Andava há já uns tempos a pensar testar a técnica descrita no Avental do Gourmet, um blog que é uma referência, infelizmente inactivo desde Janeiro.
Trata-se de conseguir cozinhar um bife de novilho durante mais de 15 minutos, sem comprometer a sua suculência e tenrura. É obra sim senhores e a oportunidade surgiu hoje quando vi no expositor das carnes um magnífico acém cheio dos indispensáveis veios de gordura que atestam a sua qualidade e sabor. Nem sempre se encontra um acém assim e quando ele aparece há que não hesitar. Eu não troco o acém por qualquer outra peça de um bovino; é tenro, é cheio de sucos e de sabor, tem contra si o facto de ser um bocadinho “escangalhado”, mas também por isso mesmo custa metade do preço de um lombo. E coitadinho do lombo na vertente sabor!
Mandei cortar um bife alto que depois separei em dois. Porque tive a manhã quase livre para estas lides, meti mãos à obra, segui os passos há muito teorizados e o resultado foi um almoço a raiar o divino, apenas manchado pelo facto da última foto, a que atestava a suculência final da carne, ter ficado imprestável, sei lá porquê. Terão de acreditar em mim e experimentar esta iguaria que, definitivamente, me faz não ser vegetariano!
Ingredientes (2 pessoas):
450g de bife de novilho do acém comprido
1 rolo de massa folhada
2 colheres de sopa de queijo Roquefort
2 colheres de sopa de nata líquida
Flor de sal e pimenta preta
Azeite
Acompanhamento q.b.
Preparação:
Aqueça bem uma frigideira, em seco, deite-lhe apenas umas gotas de azeite e logo um dos bifes, deixando-o apenas por segundos de cada lado, sem esquecer as laterais, que ficam assim tostados e perfeitamente selados. Retire-o, faça o mesmo ao outro bife, tempere-os de um lado com Flor de sal e pimenta preta moída na altura. Ponha-os no frigorífico durante pelo menos duas horas para ter a certeza de que ficam bem frios por dentro. No meu caso, porque não dispus das duas horas, estiveram ainda meia hora no congelador.
Seque bem os bifes e barre-os de um lado com uma pasta de Roquefort esmagado com um garfo e nata. Cubra os bifes com massa folhada fina, pincele com gema de ovo diluída num pouco de água e leve a forno quente (200ºC) até a massa cozer e ficar dourada, o que, no meu caso, levou 14 minutos.
A massa folhada, a pasta de Roquefort, a selagem e a baixa temperatura inicial da carne, permite-lhe passar incólume este quarto de hora de cocção da capa e manter a humidade interna, realçada na boca pelas partes estaladiças do folhado. Um must!
Acompanhei com um arroz simples de manteiga, meio malandro, e uma courgette recheada de cenoura.
Nota:
Este é daqueles pratos que “choram” por um bom vinho. Lamentavelmente, não bebo ao almoço quando ainda vou sair à tarde, que era o caso hoje, pelo que ficou já marcada uma segunda edição, desta feita será ao jantar!
6 comentários:
Uma receita que me agradou bastante. Nos finais de semana, gosto de preparar pratos um pouco diferentes dos do dia-a-dia e este vou experimentar.
As dicas de preparo são ótimas.
Sou uma "naba" a comprar carne, por isso para mim estas considerações sobre o que é bom e porquê, são uma preciosidade.
Boa semana
belíssimo prato!
adorei a dica e hei de tentar!
Curiosamente também tinha visto esta versão do bife Wellington no avental do gourmet e quis experimentar, mas fui adiando, adiando... e ainda não fiz. É uma proposta muito interessante.
O Luís agora pôs-me a pensar; então aqueles bifes escangalhados são melhores que os bifes do lombo???
A minha mãe também é adepta dessa sua teoria: ela adora bifes do acém escangalhados e com veios de gordura...
Beijos.
Luis, nao me canso de dizer que adoro as suas receitas, e sou igualmente apreciadora de um bom bife de vaca, alto e com todas as suas gorduras! Adoprei a receita, ams diga-me, o bife ficará bem passado certo?? Eu adoro é a carne mal passada... fiz uma vez uma receita deste genero mas com lombo, e sim ficou mal passado porque era um pedaço bem grande de carne, agora com bife ( dava me mt mais jeito) tenho algum receio, nao??
Ah e grande falha a falta dum bom vinho com este bife :)
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