As coentradas
alentejanas e do Sul, ao contrário das demais que são quase sempre pratos frios,
vinagretas com alhos e coentros que se comem como petisco, constituem
verdadeiros pratos, quentes e substanciais.
Dentre várias possíveis, avultam os pezinhos de coentrada, maneira sublime de consumir a última porção dos membros de um porco, vulgarmente designados por unhas, pés ou pontas do chispe.
Dentre várias possíveis, avultam os pezinhos de coentrada, maneira sublime de consumir a última porção dos membros de um porco, vulgarmente designados por unhas, pés ou pontas do chispe.
Melhor que pezinhos de coentrada feitos com as unhas de um
porco, só mesmo se feitos com a versão infantil do bicho, o saborosíssimo leitão.
Se até há pouco tempo era quase impossível arranjar pés de leitão, que eram sempre assados inteiros, desde que estes se começaram a confeccionar de outras maneiras, passou a haver oferta de pezinhos e orelhas dos pequenos suínos e com eles os pezinhos de coentrada, agora pezinhos na verdadeira acepção da palavra, ganharam toda a sua glória.
Se até há pouco tempo era quase impossível arranjar pés de leitão, que eram sempre assados inteiros, desde que estes se começaram a confeccionar de outras maneiras, passou a haver oferta de pezinhos e orelhas dos pequenos suínos e com eles os pezinhos de coentrada, agora pezinhos na verdadeira acepção da palavra, ganharam toda a sua glória.
São estes pezinhos de leitão de coentrada que constituem a
minha participação nesta 86ª Trilogia
com a Ana e o Amândio, prato que não podia estar mais bem encaixado no tema “improvável”*.
Ingredientes:
Pezinhos de leitão
Cebola
Cravinhos
Sal e pimenta
Alhos
Farinha
Coentros
Azeite
Vinagre
Preparação:
Amanhe e lave os pezinhos para tirar alguns pêlos que
ainda tragam.
Abra longitudinalmente cada pezinho pela linha que divide
os dois dedos por que é formado
e retire os últimos pêlos que sempre ficam
entre as pontas das unhas.
Coza-os juntamente com uma cebola na qual se espetam
alguns cravinhos, na panela de pressão por cerca de 40 minutos.
Retire a cada dedo os ossos das segunda e terceira
falanges, deixando apenas a falange correspondente à extremidade do dedo.
Pise no almofariz, alhos, pimenta e sal grosso e refogue a massa resultante, sem deixar alourar, em
azeite.
Junte então um pouco de farinha dissolvida em vinagre, um
molho de coentros frescos picados
e caldo da cozedura e leve ao lume, mexendo,
até ter um molho espesso.
Introduza então os pezinhos neste molho, deixe apenas
levantar fervura
e sirva bem quente sobre uma fatia de pão firme, como o pão
alentejano, de qualquer modo nunca pão do próprio dia.
Nota:
*Quando
propus aos meus companheiros “trilógicos” este tema tão marafado, não fazia a
mais pequena ideia do que iria fazer ou sequer o que seria um prato ou uma
cozinha “improvável”. Coisas que nos passam pela cabeça...
Felizmente, a língua portuguesa,
sempre tão especializada em traições de todo o género, veio em meu auxílio e
assim, em vez de tentar arranjar alguma receita retorcida ou inusitada, preferi
uma que fosse improvável por eu não a conseguir provar, que é o caso deste e de
todos os outros pezinhos deste mundo.
(algo me diz que há quem vá achar
isto, não só improvável, como imperdoável…)
3 comentários:
Fez-me rir :-)
Já eu, se estivesse a morrer de fome, até seria capaz de provar os pezinhos. Coentros é que não... diabos de peste que está por todo o lado!
Oh Luís, não sabe o que perde!...
Verdade que não há extremidades mais extremas, Luís... já me fizeste rir (e bem), só de te imaginar a prepará-los e depois quem andou a comer os ditos cujos todos...
Perdoam-se os coentros!!!
Beijinhos.
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