No tempo em que eu andava na escola
primária, tinha um secreto orgulho na tapioca, sobremesa que, ao ser
mencionada, provocava nos meus colegas o espanto da completa ignorância sobre a
delícia descrita e da minha parte o tal sentimento de superior exclusividade:
eu era o único miúdo da escola que sabia o que era tapioca!
A tapioca tinha entrado em minha
casa pela mão da minha tia-avó, que por sua vez a tinha trazido dos tempos em
que viveu na Guiné e era usada as mais das vezes como alimento-remédio, um
conceito que hoje se perdeu mas que era então comum e englobava sabores
especiais para convalescenças, os caldos de carneiro, os xaropes de cenoura e,
para os assuntos gástricos e intestinais, a deliciosa tapioca doce com as suas
bolinhas gomosas e sabor a arroz doce.
Antes de prosseguir e porque a
designação “tapioca” não é consensual e quer dizer algo bem diferente conforme se refira em Portugal ou
no Brasil, que fique desde já assente que esta tapioca de que eu falo é a
variedade granulada de amido de mandioca,
que nalgumas regiões do Brasil se
chama “sagu” e não a outra fécula em pó finíssimo, os polvilhos, com que se
fazem aqueles conhecidos pães de queijo e, no Nordeste, o delicioso e
estaladiço beiju (que um dia destes aqui vou deixar).
A tapioca atravessou séculos
confinada a um estatuto de ingrediente étnico e só recentemente foi acordada
desse torpor e entrou na senda da globalização das cozinhas e das modas gluten-free, sendo hoje já mais conhecida e até figurando em
algumas cozinhas “estreladas” talvez pelo seu aspecto graficamente sedutor, todas aquelas bolinhas
transparentes, brilhantes e passíveis de saborizar, colorir e aromatizar. Tenho-a
usado em coloridos acompanhamentos “light” (esta uma tapioca de cúrcuma),
mas hoje trata-se aqui da boa e velha tapioca doce!
Ingredientes:
50g de tapioca granulada
0,5l de leite
125g de açúcar
2 gemas
Vidrado da casca de um limão
1 pitada de sal
Canela em pó q.b.
Preparação:
Leve o leite ao lume e quando
ferver adicione a tapioca em chuva e mexendo sempre para que não se cole.
Normalmente indica-se demolhar previamente a tapioca mas, experimentada a
técnica, não mostrou qualquer vantagem sensível, pelo que optei pela introdução
directa, a seco.
Deixe fervinhar mexendo de vez em
quando até a tapioca estar cozida, o que se vê quando as bolinhas que primeiro
são brancas e depois transparentes com um núcleo branco se transformam em
esferas gelatinosas e totalmente transparentes.
Junte então o açúcar e o
vidrado do limão, deixe ferver por mais dois ou três minutos, retire o limão e junte por fim duas gemas sem a película que as contém, mexa bem e leve mais um minuto ao lume
antes de passar para um recipiente de serviço.
Deixe amornar antes de polvilhar de canela.
Deliciosa assim morna e cremosa,
gosto especialmente dela depois de fria, com a sua consistência apudinada
e os
pequenos globos a pedirem na boca para serem trincados…
3 comentários:
Conheço a tapioca de toda a vida! Adoro... por coincidência acabei de a comer ao pequeno-almoço :)
Adoro tapioca!!!Costumo fazer esta receita,em alternativa para o pequeno-almoço, adiciono manga,hum,tão bom. :)
Querido (a) amigo (a) estou dando uma passadinha no teu Blog. E gostei muito e voltarei sempre. U abraço: Manoel Limoeiro de Recife - PE.Brasil.Visite o Blog por favor: http://www.grupounidoderodafogo.blogspot.com.br/
Recife -PE. 08 de junho de 2015.
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