Como sabem eu evito sempre a menção a escolhas comerciais, a não ser em casos de produtos correntes ou genéricos e até os vinhos que menciono são aqueles que vão acompanhando as comidas de que vos falo, sem pretensões a provador ou erudito na matéria, que não sou, nem quero ser.
Decidi hoje fazer uma excepção no que se refere a azeites, pois a confusão é tal frente a uma prateleira de supermercado e às pressões publicitárias de "gallos" e outras porcariazinhas que por aí andam, que, sem ajuda, é realmente uma tarefa difícil demais.
Fique, no entanto, bem claro que a pequeníssima lista de azeites portugueses que aqui vou deixar, corresponde apenas a uma escolha pessoalíssima, que não sou provador de azeites e que essa lista será de certeza uma enorme injustiça em relação a inúmeras marcas que eu nem sonho existirem e que, por essa minha ignorância, ficaram logo fora da comparação.
Assim, estes são os 9 azeites que eu uso, (não todos de uma vez!). Excepto o 1º são todos "Virgem Extra":
Azeite, contém azeite refinado e azeite virgem, Chaparro, Lidl, é o azeite para fritar batatas, peixe e tudo o mais. Baratíssimo, sai mais barato que Óleo Fula e cumpre muito bem esta nobre função.
Azeite Pingo Doce - Gourmet - Azeite digno, sem pretensões apesar do nome, é o azeite de prato e cozinha de todos os dias. Oriundo de uma região de grande tradição, Moura e Barrancos, é um azeite suave, lote de vários azeites virgens de várias origens, com alguma fruta e com uma relação qualidade/preço imbatível, a vender-se o garrafão de 3 litros por €7.56 e a garrafa de 0,75l a €1.89 .
Herdade dos Cotéis - é um verdadeiro DOP Moura, feito com azeitonas Galega, Cordovil e Verdeal Alentejana, sabor forte e final picante e amargo, ideal para saladas fortes e marinadas. Custa entre €4.00 e €5.00 / 0,75l.
Herdade das Santas, Pingo Doce - Produzido pela Olidal, de Sousel, é um azeite muito suave, com sabor discreto e ideal para temperar no prato, pratos de sabor delicado e saladas como a de alface. €2.49 / 0,75l.
Herdade do Esporão, DOP Moura - Azeite peculiar, com um sabor forte e marcado a Alentejo, ideal para temperar a maioria dos pratos oriundos desta região, como as açordas. +/-€5.00/0,75l.
Carm, Grande Escolha - Entramos aqui no mundo dos magníficos azeites DOP Trás-os-Montes, os meus preferidos e onde o frutado toma todo seu significado. Os preços são o seu senão mas a experiência vale a pena. Estou pessoalmente convencido que são a chave "secreta" do característico e inimitável paladar da cozinha trasmontana e duriense.
Este Carm, Grande Escolha é um azeite biológico produzido pela Casa Roboredo Madeira, em Almendra, Alto Douro, é um azeite de grande qualidade para temperar no prato, por exemplo bacalhau e peixe grelhado. Tem uma relação qualidade/preço exagerada (€7,58/0,5l), ou seja, é mais caro que o melhor azeite português em quase 2€/l e apesar de ser também um topo de gama, não é "o" topo de gama.
Alfandagh - produzido em Vale da Vilariça, Alfândega da Fé, pela M.C.Rabaçal e Aragão, foi um dos primeiros azeites portugueses a conseguir reconhecimento fora de portas. É um DOP Trás-os-Montes, biológico, e uma experiência olfacto/gustativa que não se esquece facilmente. Prato.
Vale d'Ondel - DOP Trás-os-Montes, biológico, produzido pela Viaz com as azeitonas da Quinta do Carrascal, em Vilariça, Foz do Sabor, no meio da Região Demarcada do Vinho do Porto. É um azeite de topo, picante e amargo, por vezes com sabor a amêndoas. Preço a rondar os €12.00/l e vale bem a pena.
Quinta do Romeu - Para muitos (e para mim também) o melhor azeite português, um dos 10 melhores azeites do mundo. DOP Trás-os-Montes , biológico, produzido em Mirandela pela Soc. Clemente Menéres, com azeitonas Cobrançosa, Verdeal Trasmontana e Madural, este Quinta do Romeu é uma experiência de êxtase gustativo dificilmente descritível. Quando o tenho, como-o com um fervor quase religioso, com bocadinhos de pão, qual caviar Beluga. Difícil é encontrá-lo, principalmente no Sul. No Norte é bastante fácil, só no Porto está à venda numas dezenas de sítios. Já em Lisboa a coisa é mais difícil; há no El Corte Inglês, na Biocoop (às vezes), na Lx Gourmet e pouco mais. O preço, perante a qualidade, é irrelevante.
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6 comentários:
Muito obrigado. Realmente só posso dizer que andava completamente a Leste no que diz respeito a azeite.
Muito obrigada pela excelente lição de "Azeites".
Um abraço da fã
Linda
Excelente post sobre o magnífico ouro verde português.
Sei que Trás-o-Montes se afirma como uma das melhores regiões de Portugal para a produção de azeite, mas não consigo concordar. Talvez por ser demasiado fino e eu goste de azeites com sabor forte. Por isso em minha casa só se consome azeite da Cooperativa Caminhos do Futuro, de Montemor e, quando este se acaba, recorro ao azeite biológico de Moura que também é excelente.
Olá eu seu de Alfândega da Fé a terra do azeite Alfandagh :)
Qualquer azeite que é produzido cá é uma óptima escolha, muita gente do Porto, Braga, Vila Real, etc, vem comprá-lo todos os anos aqui.
Beijos.
Monte Maior,
Tem toda a razão no que se refere aos DOP Moura biológicos, grandes azeites e cada vez melhores.
Já quanto ao outro, devo dizer-lhe que tenho a maior simpatia pela C.C.Futuro, de que sou cliente em muitas coisas mas não em azeite; de facto, há algo de incongruente entre a qualidade da azeitona que todos os montemorenses vêem (e cheiram!)entrar no lagar e o azeite "virgem extra" que sai do outro lado. Este ano foi a excepção em 20 anos, mas ainda o ano passado as carrinhas faziam fila até depois dos "Amigos de Montemor" com inenarráveis cargas de azeitona podre e, do outro lado, lá saía o "virgem extra" do costume !!!!!???
Quem tenha cabeça que pense...
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É uma pena que lhe chamem AZEITE EXTRA VIRGEM. O nome é AZEITE VIRGEM EXTRA.
Ou é virgem ou não. Não há neio virgem, extra virgem ou muito virgem...
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