os em azeite e com sal grosso bem sobre a gema; é como eu gosto!
Todo o cânone é uma tirania, toda a receita um espartilho. Podem e devem servir como inspiração, como fio condutor da feitura de um prato, como um transmitir de técnicas e experiência de outrem que a nós aproveita à obtenção de um gosto nosso, a nossa cozinha.
É por isto que a maioria das receitas que vos deixo são receitas abertas, deixam hipóteses de escolha, deixam liberdade, deixam campo à "heresia" e à descoberta do caminho próprio por onde deve seguir a confeção da nossa comida e que a fará ser mesmo a comida de mais ninguém.
Claro que se excetuam as receitas que são elas próprias receitas tradicionais e enquanto tal devem ser respeitadas ou então declaradamente desrespeitadas e partida para novas descobertas (com um novo nome); é assim que nascem e vivem as Cozinhas.
domingo, 21 de novembro de 2010
Grelhar Peixe no Forno
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Açorda de Bacalhau (sintética)
Assim, tendo consciência que "açorda de bacalhau" significa apenas que leva água, bacalhau e pão e que no Alentejo até é uma sopa, a liberdade não poderia ser maior!
Por mim, que sou açordeiro impenitente e de longa data, decidi criar algo de novo e para isso recorri a essa ferramenta tão preciosa quanto humana que é a síntese (desengane-se quem pensou, ao ler o título, que eu me tinha "passado" para o inimigo e enveredado por alguma comida artificial ou com delícias do mar).
Criar algo bom, juntando as partes mais preciosas de muitas açordas e pratos de bacalhau que povoaram o meu universo sápido e também este blog, foi aquilo a que me propus e não foi tarefa fácil.
Da Lapardana à Açorda de Ovas de Sável, passando por algo diretamente do velho Gomes de Sá e por outras açordas de bacalhau, esta Açorda de Bacalhau Sintética é daqueles pratos que evoca sem salganhar e que me deixou muito feliz por aqui se ter deixado criar.
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4 postas de bacalhau demolhado
4 ovas de bacalhau (duas duplas)
500g de broa de milho amarelo
75g de pão branco de trigo (1 carcaça ou papo-seco)
4 dentes de alho
1 dl de azeite virgem
Sal e Pimenta
0,5l de leite inteiro
Coentros frescos
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Preparação:
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Prévia: Coza um par de ovas em água e sal. Ponha as postas num recipiente vazio e escalde-as derramando água a ferver onde cozeu as ovas sobre elas e deixando-as submersas nesta água por cerca de 30 segundos.
Leve os alhos ao lume baixo em metade do azeite e antes de começarem a alourar, junte os ovos de bacalhau que extraiu abrindo a segunda ova sobre a tábua e raspando-a com o lado rombo de uma faca.
Vaze-a para uma travessa de ir ao forno, faça uma depressão ligeira ao centro onde vai colocar as lascas de bacalhau, enfeite à volta com rodelas de ova cozida
Retire do forno, passe um fio de azeite muito bom (usei Romeu) sobre o bacalhau, salpique com um pouco de coentro fresco