Na verdade, acho que “cozinha de Inverno” é aquela que nos sabe particularmente bem quando chega o frio e que, mesmo com a casa bem aquecida, nos faz arrepiar à ideia de um gélido gaspacho ou uma refrescante saladinha e, pelo contrário, ansiamos por aqueles pratos fumegantes, quentes por dentro e por fora, os cozidos, os empadões, as feijoadas e, claro, as boas e insubstituíveis sopas.
Sopas, há-as de duas espécies, as fáceis e as outras, as de receita e as da alma. Se das primeiras falo sem rebuço e com o à vontade que nos dão as receitas certinhas, ele é o caldo verde, ele é o gaspacho de cá ou de lá, la zuppa da mamma, la soupe quelque chose que vem em todos os livros, blogs e pasquins de receitas, já das outras, sem nome nem griffe, nossas, íntimas, telúricas, impossíveis de transmitir numa receita, às vezes impossíveis até de repetir porque transportam em si momentos e emoções irrepetíveis, não me agrada falar, como de coisa sacrílega se tratasse.
Mas hoje é mesmo disso que se trata: uma sopa minha, única, pessoal e de época fria, que aqui deixo na esperança que vos possa servir de rastilho a outras também únicas e pessoais, porque estas sopas merecem mais do que ser repetidas ou imitadas.
Ingredientes:
Peito de borrego
Azeite
Pimenta preta
Alhos
Cenoura
Nabo
Couve tronchuda
Feijão catarino
Batata pequena
Sal
Pão duro
Preparação:
Coza os pedaços de peito em água com os alhos, sal e pimenta, durante cerca de 40 minutos.
Junte cenoura e nabo em pedaços grandes e alguma couve portuguesa, se possível da chamada “tronchuda” e deixe cozer por mais 20 minutos. Adicione então o feijão cozido, a batata em cubos pequenos e um fio de azeite e deixe cozer mais 10 minutos em lume brando. Apague e deixe mais 10 minutos tapada e em repouso e sirva então, muito quente sobre uma fatia de pão duro. Se o borrego for já muito gordo, corte com uma folhas de hortelã.
O Outras Comidas deseja a todos os seus amigos e visitas, um Bom Natal.
5 comentários:
Votos de Boas Festas e um Feliz Natal.
Isto do borrego na sopa tem que ter muito do sentido do gosto para aí virado. Coisas boas deste pikeno jardim que apesar de tudo, não é só povoado por idiotas.
Esta foi mais uma trilogia que me fez lembrar como estas nossas partilhas são boas.
Grande abraço.
Agora deste-me vontade de fazer a minha sopa de borrego... é bem diferente desta tua, mas bem deliciosa.
Uma trilogia quentinha esta!
Beijinhos.
É verdade: mais uma festa k se aproxima. Bom Natal para todos.
Esta receita, Luís, fez-me viajar no tempo e parar na cozinha da minha avó Rosa, em Vila Verde dos Francos, onde sopas deste tipo deixavam asbarriguinhas cheias e as caras dos netos rosadas! Obrigada pelo despertar de boas memórias e aromas do passado.
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