quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Festa do Azeite !

................... Quando em Fevereiro, aqui, vos falei de alguns dos melhores azeites portugueses, estava muito longe de pensar que ainda este ano teria, por uma elementar questão de justiça, de aqui voltar para dar conta dessa maravilhosa onda de fundo que está a percorrer a nossa olivicultura, com a chegada ao mercado, todos os dias, de magníficos exemplos de excelência, variedade e cada vez mais a preços também muito bons (ao contrário dos vinhos onde quase tudo o que sai da mediania salta logo para preços incomportáveis para a bolsa da classe média*).
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Estes quatro azeites que aqui vos trago estão a um nível de qualidade impensável ainda há um ano, fruto das novas técnicas de cultivo intensivo que, para desespero dos saudosistas dos olivais "manuais" (e abandonados), permitem obter azeites de qualidade a preço de "óleo de fritar". Todos originários do Sul, são a prova de que em todo o território português se podem construir estes "monumentos", ainda há pouco confinados a míticos produtores de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Se isto já são excelentes notícias, os preços são uma verdadeira revolução com, por exemplo este Quinta das Santas , de Sousel, a ser comercializado agora a 2,29€, contra 2,49€ em Fevereiro, e este belíssimo Nossas Planícies do Pingo Doce, um azeite suavíssimo e frutado por uns incríveis 1,89€! (incrível também aquele rótulo! Srs. da Jerónimo Martins, quem lhes disse que "aquilo" era um rótulo?).
Quanto à Oliveira da Serra, impõe-se uma palavra de apreço pela coragem e competência postas nesta aventura empresarial sem paralelo em Portugal e cujos frutos que começam agora a aparecer fazem prever que o azeite português possa, em breve, sair dos nichos de produção muito especializada e projetar-se também fora de portas como um dos grandes azeites de qualidade a nível mundial. Estes exemplos que aqui trago, azeites da mesma origem mas de colheita temporã (azeitonas verdes) e tardia (azeitonas maduras),
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uma aposta na educação do paladar embotado da maioria dos portugueses, para quem azeite é azeite e pronto e a fazer sonhar com um tempo breve em que as cartas de azeites, comuns no mundo gastronomicamente civilizado, sejam também comuns nos restaurantes portugueses.
Ambos a cerca de 3,50€.
* ...e não me venham com histórias da carochinha porque até conheço os dois processos (eu até sou olivicultor!) e ninguém me convence que haja um litro de qualquer vinho que tenha um custo de produção superior a um litro de azeite.

1 comentário:

Carla disse...

Cartas de azeites? os portugueses nem dinheiro quase têm para comer fora, quanto mais ainda porem-se a escolher azeite. Eu tb dou grande valor ao azeite, mas tenho consciência que a maior parte dos portugueses não dá, simplesmente porque em tempos de crise não se pode estar a olhar a isso. Esses azeites que refere nem sequer são azeites de topo, são azeites para a carteira do português comum. Mas antes de terem "carta de azeites" (que acho supérfluo tendo em conta a nossa realidade e aposto que os restaurantes não venderiam) acho que os nossos restaurantes ainda têm que mudar muita coisa bem mais importante.