As pirâmides de chocolate são, como os outros bolos que
reciclam bolos antigos, uma espécie em desaparecimento. Como elas estão as
rochas, as broas de mel e até, por vezes, os salames de chocolate, embora neste
último caso haja outras saídas para além da reciclagem.
A legislação dificulta muito a feitura destes bolos que
usam outros bolos duros e apenas recorrendo a um truque*, nem sempre fácil de
praticar no dia a dia, se pode evitar a fúria sanitária da todo-poderosa ASAE.
Eu tenho com o chocolate uma relação bastante ambivalente,
que vai facilmente da adoração ao ódio e confesso que bolos que levem chocolate
não são o meu cup of tea, nem por
sombras. Mas é importante abordar este aspecto da reciclagem alimentar e,
pegando numa sugestão que há tempos um amigo me fez, já não sei se aqui se no
Facebook, decidi experimentar umas pirâmides, feitas a partir de um bolo lêvedo
que fiz para o efeito,
já que sobras de bolos são coisas que por aqui não
existem.
Ingredientes:
350g de bolos duros, farinados
1 ovo
100g de açúcar
75g de manteiga fundida
2 colheres de sopa bem cheias de cacau puro
Cidrão ou fruta cristalizada a gosto
Vinho generoso
Cobertura de chocolate
Preparação:
Deixe endurecer por completo bolos ou bolachas sem creme,
ou, leve-os a secar em forno baixo
e farine-os no mixer.
Pique cidrão e ponha-o a macerar coberto por um vinho
doce, como Porto ou Madeira. Se não arranjar cidrão, tarefa cada vez mais
difícil com a única fábrica que o fazia regularmente agora fechada, use outra
fruta cristalizada como casca de laranja, de limão
ou de tangerina.
Leve o açúcar ao lume com um pouco de água, apenas o
suficiente para fazer uma calda e misture com todos os outros ingredientes
excepto a farinha de bolos.
Vá então juntando farinha de bolos (ou bolacha Maria
farinada, na falta),
amassando até obter uma massa homogénea.
Ponha a refrescar
no frigorífico.
Molde umas pirâmides (na verdade são cones)
e verta sobre
eles colheradas de chocolate fundido com um pouco de manteiga ou natas.
Tradicionalmente leva no topo um pouco de chantilly e uma
cereja em calda, mas como estava a fazer seis unidades e iriam durar por vários
dias, decorei o topo com chocolate branco.
Nota:
A lei impede que se guardem nas
instalações comerciais ou fabris restos alimentares confeccionados, como o caso
dos bolos frescos, de um dia para o outro.
O truque é, ao fim do dia, secar
os restos no forno e fariná-los logo.
Se estiver transformado em farinha de
bolo, passa a ser considerado uma matéria-prima e passa a estar dentro da lei.
8 comentários:
Estes bolos são um atalho para a infância :)
Huummm... há muito tempo que não vejo estes bolinhos, e parecem fáceis de fazer. Qualquer dia vou fazer para matar saudades....
Bom fim de semana
Ai Luís do que me foste lembrar... estes eram os meus preferidos quando andava na primária.
É claro que não fazia ideia de como eram feitos, achava que eram bolos de chocolate...
Foi mesmo bom lembrá-los! Até fiquei com vontade de surripiar um.
Beijinhos.
Também para a minha infância os meus bolos favoritos. :) Bela lembrança, Luís!
Olá: chego aqui pela primeira vez e deparo-me logo com os bolos preferidos da infancia do meu filho. Tive que levar a receita "emprestada",ok? Ficaram Lindos!!!!
Bjn
Márcia
nunca tinha ouvido falar! sou do Brasil!
gostei de conhecer!
http://deliciasdaisa.blogspot.com.br/
É engraçado que nunca comi este bolo. O meu Pai nunca me deixou mesmo por isso...por ser feito com aproveitamentos.
Curioso que hoje já não preciso da permissão para comer, mas perdi o interesse.
Tirando esse pequeno pormenor, a receita parece-me muito boa, e quem sabe se não irei comer/fazer um em breve :)
Olá, adoro o teu blog. És um mágico na cozinha. Adoro as tuas receitas e os teus textos.
"Roubei" esta receitinha e fiz em casa. Coloquei no meu blog mas com o atalho para o teu.
Caso não queiras que tenha no meu blog referência ao teu, envia-me uma mensagem que apago na hora.
Obrigado pela partilha.
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