Diz-se que "no meio está a virtude" mas verdade, verdade, quem quer isso de virtude? E onde é que ela (a virtude) anda?
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Bom, por mim, na cozinha (e não só) prefiro de longe os grandes êxitos e os clamorosos fiascos que a audácia dos extremos e das técnicas arrojadas nos proporciona, à cozinha segura, confortável, bem comportadinha, bimby (estou já a pedir perdão às indefectíveis entusiastas da maquineta, mas só o conceito de cozinha robotizada me dá uma volta...).
É por isso que eu gosto de quem tem o despudor de experimentar, de "fundir", de inventar sem vergonha, que inventores podemos ser todos nós.
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O blog do Cupido é uma lufada de ar fresco decididamente inspiradora e aquilo a que ele chamou de "Cachaço de Porco Preto de Comer à Colher" by ele, foi o que esteve na origem deste Lacão Lento que aqui vos trago.
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Ingredientes:
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1 Lacão de porco (Bola ou Rabadilha)
Temperos (sal, pimenta, colorau, alhos, louro, salsa)
2 colheres de sopa de Banha
1 colher de sopa de Azeite
1 colher de sopa de Vinagre
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Preparação:
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Barre a carne por todos os lados com os temperos, coloque-a no centro de uma folha de alumínio intacta, comece a dobrar as pontas do alumínio de modo a formar uma caixa.
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Antes de fechar a caixa, introduza as gorduras e o vinagre e feche então o alumínio como se fosse um envelope, ficando as aberturas todas voltadas para o lado de cima. Faça uma prega e enrole-a como se fosse uma costura, deixando o "envelope" herméticamente fechado.
Antes de fechar a caixa, introduza as gorduras e o vinagre e feche então o alumínio como se fosse um envelope, ficando as aberturas todas voltadas para o lado de cima. Faça uma prega e enrole-a como se fosse uma costura, deixando o "envelope" herméticamente fechado.
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Embrulhe esta caixa noutra folha de alumínio, por segurança, e ponha no forno regulado para 80ºC.
Se usar um forno a gás é imprescindível o uso de um termómetro para controlar a evolução da temperatura, pois com gás é quase sempre preciso entreabrir a porta para a temperatura não subir demasiado.
Se utilizar um forno eléctrico esse uso já poderá ser mais dispensável, apesar de eu usar sempre termómetro pois os termostatos incorporados nos fornos são tudo menos fiáveis.
Agora começa, não o tal mítico trabalhão dos confitados, mas sim uma espera quase inconsciente: Pode sair, fazer o que quiser durante 6 a 8 horas - o forno é que fica a fazer o trabalho!
Digo isto porque sempre que se fala destas conficções a baixa temperatura, logo alguém fala do pretenso esforço dispendido, do trabalho, da paciência de Job e nada é mais incorrecto. Apenas terá de preparar a refeição com algumas horas de antecedência, mais nada. É até bem simples! Com meia hora de trabalho efectivo prepara uma refeição de luxo; não se pode dizer que seja muito...
Meia hora antes da refeição, faça um furo com a ponta de uma faca na parte de baixo do papel de alumínio, deixando sair uma grande quantidade de líquido para a assadeira. Levante o lume para o máximo durante cerca de 15 minutos, trate do acompanhamento, depois abra o pacote e...
...voilá!
Acredite ou não, poderá mesmo dispensar o uso de faca por totalmente desnecessário.
Mergulhe neste mundo dos confitados e perceba porque se diz que são como uma droga: difícil, difícil é mesmo deixá-los.
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NOTA:
Estas eram férias planeadas há muito tempo e sempre adiadas por isto ou por aquilo.
O nosso vizinho do Sul, Marrocos, com o seu imenso e belíssimo Sahara e umas cultura e civilização tão distantes, será o cenário para os próximos doze dias, voltarei a estar na vossa companhia a 27.
