sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Chaputa com Alheira en Croûte de Pain (by me)











Era promessa antiga e “prometido é devido”!

Há muito tempo, a Anna desafiou-me para fazer um peixe “en croûte de sel", prato que tem o condão de me irritar, não por um mas sim por vários motivos. Na altura eu disse à Anna que, com sal, nada feito, mas que faria um outro, esse sim, magnífico: o peixe “en croûte de pain”, peixe embrulhado em massa de pão, que é a sua mortalha e posterior acompanhamento.

Durante todo este tempo, a Anna teve a delicadeza de nunca mo lembrar e eu fui mantendo a ideia num limbo dos agendados para quando houver tempo assim a sobrar, que isto dá um bocadinho de trabalho.

Foi ontem!
Tinha tempo, tinha fermento, tinha a família reunida para o jantar, a dificuldade era que o peixe era chaputa, pouco indicado para lides de forno. Afinal, acabou por ser o “toque de Midas” deste prato. É que a beleza destes peixes no pão são os seus sucos gordos que vão passando para a crosta, de dentro para fora, temperados, durante a cozedura, e com chaputa, quais sucos? È carne firme, saborosa, mas algo seca, boa mesmo para filetes.

Mas se Maomé não vai à montanha... e chaputa não tem sucos de geito, há que dar-lhos.
Toucinho fica com sabor a torresmo, azeite escorre e só embebe a parte de baixo .... et voilá!
Solução “Cupido”!
Uma bela alheira de Mirandela, que por acaso se revelou de Seia à chegada a casa, umas fatias de queijo tipo flamengo Terra Nostra que andava pelo frigorífico, fizeram deste prato o primeiro em muito, muito tempo que não só teve nota máxima unânime, como direito a nem um único reparo, o que, da minha exigente família , é um feito!

A originalidade teve direito a batismo: “Chaputa com Alheira en Croûte de Pain, (by me)”.

Ingredientes:

Filetes de uma chaputa com 1,2 Kg (guarde a cabeça e a barbatana caudal)
1 Alheira grande (350g)
4 fatias de queijo flamengo ou parecido
Massa de pão em meia fermentação (fiz mais ou menos 600g de farinha)
Sal, pimenta e coentros picados

Preparação:
Divida a massa de pão, que deve estar bem firme, em 4 partes e estenda uma delas um pouco maior que o tamanho de um dos filetes. Divida a alheira em duas, tire a pele e espalme cada metade do tamanho de um filete.
Polvilhe um tabuleiro de forno com farinha, disponha a massa, depois alheira, em cima um filete, tempere-o, ponha o queijo a cobrir, o outro filete, tempere, por fim a segunda metade da alheira. Componha e tape com duas das porções de massa, também esticada de modo a ficar com a espessura de um dedo (mindinho).
Introduza a cabeça e a cauda, molhe um dos bordo da massa com água e pressione para fechar bem. Se houver massa a mais corte e retire. A boca do peixe funciona como o único respiradouro para o vapor.
Enfeite com tiras feitas com a última porção de massa, faça umas barbatanas decorativas, cole-as com um pouco de água e deixe acabar de levedar por mais uma hora ou até ver o volume duplicar. (eu vazei o olho do peixe e enchi com massa até à face. Estava pronta quando tinha saído outro tanto).
Leve a forno muito quente por 12-15 minutos e depois em forno brando por mais 45, para ter a certeza que fica bem cozido. Se necessário proteja com papel de alumínio para não queimar o pão.
Servi com bróculos.

2 comentários:

anna disse...

Magnifica ainda é pouco para definir esta chaputa... como é que o Luís poderia achar alguma piada ao peixe ao sal, depois de conhecer este em crosta de pão, em que nada se desperdiça?(lembro-me que foi o Luís quem disse isto e deixou-me a pensar)...
A ideia da alhera foi sublime!
O resultado final, pelo menos o visual e o que a minha imaginação deixa adivinhar, está muito para além do que se poderia considerar Muito Bom.
Parabéns e obrigada!

cupido disse...

Sim senhor, grande proposta. Deve ter ficado uma maravilha. Só encontro um pequeno paralelo com as minhas sardinhas na telha, que assam em cama de farinha de milho. No fim, se se quiser comer a farinha com a gordura que escorreu das sardinhas é uma delícia.