quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

TALINS

Há dias, quando vos falei do Ceviche de Sardinha, apresentei-vos, em rigorosa estreia mundial, os Talins!

Confesso que, de algum modo, me surpreendeu a absoluta indiferença com que esta estreia foi recebida. Às vezes gostamos de pensar que valemos mais do que realmente valemos, isto em termos de público leitor, e isto vale para um livro, uma revista, um jornal ou um blog!
Por mim prefiro saber bem a quantas ando, para o melhor e para o pior, e estes talins serviram para ceifar baixinho alguma vaidade que teimava em querer nascer... ainda bem! "Quem te manda a ti, sapateiro, quereres tocar rabecão?".

Mas vamos aos talins!

Como vos digo no texto de cabeçalho deste blog, este é também o sítio das minhas invenções.
O talim é invenção minha. Normalmente deitado para o lixo, o talim é uma preciosidade de textura e sabor e habita dentro daquela parte fibrosa dos caules dos grêlos de nabo.
Desde que os grêlos passaram a ser maioritariamente vendidos a peso, passaram também a ser cortados com enormes caules, para pesarem mais, e essa operação de "marketing saloio" acaba por colocar nas nossas casas, o precioso e desconhecido talim.

Para obter talins, deve, após retirar as folhas e flores normalmente consumidos, escolher os caules de diâmetro médio que ainda não se apresentam ôcos. Depois, com uma faca, deve puxar toda a parte exterior, fibrosa, expondo o miolo verde claro ou mesmo branco, tenríssimo e de delicado sabor, o talim!

Coza em água e sal, durante 3 a 5 minutos, deixando-o ainda ligeiramente estaladiço, e tempere com azeite e vinagre de vinho. Acompanha tudo, com grande nobreza e delicado toque gourmet.

7 comentários:

anna disse...

Pronto, Luís, agora apanhou-me... Eu vi os talins e pensei logo que eram um legume daqueles chineses que não conheço...
Tenho ainda de confessar que fiquei tão impressionada com a arte de escalar as sardinhas e tratá-las assim cruas que não consegui «ver» mais nada de jeito... lol!
Beijinhos.

Luís Pontes disse...

Olá Anna,
De facto não se tratava de "apanhar" ninguém! No mundo da comunicação escrita (e não só), se alguém não lê ou não se interessa, a "culpa" dessa não-leitura é, 100% de quem escreve, que não conseguiu motivar e tornar interessante o conteúdo.
Claro que isto, que era para ser uma graça, me desapontou mas, e só, comigo mesmo e com a má avaliação que eu fazia da minha capacidade para cativar. E devo por isso mesmo um pedido de desculpas a todos os que me lêem!

Bom fim de semana.

ameixa seca disse...

Isto é extraordinariamente interessante :)

cristina roldao disse...

Viva, a ideia deos talins é deliciosa, vou provar.
Talim parece talinho, e toca rebeca muito bem !

Anónimo disse...

Descobri o seu blog hoje e já o adicionei aos favoritos para o visitar regularmente...

Pertenço a uma geração que não sabe o que é desossar um frango ou arranjar um peixe... muitas vezes dou por mim a falar com os meus amigos sobre técnicas para fazer filetes de pescada ou de peixe galo, ou então a explicar como é escalei a dourada para a grelhar... e eles: "lá estás tu".. para eles peixe é sinónimo de douradinhos...

eu tive a felicidade de crescer ainda a perceber como se plantam batatas, ou feijão verde, como se matam coelhos e se sangram para fazer o arroz de cabidela...

quando vi o seu blog e o entusiasmo como fala na preparação dos alimentos, percebi claramente o que dizia... parabéns...

anabela

Afrika disse...

Ola, vim cá para através da "padaria que ardeu"

Tenho que dizer que a sugestão e' muito interessante, principalmente pra muitos que vivem estes momentos de crise. Mas devo confessar que cá em casa faz se isso e muito mais.

As vezes (devia ser sempre) temos de revisitar o passado e ver como os nossos antepassados aproveitavam tudo, pouco ou nada era desperdiço. O que infelizmente não acontece hoje em dia.

Bartleby Toon disse...

Belo. Sugere o palato e a alma. E é, certamente, 100% pela "culpa de quem escreve". Quero aprender e agradeço a oportunidade.