Quando em 2008 vos falei aqui
da acelga e dos seus usos, mencionei a existência da variedade bravia*, mas sem grande detença no assunto,
já que ali se tratava da acelga cultivada.
Trata-se na verdade da mesma
planta (Beta vulgaris, var. cicla),
apesar das enormes diferenças morfológicas que a cultivada tomou ao longo de
séculos de domesticação, desenvolvendo os soberbos talos que a caracterizam.
Se é verdade que a acelga
cultivada desenvolveu o tais saborosos talos, não é menos verdade que a
planta-mãe, a acelga bravia, conservou um sabor poderoso e único e, em Invernos
como este, bem húmidos, aí estão por todo o lado com o seu ar de erva daninha,
a pedir para ser colhida, grátis e a oferecer possibilidades de uso
sobreponíveis às do espinafre.
A acelga brava tem este aspecto
bastante característico,
apresentando, no entanto, algumas variações conforme a
idade da planta,
sendo a folha mais larga na planta jovem e mais alongada na
planta adulta.
Também com o tempo se vão acentuando as características manchas vermelhas
no caule,
outra forma de não falhar a identificação.
Quando colher acelgas, faça-o
cortando folhas e deixando as mais jovens do centro, de modo a que a planta
continue viva e a crescer. Com estas folhas poderá fazer tudo o que se faz com
o espinafre, desde sopas, estufados, recheios, tartes, quiches e, claro, o
esparregado, que a acelga faz de maneira superior.
Ingredientes:
Folhas de acelga brava
Azeite
Alhos
Sal e pimenta
Pão ralado
Vinagre ou sumo de limão
Preparação:
Lave as folhas e escalde-as em
recipiente aberto se quiser conservar o tom verde intenso. Escorra por uma
hora.
Passe as folhas cozidas pela
máquina ou pique-as à faca. Reserve.
Frite os alhos laminados em
azeite, sem deixar alourar, junte a acelga desfeita e tempere com sal e
pimenta. Acidifique com vinagre ou sumio de limão e seque o esparregado até à
consistência que preferir através de pão ralado de tosta clara.
Aqui, a acompanhar secretos grelhados de porco preto e batata doce frita.
Nota: * A Natureza brinda-nos com uma enorme quantidade de plantas
bravias, muitas vezes consideradas daninhas mas que, além de comestíveis,
apresentam qualidades gastronómicas de excelência. Infelizmente, são cada vez
mais raras as pessoas que ainda conservam essa preciosa informação e, mais
raras ainda, as que se dispõem à prática efectiva da colheita.
Além das acelgas bravias de que
hoje falo e cuja melhor época para apanha começa precisamente agora, lembro-me
dos catacuzes, espargos, beldroegas, cardos, urtigas, cogumelos silvestres
(cuidado! Aqui, o conhecimento é indispensável), algas, amoras de silva, orégãos,
camomila, mostarda, serralhas, azedas, para não falar na rúcula, hoje tão em
moda mas que ainda há poucos anos era comida para gado.
Irei retomar este tema em breve,
com outras espécies.
9 comentários:
sempre apanho nesta época as acelgas bravias e faço deliciosas sopas com elas,as de cultivo nunca comprei.
Isso é tão bom
http://www.youtube.com/watch?v=U4DCOVlZzLs
Apanhei e já fervi. Amanhã vou fazer esparregado.
Entretanto provei e acho deliciosas. Cá em casa era mato, agora é comida.
Obrigado.
Muito bom. Fiz salteadas com alho picado, um pouco de azeite e sal, depois de fervidas. Serviu de acompanhamento a carne grelhada.
Muito bom. Fiz salteadas com alho picado, um pouco de azeite e sal, depois de fervidas. Serviu de acompanhamento a carne grelhada.
Gostei muito do que li. Há uns anos utilizei acelga pensando tratar-se de espinafres que havia semeado e que afinal não germinaram! Quando percebi que a planta voltava a nascer sem ter semeado, desisti de colher por recear que fizesse mal a longo prazo. Com o quintal cheio e depois das informações aqui lidas, vou voltar a colher para comer!
O que já li aqui hoje só veio aumentar a vontade de comer.
Experimentar também e o que aqui me trouxe hoje foi mesmo o aproveitamento das vagens das favas para fazer uma sopa.
Já estive a ver como se faz.
Obrigado pelas dicas.
Hoje fui apanhar vou cozinha las pela primeira vez amanhã mas segunda as informações que um médico me deu são ótimas para a saúde ������������
Gostei de ler, este artigo pois lembro que quando era criança os meus pais faziam muito esparregado de acelga que era uma erva daninha, e como tenho muita na quinta, só que tinha medo que não fosse boa para comer nunca as apanhei, obrigado pela informação.
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