Com as filhas por momentos
regressadas das paragens longínquas onde vivem, estas boas férias que agora
acabam foram, do ponto de vista culinário e satisfazendo a vontade que sempre
traz quem está longe, de matar saudades desses sabores mitificados de outrora,
um repositório da boa cozinha familiar das nossas infâncias, coisas que, por
aqui, figuram lá para trás para os primórdios do blog, que é quando se contam as nossas memórias de juventude. Como
no Outras Comidas não se repetem pratos, deu-se por isso descanso à máquina
fotográfica e teclado das lides culinárias, com excepção deste “brunch”, feito de propósito para figurar
nesta 96ª Trilogia com a Ana e o Amândio, com o ingrato tema “pequeno-almoço”.
Chamei ingrato ao tema, não por
sua culpa, mas porque o pequeno-almoço, apesar de todos nós sabermos a sua
importância, é para a enorme maioria dos portugueses, eu incluído, a mais
miserável das refeições, se refeição se pode chamar àquilo que apressadamente
engolimos, por vezes de pé a um balcão de cafetaria, antes de iniciarmos mais
um dia.
Bom, apesar de dever ser a
refeição-raínha, o certo é que o meu pequeno-almoço real, não de realeza mas da
realidade, é uma chávena de chá e alguma torradita com manteiga, já está, aos
fins-de-semana lá se fazem umas “extravagâncias”, ovos estrelados, crepes,
panquecas, mas claro que isso é a excepção, não a regra, e por isso decidi
abordar aqui esse conceito citadino americano e anglo-saxónico que vai
colonizando a cultura urbana global e que responde ao problema criado pela vontade
de levantar tarde, demasiado tarde para um pequeno-almoço e demasiado cedo para
o almoço: o Brunch!
Aqui, até eu que sinto logo umas
comichões quando vejo alguém muito convicto a tratar por tapenade a boa e velha pasta de azeitonas, não tenho por onde
fugir: a coisa é mesmo alheia a tudo o que por cá se fez até agora e não há
nome português para um brunch. É
mesmo brunch!
Até agora a minha experiência de brunch tinha-se limitado aos feitos por
outros, nas andanças por essa Europa fora, em que a par dos “aperitivos” das happy hours de jantar, dos bares, dão um
jeito bem apreciado pelo viajante pouco endinheirado, como eu sou.
Por cá também já há, embora ainda
restrito e a cair nuns exageros competitivos um pouco aparolados, com alguns brunchs lisboetas a parecerem os buffets de enfarta-brutos daqueles
restaurantes por-mais-que-coma-paga-o-mesmo, em vez da refeição leve que um brunch deve ser.
Por aqui fez-se leve e sensato,
como se faz um brunch em nossa casa.
Os ingredientes serão o que nos
apetecer e houver disponível; na verdade o que é necessário é ficarmos,
simultaneamente, reconfortados da longa noite de jejum e apetrechados sem
excessos para uma tarde que até pode ser de praia, de passeio, de trabalho, mas
nunca de estômago atafulhado.
1 comentário:
E eu a chamar de (grande) pequeno almoço ao meu... lol!
Beijos.
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