Textos e imagens da responsabilidade da Greenpeace Portugal
.......................... Svalbard - Noruega — A Greenpeace divulgou hoje novas imagens de criaturas únicas que habitam as profundezas do Oceano Árctico, obtidas com câmeras submersas de alta tecnologia. Estas imagens revelam criaturas de crescimento lento que sobrevivem neste ambiente inóspito coberto de gelo entre Outono e Primavera, como anémonas-do-mar, tunicatas e corais moles.
As alterações climáticas têm vindo a ameaçar cada vez mais a vida marinha que habita o Oceano Árctico. O aumento das temperaturas, as alterações das correntes e a acidificação dos oceanos estão a afectar este ecossistema pristino.
Simultaneamente, o recuar do gelo no pólo Norte tem permitido aos grandes arrastões aventurarem-se por territórios até hoje inexplorados.
Para proteger as criaturas que habitam as profundezas deste oceano, a Greenpeace está a pedir uma moratória internacional para todas as actividades industriais na pesca de arrasto.
Em Portugal o bacalhau, por vezes carinhosamente chamado de “fiel amigo” ou “pão dos mares” é um elemento importantíssimo na culinária tradicional portuguesa, representando mais de um terço de todo o pescado consumido em Portugal. Os portugueses são os maiores consumidores per capita a nível mundial, consumindo cerca de 60.000* toneladas de bacalhau por ano, 90% do qual é vendido salgado e seco.
* peso seco, correspondendo a cerca de 250.000t em fresco
.....................Bacalhau no Mar Báltico - © Greenpeace / Sari Tolvanen
Apesar da importância que damos ao bacalhau na nossa alimentação, poucas pessoas o conhecem enquanto peixe migrador que habita as águas gélidas do Norte do Atlântico e Pacífico.
Em geral o consumidor vê o bacalhau aberto e salgado ou congelado em filetes e dificilmente reconhecerá o peixe em vivo, apesar de também muito característico (o dorso esverdeado com pintas, a barriga prateada e uma linha lateral muito visível).
A informação sobre o estado dos stocks deste peixe raramente é passada ao consumidor, nem é divulgado que grande parte do bacalhau é capturado através da pesca de arrasto, uma técnica que destrói os habitats do fundo dos oceanos (como as colónias de corais e esponjas) e que captura acidentalmente outras espécies, como por exemplo o alabote da Gronelândia, os peixes vermelhos ou o bacalhau polar.
Perguntas frequentes
O bacalhau é uma espécie ameaçada?
Devo deixar de comer bacalhau?
O risco do desaparecimento comercial do bacalhau é real?
Como seleccionar o bacalhau?
Quais os métodos de pesca a evitar e quais os métodos de pesca recomendados?
Quais são as boas e más zonas para o bacalhau?
Posso consumir bacalhau do Mar de Barents?
Existem navios portugueses a pescar no Mar de Barents?
Mas se a pesca no Mar de Barents está regulamentada e fiscalizada, porque é que mesmo assim devemos ter cuidados?
Que devem os supermercados fazer?
Que mais posso fazer?
O bacalhau é uma espécie ameaçada?
O Bacalhau do Atlântico (Gadus morhua) está assinalado nas listas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e OSPAR (Convenção para a Protecção do Ambiente Marinho do Nordeste Atlântico) como uma espécie vulnerável com estatuto de ameaçada.
Devo deixar de comer bacalhau?
Embora seja comercializado em Portugal bacalhau capturado através de métodos destrutivos ou de stocks em declínio, também existe bacalhau de origem sustentável que pode ser consumido sem constituir uma ameaça aos ecossistemas marinhos. Como consumidor deves seleccionar cuidadosamente o bacalhau que consomes e pedir aos retalhistas que vendam apenas bacalhau de origem sustentável.
O risco do desaparecimento comercial do bacalhau é real?
Por várias vezes na história da pesca do bacalhau houve colapsos de stocks devido à exploração excessiva, o que em algumas zonas acabou por levar ao seu desaparecimento.
O stock do Mar do Norte entrou várias vezes em colapso, a primeira vez já há 100 anos atrás, não tendo ainda recuperado. Em 1992 o governo canadiano foi forçado a encerrar a pesca do bacalhau na Terra Nova e em Labrador, lançando 40.000 pessoas para o desemprego e devastando centenas de comunidades costeiras.
Quase duas décadas depois, ainda não há sinais de que este stock alguma vez possa recuperar o suficiente para sustentar as economias locais. E mesmo o último dos grandes stocks de bacalhau do Atlântico, o chamado bacalhau do Nordeste Árctico (e o mais vendido cá, normalmente como 'bacalhau da Noruega'), já enfrentou situações de declínio alarmantes, obrigando as autoridades norueguesas a restringir a pesca na zona.
Como seleccionar o bacalhau?
Evita consumir bacalhau proveniente de zonas onde o stock esteja em mau estado, ou quando tenha sido capturado com métodos destrutivos (nomeadamente a pesca de arrasto de fundo) ou ainda sempre que não estiverem devidamente identificados a zona e método de captura. Dos 16 stocks comerciais de bacalhau do Atlântico, apenas os da Islândia, Mar de Barents (norte da Noruega) e do Báltico Este são considerados sustentáveis pelos cientistas.
Quais os métodos de pesca a evitar e quais os métodos de pesca recomendados?
A pesca de arrasto de fundo captura acidentalmente outras espécies que não são consumidas e que podem estar ameaçadas e destrói os habitats do fundo do mar. Escolhe bacalhau que tenha sido capturado com métodos tradicionais e não destrutivos como a pesca à linha ou o palangre artesanal.
