“Emaille Brattopf”, cuja
tradução literal do alemão fica bastante estranha, algo como “panela ou cuba de
torrar em esmalte”, designa afinal este maravilhoso utensílio em ferro
totalmente esmaltado que faz parte dos artefactos existentes em qualquer cozinha familiar austríaca onde desempenha o papel que entre nós damos às panelas de ferro com pés, às cataplanas, às caçarolas, púcaras e demais recipientes para cozinhar fechados por uma tampa..
Esta Brattopf em ferro e com um esmalte espantoso tem ainda a vantagem de ser especialmente adaptada a cozinhar no forno e na cozinha austríaca quase tudo se pode fazer aqui, até pão!
Oferta recente da minha filha que
reside em Viena, decidi estrear o meu novo “brinquedo” culinário assando nele,
devagar, a peça do porco que prefiro entre todas, o cachaço, aproveitando todas
as potencialidades da atmosfera húmida no que respeita à conservação de sucos, deste
segundo pequeno forno dentro do grande forno.
Claro que não estou a sugerir que
façam uma viagem à Áustria para adquirirem um Brattopf (mas se lá forem não deixem de trazer um), até porque se
pode obter o mesmo efeito numa caçarola esmaltada que possa ir ao forno
(atenção às asas).
Ingredientes:
Cachaço desossado
Sal, pimenta, alhos, pimenta da
Jamaica e pimentão doce fumado
Vinho branco
Banha
Cebolas
Preparação:
O cachaço é a peça de onde se
costumam cortar as costeletas do mesmo nome, também chamadas do fundo. Depois de
retirado o osso, fornece uma carne suave e suculenta, cheia de veios gordos que
lhe dão um sabor único. Geralmente, sai mais em conta comprar o bloco com osso
a preço de costeletas do fundo e desossar depois ou mandar fazê-lo no talho,
aproveitando ainda uns ossos do espinhaço para fazer um caldo ou enriquecer uma sopa.
Deixe o cachaço por vinte e
quatro horas no frigorífico, mergulhado em água gelada a que adicionou sumo de
limão (ou vinagre). Isto serve para que a carne se hidrate e perca qualquer
excesso de sangue que contenha.
Seque a peça, tempere-a com sal,
pimenta moída, alho esmagado, pimenta da Jamaica e pimentão doce fumado,
envolva-a com película plástica ou feche-a num saco e deixe no frio por mais um
dia.
Lave bem a peça num copo de vinho
branco, de modo a retirar os temperos que se queimariam a seguir dando mau
sabor ao cozinhado e reserve o vinho da lavagem.
Seque o cachaço e sele-o numa frigideira em banha
e lume muito forte, todo à volta até estar uniformemente alourado.
Forre o fundo do recipiente de
forno com rodelas de cebola com um centímetro de espessura, coloque sobre elas
a carne selada (sem a picar), regue com o vinho temperado,
tape e leve ao forno
a 160ºC por 90 minutos, sem destapar.
O tempo no forno depende de
muitos factores, de entre os quais avulta o tamanho do cachaço, que pode ir de
750g a 2kg. A partir da hora e meia de forno, deverá medir a temperatura no
interior da peça com intervalos de 15 minutos, utilizando sempre o mesmo furo
para não secar a carne. Retire quando a temperatura no centro do cachaço
atingir 80ºC.
Haverá uma grande quantidade de
líquido a rodear a carne.
Reduza-o levando-o ao lume forte numa frigideira
destapada e volte a juntá-lo à carne.
Tendo ficado sempre protegida pela
atmosfera húmida que se formou dentro da caçarola, a carne assou devagar e
manteve o seu interior rosado e suculento.
Sirva com os acompanhamentos que
mais gostar.
5 comentários:
Pois, ficou bonito. Eu também gostava de ter um aparelhómetro assim para fazer esse cachaço, mas não estou a ver ninguém que vá à Áustria, embora na Alemanha também deva haver, pois há décadas que uma tia que foi emigrante lá faz os assados numa coisa assim. :-P
Não podia ter melhor entrada no mundo das comidas, com esse belo cachaço carregadinho de bom aspecto.
Surpresa!!!! quando quero uma receita garantidamente boa venho aqui à procura, e não é que já cá está outra vez?
Já estava preocupada com o que teria acontecido, pois nem no contrapeso havia coisas novas...
Desejo-lhe um ótimo regresso e agradeço-lhe a partilha de todas as coisas boas que aqui estão. Obrigado. Esperança Alegre
Luís Pontes
Foi com satisfação que verifiquei o seu regresso.
Não sou grande frequentador de Blogues. Mas este é para mim uma referencia e que muito me tem ajudado. Por isso receba um grande abraço e o desejo de muitos e bons petiscos
Vítor Antunes
Adorei e salivei....Para uma ex vegetariana...e bailarina, jà se sabe, nao como muito...mas agora desforro-me! Abraço!
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