Para satisfazer cozinhas e mesas
ricas, tiravam-se então aqueles cristais que se iam formando à superfície da
água salgada dos tanques em dias de calor e que, nunca tocando no fundo, saíam
limpíssimos e brancos como neve. Chamavam-lhe “flor do sal” e, com a chegada
das refinações de sal da era industrial caiu num quase esquecimento até que há
poucos anos, algum marketing salineiro aliado à insaciável sede de novidade de
alguma gastronomia a fez renascer das cinzas e tornar-se num dos produtos mais desejados
e míticos das nossas mesa e cozinha.
De facto, não há qualquer
diferença qualitativa entre sal e flor de sal, a não ser no tamanho dos
cristais, grandes para o sal comum e pequeníssimos no caso da flor de sal, o
que não invalida que a flor de sal tenha um comportamento organoléptico
claramente superior ao do sal comum, por mais fino que este seja e também que seja
absoluta tolice o uso de flor de sal, um produto caro, para qualquer outro fim
que não seja um tempero de cobertura, em que não vai haver dissolução antes de
ser comido, já que flor de sal dissolvida é...sal.
O processo de produção da flor de
sal nas salinas, pode ser facilmente recriado em nossas casas, dando origem a
um produto de altíssima qualidade e a um preço irrisório.
Ingredientes:
Sal não-refinado (1kg)
Água (2,5l)
Preparação:
Leve ao lume a água e o sal. Deixe
ferver uns minutos, mexendo sempre para facilitar a dissolução, após o que
obterá uma solução fervente saturada com algum sal no fundo que a água já não
consegue dissolver.
Ponha o calor no mínimo e deixe
em repouso, o que levará a que dentro de alguns segundo se comecem a formar à
superfície cristais pequenos como pó
que vão confluindo até formar uma placa
superficial de sal, a flor de sal.
Com o auxílio de uma rede fina
(usei um passador de chá) vá retirando esta fina placa,
enxugue o exterior da
rede num papel absorvente para retirar o excesso de água e vaze as palhetas
numa superfície seca. Volte ao tacho onde já está formada uma nova película, retire-a, etc.
Seque ao sol a flor de sal assim
formada,
guarde num recipiente fechado, já que o sal integral, pela presença de
cloreto de magnésio, tem tendência para absorver água a partir do ar e ficar
húmido.
.
1 comentário:
Vi há uns dias na tv, que na Dinamarca produzem há séculos o sal com recurso ao calor de lenha a arder(por não terem sol e gostarem de temperar a comida) e agora ao ler o teu texto lembrei-me disso. São coisas que não sendo novas, nos surpreendem sempre, ao contrário da actual moda dos tv chefs portugueses que temperam tudo com flor de sal como se o sal tradicional tivesse acabado ou não prestasse.
Enviar um comentário