“…
Sentou pra descansar como
se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe…”
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe…”
Chico Buarque – “Construção”
Falar da cozinha de um país
de dimensão continental como o Brasil, como uma entidade, é tão absurdo como pretender
que exista uma cozinha europeia, e são tão comparáveis as cozinhas cearense,
baiana ou mineira, como estabelecer analogias entre as cozinhas portuguesa e
finlandesa.
Sendo “Brasil”
o tema para esta 99ª Trilogia com a Ana e o Amândio, não foi fácil encontrar um prato que ilustrasse com
justiça este colosso que é, nas palavras imortais de Jorge Ben, “…país tropical, abençoado por Deus e bonito
por natureza.”.
Afinal a solução estava ali mesmo à vista de todos,
talvez o único prato que é transversal a todas as regiões brasileiras, uma espécie
de prato nacional, amado por pobres e ricos, na sua extrema simplicidade e
encanto: Feijão com Arroz!
Não deve haver no mundo maior amante de feijões que os
brasieliros e isso perpassa na quantidade assombrosa de receitas em que ele
figura, quer como acompanhamento quer como estrela do prato, as feijoadas, feijão
tropeiro, tantos, tantos outros e, claro, esse pão-nosso-de-cada-dia do pobre,
o feijão com arroz, que hoje aqui deixo na sua versão mais simples*, sem carnes
nem enchidos, tal como a aprendi com o meu amigo Leonardo Monteiro, mineiro e
vegetariano, mestre de muitas coisas e, pasme-se, também de feijão com arroz!
Ingredientes:
Feijão preto cozido*
Óleo ou azeite
Cebola
Alhos
Louro
Malaguetas
Sal e pimenta
Arroz cozido
Farinha de mandioca grossa, tostada
Preparação:
Pique fino a cebola e os alhos e refogue-os no óleo,
juntamente com o louro e as malaguetas, até que a cebola comece a alourar.
Junte então o feijão preto, que cozeu previamente (ou
de lata), com bastante do líquido em que cozeu.
Deixe cozinhar e apurar devagarinho
e coza arroz em água
abundante e sal, de modo a que possa escorrê-lo quando estiver a seu gosto.
Sirva o feijão, depois o arroz por cima ou ao lado,
polvilhe tudo com a farofa, que é farinha de mandioca grossa, tostada na
frigideira, com ou sem uma noz de manteiga .
Pessoalmente, gosto dela apenas
tostada a seco e assim que começa a ganhar uma cor mais amarela, mas poderá
experimentar deixá-la chegar ao tom mais castanho e com mais sabor a torrado.
Notas: * Se quiser pode juntar ao
feijão com arroz, carnes ou enchidos. Tradicionalmente, o feijão é por vezes
cozido acompanhado de carne seca ou fresca, toucinho e calabresa em
pedacinhos.
7 comentários:
Caro Luís...
antes de mais... MUITO obrigado pelo seu esforço em manter o seu blog... um espaço que acompanho à bastante tempo e que para mim é uma referência... sobretudo no que diz respeito à gastronomia portuguesa... e não só... espero que continuo por MUITO tempo a partilhar as suas experiências...
em relação ao arroz com feijão... considero que foi a melhor escolha possível, pois se à coisa que melhor caracteriza o Brasil é este prato... e no fim de tudo... as coisas mais simples da vida são as melhores...
cumprimentos...
Olá!
Palmas pros três Blogs.
Sou assíduo leitor dos três embora pouco me manifeste.
E, lamentavelmente, teço aqui meu primeiro comentário não para elogiar, mas sim, corrigir um erro que não é um erro.
Não é "feijão com Arroz" como disseste.
É "Arroz e feijão".
E ao dizê-lo soa algo como "Arroizifejão"
... hmmm ... dois zoiudos aí em cima... hmmmm
É hoje que vai ter arroizifeijão com zoiudo lá em casa. Com Chico na vitrola...
Nada. Nada mais brasileiro.
Palmas.
És uma caixinha de surpresas, tu...
Beijinhos.
Já venho a acompanhar o seu blogue à algum tempo. E vou ter que confeccionar este Feijão com Arroz. Parabéns pela sua divulgação.
Caro Luís, parabéns pelo seu blogue que sigo com muito agrado.
Quanto a esta receita, usando feijão de lata, não teremos a água da sua cozedura. É aconselhável usar o líquido da lata ou será preferível adicionar água?
Obrigado
Cruz Gaspar
Muito obrigado pelas vossas palavras.
Cruz:
O líquido que acompanha os feijões vendidos em lata é a sua água de cozedura e pode ser usada sem qualquer restrição, já que é apenas água e sal. Se necessário poderá juntar mais água.
Atenção que isto não é verdade para os feijões e outras leguminosas quando vendidas em frascos de vidro, os quais contêm estabilizadores e antioxidantes químicos devido a estarem expostos à acção da luz. Pessoalmente, nunca uso os frascos, só latas.
Obrigado pela resposta, Luís.
Também já tinha essa ideia sobre a diferença das leguminosas em frasco de vidro e em lata por uma nota sua.
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