Isto de
falar de línguas de peixes é particularmente engraçado, primeiro porque todos
sabemos como são excelentes, segundo porque os peixes não têm língua!
Este paradoxo das belas línguas que não existem para o
ictiólogo mas sim para o cozinheiro, explica-se pelo facto de aquilo a que
chamamos língua, pela localização na anatomia do peixe e pela forma tão
parecida com uma língua, ser afinal apenas uma prega muscular que se forma a
unir o maxilar inferior, neste caso do nosso gadus morhua, o bacalhau.
As línguas de bacalhau, quer se comprem em salmoura, que é
a forma tradicional, quer sejam congeladas, têm uma cobertura gelatinosa de um
dos lados, que as torna pouco apetecíveis para algumas pessoas e que, por exemplo, permite a
execução de um pil-pil, como vos
deixei aqui, com a maior facilidade.
Hoje, que o objectivo é incorporá-las numa
massada e nem todos os comensais são adeptos de texturas gelatinosas e
escorregadias, fica, mais do que a receita propriamente dita, igual para qualquer
massada de peixe, a técnica para fazer com que a língua chegue ao prato,
deliciosa como sempre mas com uma consistência que a torne do agrado geral.
Ingredientes:
Línguas de bacalhau (aqui congeladas)
Cebola
Alhos
Azeite
Tomate (e polpa, se o fruto não for muito maduro)
Salsa fresca
Sal, pimenta, temperos a gosto
Massa
Preparação:
Se estiver a usar línguas de salmoura, demolhe-as em água
abundante durante 24 horas.
Para que as línguas percam a sua cobertura gelatinosa,
ponha-as logo no azeite enquanto refoga a cebola e os alhos, com a parte mole
virada para baixo
e deixe fritar em lume baixo durante cerca de cinco minutos,
com sal e pimenta, ao fim dos quais a gelatina se desidratou e fritou, perdendo
definitivamente o toque viscoso. Se as quiser conservar com a gelatina, só as
introduza no cozinhado na altura da massa.
Junte então a salsa, o tomate e a polpa,
deixe cozinhar e
adicione então a água, prove e rectifique sal e temperos.
Quando ferver, introduza a massa,
as línguas caso não as
tenha posto no início, tape e deixe cozer até a massa estar a seu gosto.
Arrefeça o tacho por instantes, mergulhando-o em água fria, para parar o
cozimento da massa e sirva sem demora.
1 comentário:
As coisas que tu sabes sobre línguas de bacalhau (e não só) Luís...
Eu nem nunca reparei que havia congeladas... só lembro das que a minha mãe fazia há montes de tempo, das salgadas... e que grandes são!!!
Beijinho.
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