Um arroz de línguas é sempre
uma festa, dada a excelência culinária desta maravilhosa parte da cabeça do
bacalhau, riquíssima em sabor e geleias.
Tradicionalmente, trata-se de um
arroz malandro mais ou menos avermelhado pelos carotenóides do tomate e de
algum pimentão, como vos descrevi aqui, mas na verdade as línguas de bacalhau
prestam-se a abrilhantar outros tipos de confecção e serviram hoje para que vos
pudesse falar dessa erva incrível e, pode dizer-se, desconhecida, que é o
coentro.
O gosto pelos sabor e aroma do Coriandrum sativum não é de forma alguma universal e pacífico,
tendo eu um grande amigo madrileno que, como a maioria dos madrilenos, se torce
de repugnância ante o coentro e jura que lhe cheira igual a urina de gato!
De facto, esta planta tão singela
quanto maravilhosa é uma mestra da dissimulação e do disfarce, apresentando
aromas bem diferentes consoante o seu estádio de desenvolvimento e a parte que
se utiliza.
Desde o aroma das folhas, o mais
conhecido e o único a que se acede nos raminhos que hoje se vendem,
normalizados, sempre iguais, nos supermercados, ao sabor único dos espigos
floridos que se usam nas favas, ao perfume delicadíssimo e pungente das
sementes semi-verdes que se usam em perfumaria, licores e confeitaria, das
sementes secas tão usadas nas cozinhas orientais e parte integrante do caril,
aos talos das plantas já bem desenvolvidas (mas não espigadas),
que com o seu
aroma a aipo e resistência ao calor, são algo de totalmente diferente das
usuais folhas verdes e que hoje aqui vamos aproveitar para opípara refeição quaresmal.
Ingredientes:
Línguas de bacalhau
Azeite
Cebola
Alho
Arroz redondo (ou carolino)
Pés de coentro (os talos)
Sal e pimenta
Preparação:
Se usar as tradicionais línguas
de salmoura, deverá contar com um mínimo de 24 horas e várias águas para
perderem o excesso de sal. Poderá usar, sem perda de qualidade, excelentes línguas
frescas, congeladas.
Refogue a cebola e os alhos,
ambos picados, em azeite e, em seguida junte o arroz e a pimenta.
Mexa até que
o arroz fique translúcido e junte então os talos de coentro
e água, que deve
ser o dobro do volume de arroz.
Quando ferver, baixe o lume e
tape, mexendo frequentemente para libertar o amido do cereal.
Quando o arroz estiver quase
cozido, introduza então as línguas
e continue a mexer até o arroz estar quase
seco.
Adicione por fim mais água fria,
o mesmo volume que o de arroz cru, mexa energicamente para que fique bem
cremoso e sirva.
3 comentários:
Belo arroz, sim senhor :)
Um que não precisa de tomate para nada.
Hummm...deve ser uma delicia.
http://virandocomida.blogspot.com
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