Outros métodos mais suaves são o uso de redes de emalhar e o cerco demersal, desde que devidamente controlados por observadores independentes e aplicados com recurso a técnicas de mitigação da captura acidental.
Quais são as boas e más zonas para o bacalhau?
O bacalhau do Atlântico vendido em Portugal vem na sua maioria do Mar de Barents. O nosso país compra cerca de um terço do bacalhau exportado pela Noruega. Outras regiões de onde pode provir o bacalhau que compramos são a Islândia, a Rússia e ainda o Canadá.
A Greenpeace recomenda aos consumidores que evitem o bacalhau do Mar do Norte, Atântico Noroeste a Leste do Canadá, Kattegat, do Báltico Oeste ou de pescarias em que sejam capturados acidentalmente peixes vermelhos, bacalhau polar ou bacalhau costeiro da Noruega.
Os stocks de bacalhau do Oceano Pacífico estão em melhor estado, e desde que tenham sido capturados com métodos não destrutivos, são uma boa alternativa ao bacalhau do Atlântico – Na etiqueta deve vir a área de pesca FAO 67. No entanto, devemos evitar o bacalhau do Pacifico das águas do Canadá, pois o método predominante de pesca nesta zona ainda é o arrasto de fundo.
Posso consumir bacalhau do Mar de Barents?
O maior stock actual de bacalhau do Atlântico vive no Mar de Barents, a Norte da Noruega e da Russia. Este stock é considerado saudável e bem-gerido, mas se continuar a ser explorado intensivamente poderá entrar em declínio. O principal problema da pesca do bacalhau no Mar de Barents são os arrastões, que constituem cerca de 30 a 40% dos navios a operar nesta zona e que estão a destruir os habitats marinhos, incluindo as zonas de desova do bacalhau.
O stock do Mar de Barents é gerido pela Comissão Conjunta para a Pesca da Noruega e Rússia, que anualmente estabelece as quotas com base nas recomendações do ICES (Conselho Internacional para a Exploração do Mar – um conselho científico) e a pesca na zona é fiscalizada pela Noruega.
As quotas para 2010 rondam as 600.000 t para o bacalhau do NE Arctico e 240.000 t para arinca. Estas são as principais espécies pescadas no Mar de Barents.
Em geral podes consumir bacalhau do Mar de Barents sempre que existam garantias de que não foi capturado utilizando a pesca de arrasto de fundo.
Existem navios portugueses a pescar no Mar de Barents?
Actualmente estão autorizadas a pescar no Mar de Barents frotas da Noruega, Rússia, Portugal, Espanha, Gronelândia, Islândia, Ilhas Faroé, Reino Unido, Alemanha e França. Portugal tem 9 arrastões a operar no Mar de Barents, com uma quota de 4.730 toneladas que corresponde a cerca de 2% do total consumido em Portugal (peso vivo).
Mas se a pesca no Mar de Barents está regulamentada e fiscalizada, porque é que mesmo assim devemos ter cuidados?
Devido ao aquecimento das águas e mudanças das correntes o bacalhau está a deslocar-se mais para Norte em direcção ao Oceano Árctico, onde não existe qualquer mecanismo de gestão ou quotas de pesca. As alterações climáticas fizeram recuar a linha de gelo e tornaram possível a pesca nestas regiões anteriormente inacessíveis. Como os barcos que pescam no Oceano Árctico são arrastões, as consequências são imprevisíveis.
Mesmo mais a sul da linha de gelo, as frotas da UE e Rússia praticam principalmente a pesca de arrasto de fundo, enquanto na frota norueguesa 60% dos barcos ainda praticam a pesca tradicional.
A Noruega e a Rússia melhoraram muito o controlo da pesca no Mar de Barents e conseguiram reduzir drasticamente a pirataria, que durante décadas constituia um verdadeiro flagelo na zona. No entanto, muitos navios continuam a sub-reportar as suas capturas, incluindo as capturas acidentais rejeitadas, dificultando a gestão das quotas e resultando numa mortalidade de peixes superior à estimada.
Que devem os supermercados fazer?
Os supermercados são responsáveis pela comercialização de 70% do pescado que se vende em Portugal, o que lhes dá uma enorme capacidade de influenciar o mercado. Têm por isso a responsabilidade de garantir que não estão a incentivar a pesca em stocks ameaçados ou capturados com técnicas destrutivas para os ecossistemas marinhos. Devem ainda melhorar a informação disponibilizada ao consumidor, nomeadamente indicando para além da zona de pesca FAO, o stock e o método de captura.
Que mais posso fazer?
Como cidadão podes colaborar divulgando informação sobre o bacalhau junto dos teus contactos. Muitos dos ciberactivistas da Greenpeace utilizam as redes sociais, como por exemplo o Facebook ou o Twitter, ou os blogues para divulgar links e textos com informações para o consumidor.
Enquanto consumidor podes seguir os conselhos deste FAQ e seleccionar com critério o bacalhau que consomes.
Podes ainda pressionar os supermercados mais atrasados na implementação de políticas de compra e venda de pescado sustentáveis para que assumam a sua responsabilidade e vendam apenas pescado de origem sustentável. Também é importante que solicites aos supermercados informação sobre o stock e método de pesca se não estiverem assinalados nas etiquetas. Como consumidor tens direito a ser informado sobre o pescado que compras.
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1 comentário:
Ai Luís, agora o «meu grilo falante» vai começar a falar sobre estas coisas quando eu for comprar bacalhau...
Mas obrigada por seres o causador deste desassossego em que fiquei!
Beijinhos.
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