Por outro lado, as essências comerciais são de uma pobreza
confrangedora, sem excepção, todas baseadas em similares aromáticos químicos,
duma artificialidade bem patente nos seus sabor e aroma e que, não raramente,
estragam a melhor das intenções.
Para evitar estes problemas, preparo as minhas próprias
essências* de laranja e limão. O método é muito simples, se bem que não seja
intuitivo e tem alguns pormenores que vale a pena observar.
O resultado é uma essência sempre pronta a ser usada, que
mantém as propriedades aromáticas pelo menos por três anos (é o tempo de que
tenho experiência) e que é totalmente natural.
Ingredientes:
Raspa de casca (zeste) de laranja, lima ou limão
Álcool a 90º v., de qualidade alimentar**
Preparação:
Ao preparar-se um alcoolato, ou seja, uma extracção
através do álcool, deve ter-se em conta que o álcool é muito ávido de água e se
houver uma grande quantidade desta no extraído isso irá baixar muito a
graduação final do álcool comprometendo a sua capacidade extractora se
quisermos concentrar a solução alcoólica com novas doses, neste caso de zeste
de laranja.
Por essa razão, há que secar esse excesso de água presente
na raspa de zeste, antes de pô-lo em contacto com o álcool.
Assim, raspe o zeste de cerca de dez frutos, evitando
cortar muito fundo, se tiver um raspador de lâminas, melhor,
já que os
raspadores tradicionais, de bicos, escavam sempre a casca até à parte branca.
Espalhe o zeste raspado e exponha a ar circulante
de modo
a que seque e se transforme numa espécie de palhinhas secas.
Junte-as e cubra-as com álcool alimentar** de 90ºv. ou
mais. Feche o recipiente e deixe macerar por quinze dias.
Retire o zeste após este tempo, com um passador de chá e
ponha uma nova dose de zeste seco, a macerar por mais quinze dias.
Repita esta operação por mais uma ou duas vezes, após o
que terá um alcoolato de laranja já muito concentrado.
A última fase é deixar evaporar metade do volume de álcool,
concentrando ainda mais a solução e obtendo assim uma essência da qual basta
utilizar poucas gotas para obter a desejada aromatização.
Notas:
*Na verdade chamo-lhe essência mas
trata-se de um extracto alcoólico, ou alcoolato, concentrado.
**Atenção a esta especificação: álcool
alimentar não tem nada a ver com o álcool sanitário, usado como desinfectante
ou combustível e que é tóxico.
O álcool alimentar vende-se nas
farmácias e é muito caro. Se for ou conhecer quem vá a Andorra, aproveite e
traga por meia dúzia de euros um garrafão de cinco litros, que lhe dará para o
resto da vida.
12 comentários:
Excelente sugestão para aromatizar naturalmente. Já agora é possível fazer esta essência com recurso a uma bebida alcoólica branca, tipo Vodka?
CNS,
Pode realmente usar vodka, já que é a única bebida espirituosa que não tem um sabor próprio e não irá assim alterar o resultado.
O problema prende-se com a graduação, já que em Portugal o vodka tem quase todo apenas 37ºv., que, após as operações de extracção estará, no máximo, nos 35, provavelmente ainda menos, o que é pouco para uma conservação longa. Penso (sem base científica ou sequer experimental) quer poderá conservar em boas condições por cerca de 6 meses, abrigado da luz.Se por acaso for da Madeira, lá, consegue-se uma aguardente branca de cana muito parecida com vodka e com uns soberbos 60ºv, impossível de obter no continente.
Ok. Obrigada!
Caro Luís Pontes,
Gostaria de colocar-lhe umas questões relativamente às mereneiras de abóbora.
A erva doce esmagada, é a mesma coisa que o "grão" de erva doce ou este tem ainda um tamanho maior e que por vezes, tende a colocar-se na boca e ser algo desagradável?
Se for esse o caso, o que acha que resultará de cozer a abóbora com erva doce na água e não colocá-la posteriormente na receita?
Um abraço e um bom fim de semana :)
Caro Jorge,
Quando falo de erva doce em grão estou a referir-me ás pequenas sementes de erva doce não reduzidas a pó.
Pessoalmente, gosto de encontrar estas sementinhas com sabor intenso mas quem não goste pode optar pelo uso das sementes reduzidas a pó ou então usar a "boneca" de sementes, como refere.
Abraço
Caro Luis Pontes
Na sua receita de queijos frescos os ingredientes (para 975gr) estão corretos? - usamos só 3litros de leite do dia?
Para além dos outros ingredientes claro, 3 colheres de sopa de sal e 6 de leite em pó.
Agradeço antecipadamente a sua informação.
Bem haja
castrantonio
Veio-me à memória um velho truque meu, dos anos 60, para essências e licores (por exemplo, o tríplice, só de aroma das cascas de limão, laranja e tangerina): a temperatura ótima conseguia-se com o frasco em cima da televisão, no tempo das válvulas. E ficava bonito, com o álcool em ciclo rápido de evaporação-condensação, a verem-se as gotas a pingar. Os plasmas de hoje são excelentes mas perderam esta qualidade...
Castrantonio,
975g é a quantidade de queijo no momento de entrada nos cinchos,claro que irá decair à medida que muito soro tem ainda de sair nas horas seguintes.
Em relação ao sal e leite em pó, estes ingredientes são facultativos: o leite em pó serve apenas para facilitar o corte da coalhada, quando não se é bastante experiente, eu não o uso normalmente.
Obrigado...
Vou repetir, meti "água" nalguma parte do procedimento e não deu certo.
Boa semana
castrantonio
Castrantonio,
Se o seu queijo ficou muito menos que isso (e talvez com textura um pouco areada), experimente baixar a temperatura. Quanto mais baixa a temperatura do leite, melhor o resultado final. Tente fazer mesmo a 37ºC, a mesma sensação de um dedo dentro da boca.
Luís
Boa Tarde
Segui à risca as suas indicações para fazer o Polvo à Ria, mas…não ficou perfeito!
Por isso esclareça-me por favôr:
1.Para pôr o polvo na panela, depois do 3.º mergulho, espera-se q a água volte a ferver?
2. Os 45 min. contam-se precisamente desde quando? Quando se põe na panela? Ou quando a água ferve novamente?
Bem-haja,
O que tenho aprendido consigo !
Unknown,
No 3º mergulho costumo deixá-lo logo lá dentro e começo a contar os 45min nessa altura.
Boa sorte com o próximo.
Enviar um comentário