Há poucas coisas que sejam mais prováveis, que saber pela
vida um gaspacho gelado num dia quente de Verão.
Sendo “provável”
o tema para esta 87ª Trilogia com a Ana
e o Amândio, foi assim natural que
aqui figurasse essa notável sopa ou refeição do Mediterrâneo, na minha versão
preferida, a andaluza.
Os gaspachos são preparações profundamente populares e
enraizados na cultura ibérica do Sul e, como para todas os pratos vivos, não há
para eles cânone ou sequer receitas fixas; pode dizer-se que cada um tem o seu
gaspacho e que ele é assim o espelho do gosto de quem o faz.
Aparte os gaspachos especiais, como o Ajo Blanco ou o Salmorejo,
o que define um gaspacho são os seus ingredientes básicos: azeite, vinagre,
tomate, pepino, pimento e alho.
Para além destes, entram também outros, de
acordo com o gosto, tradição local ou familiar, até capricho de momento, o
miolo de pão, cebola, orégão, pimentos previamente assados, etc.
Entre Portugal e Espanha, com os seus gaspachos alentejano
(capacho) e andaluz (gazpacho), a grande diferença está no facto de por cá se
apresentar com os ingredientes em pedaços e por lá totalmente liquefeito.
O gaspacho é um hino ao Verão, de tal modo que é
impossível fazê-lo com as versões invernais dos frutos que o compõem, sob pena
de sair beberragem intragável.
Este gaspacho é andaluz (porque moído), mas, de facto, é o
gaspacho que fiz hoje e possivelmente diferente do que fiz ontem ou farei amanhã.
Fazer gaspacho é uma aventura contínua; faça-o a seu
gosto, sem concessões a todos os doutos chefs
que lhe vão dizer que é assim ou assado que se “deve” fazer. Experimente com
pimentos verdes ou vermelhos, com ou sem pele, o tomate ao natural ou sem
sementes nem pele, o alho com ou sem o veio verde, com ou sem pão, com ou sem
cebola… esse será o seu gaspacho, como este é o meu:
Ingredientes:
2 tomates bem maduros
1 pepino
1 pimento maduro
2 dentes de alho
Pão duro
Sal e pimenta
Azeite e vinagre
Orégãos
Água gelada e pedras de gelo
Preparação:
Descascar os alhos e o pepino, partir em pedaços todos os
frutos, temperar de sal e pimenta, juntar o pão bem embebido em água e triturar
no copo liquefactor.
Em relação à adição de azeite, cerca de meio decilitro ou
um pouco mais, pode ser feita no fim, ficando o gaspacho mais vermelho, ou logo
no início, formando emulsão e deixando o gaspacho mais cor de salmão.
Pessoalmente gosto mais da adição inicial, que aveluda mais o gaspacho.
Junte por fim água gelada e pedras de gelo, mexa bem e
sirva bem gelado, como aperitivo, entrada, lanche, bebida nutritiva, aqui
serviu para companhia a uma tortilha de batata com aioli.
5 comentários:
As coisas que tu me fazes lembrar... quando era gaiata tinha uma vizinha alentejana que enchia os nossos fins de tarde de verão (meus e do meu irmão) com uns gaspachos fresquinhos e deliciosos... Chamava-se Felicidade, a vizinha, um nome muito bem posto...
Bela foto a do copo!
Beijinhos.
Caro Luís,
Apenas um lembrete, caso não tenha visto a minha questão no penúltimo post.
Já agora, liberto a minha frustração por ainda não ter apanhado tomates bons este ano e agradecer mais um post :)
Caro Jorge,
As URL's que me mandou correspondem a ficheiros infectados e/ou, pelo menos, maliciosos. A tentativa de visualização foi danosa para o meu computador.
Já agora porque é que o meu nome faz parte destas url's?
Vou tentar fazer novo upload então.
O url deve ter o seu nome porque dei o seu nome à foto para identificá-la e creio que o URL assuma parte do nome do ficheiro. Penso que seja essa a razão. Caso seja uma situação incómoda, retiro-o sem problemas!
uma sugestão:
Ao ingredientes referidos juntar um pêssego bem maduro e sumarento.
O resultado é mais acetinado e menos acido.
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