Fiz uma experiência de gestão automática do blog durante o período da Páscoa mas, sinceramente, não gostei: isto, para mim, só dá gozo assim, com carne e osso por trás, em directo. Portanto, a partir de agora não há mais "agenda": vou de férias, o blog também!
Prometo um regresso cheio dos sabores misteriosos da cozinha magrebina, as tâmaras, os açafrões, couscous como só por lá e as incríveis tagines da Srª Aicha, na Praça Jemaa El-Fna de Marrakech.
Até dia 27!
12 comentários:
Só posso mesmo aplaudir de pé na primeira fila...
Grande preparação.
Adoro Marrocos e a sua gastronomia. Existe uma povoação entre "Safi" e "Essaouira", chamada" SEBT DES GZOULA", onde existe um largo de paragem de camionetas.
Tem dois restaurantes muito castiços. Com talho na rua e onde nos cortam a carne à nossa vontade. O borrego é divinal.
Existe um balcão exterior(nem sei como é o interior porque nunca lá entrei) cheio de fogareiros com tajines e quando chega algum autocarro o cozinheiro pega numa tajine, sem pegas nem luvas e vai direito aos passageiros fazendo uma algazarra indiscritivel. Se passar por essa zona(Safi é a capital da ceramica) não deixe de procurar essa terra. Provávelmente já conhece, mas ainda assim, não quis deixar de o dizer.
Essaouira é linda e o peixe grelhado junto ao porto de pesca é fresquissimo.
Tem graça, Luís, Lacão era uma coisa que eu comia em casa dos meus pais e que nunca ninguém sabe o que é.
Mas o de lá de casa era diferente: era feito com a perna ou o ombro do porco, que era cozido num tacho não sei com que temperos (mas vou descobrir), e depois ia ao forno pincelado em mel e pão ralado para caramelizar. Ficava uma beleza, parecia envernizado, e era uma delícia.
Conhece esta receita?
Bjs.
Ooooops! Esqueci-me de lhe desejar boas férias :)))
Descobrir os seus cozinhados foi para mim muito agradável mas......
saber que dispensa completamente a bimby, ainda mais me agradou.
Boas férias.
Margarida
Ainda há pouco dizia (escrevia/comentava) ao Cupido que vou ter de experimentar estes assados lentos, porque vocês são uma verdadeira tentação...
Primeiro terei de arranjar o malvado do termómetro-
Espero que esteja a passar uns dias óptimos!
Beijinhos.
Tb sou fã do devagar, devagarinho, pois no final o resultado é fabuloso!
Publiquei ainda ontem uma receita de pá de porco no meu blog que seghue o mesmo princípio, mas gosto sempre de selar a carne antes.
Esta carne defia estar uma manjar dos deuses!
:)
Li o blog de uma ponta à outra porque é absolutamente fantástico!
O único pecado é mesmo não poder repetir as suas receitas em casa, (estou em processo de mudança de hábitos alimentares). Tudo parece saber maravilhosamente.
Abraço
Luís, antes de mais nada, bom final de férias ( ainda mais em Marrocos !).
E deste jeito, vou acabar mudando o nome do blog pra Do Cachaço pro Vinho. rsrs
Parabéns duplo (ao Cupido também!)
Abs e bom retorno ( quiçá ao Y!!).
Eduardo.
Vou fazer amanhã, para jantar. O tempo vai estar de chuva, pelo que estão reunidas as condições.
Gostei desse seu texto a desconstruir esse preconceito de que cocção lenta é igual a trabalho. Não é que ter trabalho na cozinha me assuste - mas sei que assusta a muito boa gente ;-)Quando fiz a entremeada em forno lento, aqui há 2 meses, também chamei a atenção para esse facto.
Estou "em pulgas" para saborear as suas experiências Marroquinas.
bjs
Luis uma vez mais uma pergunta?
Dá para fazer, digamos de véspera? E reduzir os sucos na hora de servir?
É que para servir domingo ao almoço, não me apetece levantar às 4 da manhã...nem que seja só para pôr a carne no forno.
Bem Haja
Isabel
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