sábado, 22 de outubro de 2011

Sopa (quente) de Melão Político

                  Se é verdade que em matéria de melancias e ananases consegui desenvolver uma técnica de escolha imbatível, já nos melões (e ainda mais nas meloas), sucede-me amiúde ser enganado por exemplares que, cumprindo todos os requisitos de excelência no que respeita a peso, aroma, lisura da casca, indícios de maturação e demais promessas benfazejas, saem depois umas porcariazinhas desenxabidas e incomestíveis. A analogia inevitável que se estabelece com quem tudo promete e depois nada cumpre (ou só cumpre a parte má), levou-me a denominar estes frutos de qualidade abjecta como Melões Políticos!

Penso que todos já tivemos alguma vez essa sensação de ver um melão político a afastar-se em direcção ao lixo, incólume, apenas com o sorriso rasgado pela fatia única que comprovou o desastre, a rir-se da nós e da nossa impotência pela incompetência da escolha.
É por pensar que nunca um melão, um político ou um melão-político se deve poder rir de nós, que vos deixo esta receita deliciosa de uma forma de lhe dar um destino condigno que, longe de ser uma vitória de Pirro, constitui uma sopa magnífica, para o corpo e para a alma.

Ingredientes:

1 Melão Político
Courgette
Cebola
Alho
Sal e pimenta
Azeite
Alface
Coentros frescos

Preparação:

Tire a casca ao melão, fina, bem como as pevides, parta-o em pedaços e coza-o juntamente com metade do seu peso de courgette também descascada, uma cebola, dois dentes de alho, sal e pimenta e um fio de azeite. Esta é uma sopa em que queremos preservar o sabor do “político” que acabou feito sopa, pelo se usam complementos de sabor quase neutro, cebola e courgette e não há qualquer refogado prévio.
Passe no liquidificador ou com a varinha; se quiser dar uma textura coza por breves minutos umas folhas de alface em juliana fina e sirva salpicada com coentros frescos.
É, definitivamente, o melhor destino a dar aos políticos que nos saem na rifa.  

6 comentários:

anna disse...

E já me fizeste rir com o melões políticos... que nome tão bem apanhado!
Bom foi saber que podem ter um fim quase glorioso, pelo menos um fim digno e capaz de não deixar ninguém com um grande «melão»... já o mesmo não se poderá dizer dos apelidos dos melões.
Beijinhos.

tarapatices disse...

Boa tarde,

Li o seu post sobre curtir as azeitonas (http://outrascomidas.blogspot.com/2009/10/curtir-azeitonas.html) e fiquei com uma dúvida que gostava de saber se me pode ajudar? Será que se podem guardar as azeitonas em garrafões de vidro em vez de garrafões de plástico? E têm que ser logo retalhadas quando se apanham ou podem esperar uns dias? Peço desculpa, mas apanhei azeitonas pela primeira e fiquei na dúvida.

Obrigada pelas explicações no post, servirão de ajuda nesta nova etapa.

Sandra

Luís Pontes disse...

Sandra,
pode usar qualquer recipiente, desde que o possa fechar bem. A azeitona pode aguentar-se por uns dias desde a apanha até ao retalhar, se não estiver muito madura e estiver completamente seca. Se tiver de esperar mais que 2-3 dias, conserve-a em água com sal, umas 2 colheres de sopa por litro e retalhe-as depois quando puder, retomando então o processo.

tarapatices disse...

Foram apanhadas hoje, vou retalhá-las, então, amanhã. Muito obrigada pela ajuda!

Paula disse...

Não sei se gostei mais da receita se do texto e do seu sentido de humor!...

susana disse...

Obrigada pela receita, fiz hoje e ficou deliciosa. Acrescentei meio pepino (o melão estava demasiado maduro, por isso virou sopa) e deixei cozer os coentros alguns minutos no fim. Juntei uma colher de iogurte antes de servir e também combina.