terça-feira, 26 de maio de 2009

TIBORNADA

Nunca contei quantos comentários honraram as já centenas de posts que povoam os meus blogs.
Serão muitas centenas por certo e, de todos eles, só tive de retirar um, porque era pessoal e incorrecto, apesar de se adivinhar gerado por um mal-entendido qualquer que nunca cheguei a perceber e que SB nunca achou por bem explicar...
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Vem isto a propósito de uma "segurança", amizade e bom ambiente que impera por este cantinho da Blogosfera e que o torna tão diferente da mainstream, agressiva, anónima, imprevisível e que, naturalmente, aconselha por vezes a chamada moderação de comentários que, por ser prévia à publicação, corre sempre o risco de ser, e é uma ...... censura!
Eu ainda vivi a dita, que se chamava eufemisticamente, Comissão de Exame Prévio, sofri na pele estudantil esse insuportável jugo e nunca, mas nunca mesmo haverá comentários "moderados" nos meus blogs!
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Estará agora a perguntar-se quem aqui chegou na leitura, a que propósito ou despropósito veio esta introdução. A resposta é simples: é que a Tibornada que hoje vos trago foi inspirada numa conversa informal e off the record com o dono de um dos blogs mais emblemáticos e criativos deste cantinho, o Cupido, do blog Garficopo.
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Além da excelente cozinha e melhores vinhos a que nos habituou, o Garficopo era um sítio de conversa. Às vezes futil, às vezes tola, quase sempre bem-disposta como devem ser as conversas com os amigos à volta de um copo, que se forem didáticas e filosóficas não são conversa são aula!
O Garficopo continua a ser um blog de mestre mas a conversa foi-se, a coisa fechou portas à comunicação de retorno e nós ficámos mais pobres, afinal receitas é o que há mais, enjôam tantos milhões de excelentes receitas e faltam esses minutos, esses segundos preciosos em que dizíamos, se calhar, apenas "olá Cupido".
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Por causa dessa comunicação que os blogs abertos propiciam, desta vez com a Mariana, do Caos na Cozinha, passei a ter uma visão bem mais ecológica do consumo do meu peixe favorito, o bacalhau. Fruto de pesca não-sustentável e integrando o livro vermelho de espécies ameaçadas da Greenpeace, o bacalhau passou de peixe de todos os dias a peixe de "dia especial".
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Uma Tibornada é uma festa e deve ser encarada assim.
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Já na sua origem era um prato que se comia uma vez por ano, durante os trabalhos de lagaragem do azeite. Era a primeira prova do azeite acabado de extrair no lagar.
Foi assim a minha Tibornada:
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Ingredientes:
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1 posta de bacalhau "crescido", por comensal.
4 batatas novas, idem
4 dentes de alho, idem
0,5dl de Azeite Extra Virgem, idem
Sal e Pimenta Preta moída na altura
Pão (merendeiro) duro para a Tiborna
Azeitonas
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Preparação:
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Demolhe as postas de bacalhau pela técnica habitual para a altura do ano em que está a demolhar.
Asse-as depressa em carvão bem esperto e desfaça-as em lascas grandes. Disponha à volta do bacalhau as batatas assadas com casca e semi-esmagadas com o tradicional "murro", salpique com azeitonas e pimenta e regue tudo com o azeite quente onde alourou os alhos cortados às fatias.
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O pão que acompanha esta refeição é a Tiborna, que dá o nome ao prato e que constitui talvez o mais delicioso "pão de alho" de todo o Mediterrâneo.
Na Azambuja chama-se Torricado e será a estrela do próximo post.
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6 comentários:

Anónimo disse...

Luís, nós por cá dizemos que comemos bacalhau só no Natal. Às vezes o Natal repete-se em Junho, ou em Março que é quando faço anos e pronto, também mereço. Mas deixou de ser peixe de todos os dias, também. Com grande pena minha, que adoro bacalhau. E essa tibornada está aqui a deixar-me vontade de que seja Natal um destes dias...

Quanto às conversas... Acho que é dos lados mais interessantes dos blogs. Dos que mais nos enriquecem porque, como disseste, receitas há aos milhões, pela internet afora. Infelizmente, no meu blog teve de haver alguma censura - ou protecção pessoal - porque arranjei uma anti-fã, que de vez em quando passa por lá para me insultar. Enfim, esses nunca vêem luz do dia. Mas são os únicos! :)

Beijo *
Mariana

Patanisca disse...

Azeite, alho e bacalhau... uma das minhas combinações preferidas e, muitas vezes, não me lembro de fazer esta receita tão simples e tão deliciosa. Vou fazer brevemente :)

Susana Gomes disse...

Achei o post muito acertivo.
É engraçado que tb foi a Mariana que me fez despertar para um consumo regrado do bacalhau, pois apesar de ter conhecemento da sua escassez, não o tinha em conta quando decidia tê-lo à mesa.
Agora tb cá em casa o bacalhau se tornou iguaria de festa.

Esta receita está à altura da ocasião: gostei muito e deve ser uma delícia.

Que os comentários e a troca de ideias por aqui se mantenham ricos e espirituosos!
:)

Moira disse...

Concordo em relação aos comentários, acaba por ser um espaço de conversa amigável e enriquecedora. Felizmente nunca tive um anti-fã como a Mariana, cujo blog é sempre agradável de visitar.
Agora em relação à comidinha, eu também já faço muito pouco bacalhau, talvez três a quatro vezes por ano, e se o mesmo está com um aspecto delicioso, o pão não lhe fica nada atrás e como não conheço vou esperar ansiosamente pela receita.
Cumprimentos
Moira

ameixa seca disse...

E eu que tanto gostava de "espicaçar" o Cupido e ele bateu-me com a porta na cara :) Se calhar até foi por isso que ele optou por retirar os comentários!
Há algum tempo atrás recebi uns comentários muito impróprios, era um a seguir a outro sem parar. Optei por moderar os comentários durante uma noite. No dia seguinte retirei o "censor" e nunca mais obtive comentários desagradáveis!
Bacalhau é bacalhau e é uma pena que esteja em extinção, porque é o que mais gosto de comer... se for acompanhado de batatas novas ainda fica melhor :)

anna disse...

O Luís conseguiu deixar-me de água na boca, mais uma vez...
Tenho tido sorte com os comentadores no meu blog, até hoje só apaguei um que achei menos próprio...
Próprio para a minha gulodice era esta tibornada!
Beijinho.