Acho também que terá origem nessa concepção magrebrina o meu desmesurado gosto por esse espantoso aroma que, a par de outros condimentos, dá um toque tão especial a tantos pratos das cozinhas de Marrocos, Tunísia, Argélia e mesmo Mauritânia, a Canela.
A canela verdadeira provém do Sri Lanka, embora na prática a esmagadora maioria da que aparece nos saquinhos à venda seja realmente uma bem mais barata e com o aroma algo mais grosseiro, a “canela” chinesa e da Birmânia, extraída de árvores da família da Cássia.
Uma e outras partilham um aroma tão dominante que se chega a confundir com um sabor que, na realidade, não tem (se colocar um pouco de canela na língua com as narinas fechadas, terá a sensação de estar a comer serradura!).
Com algumas excepções, a canela tem sido usada no Ocidente mais avançado predominantemente em doçaria, bolos e bebidas. Já nas cozinhas orientais e exóticas é uma especiaria de uso comum nos pratos do dia-a-dia.
Da tradição herdada da casa familiar da infância, fica esta utilização com carne de porco frita, particularmente feliz nas costeletas.
Ingredientes:
Costeletas de porco, neste caso do fundo.
Pimenta moída e em grão
Sal
Alhos
Louro
Canela moída
Vinho branco
Banha de Porco
Preparação:
Molhe as costeletas em vinho branco, coloque-as num prato onde espalhou alguns grãos de pimenta e folhas de louro. Tempere-as do lado de cima com os restantes temperos, tendo o cuidado de polvilhar com a canela antes de ter posto os alhos.
Tape e deixe no frigorífico por umas horas ou de um dia para o outro.
Cerca de 45 minutos antes da refeição, retire e reserve o louro e alhos que estiveram a temperá-las e sele depressa em banha e lume forte as costeletas, primeiro o lado temperado.
Junte depois os alhos e louro reservados , vinho branco, sempre um pouco de cada vez e, quando começar a ferver de novo, baixe o lume e deixe fervinhar até o vinho evaporar e recomeçar a ouvir o som característico de fritar, altura em que deve ir adicionando sempre mais um pouco de vinho.
O prato, que liberta um aroma inebriante, está pronto quando as fatias de alho desaparecem no molho.
Costeleta com canela, arroz de manteiga e chutney de ananaz e pimento.Nota:
Há poucos dias a Elvira (Elvira’s Bistrôt) publicou uma massa com canela que tinha sido inspirada numa outra mais antiga da Carla (Carpe Diem) a qual, por sua vez , se inspirou numa receita de Olivier para a sua mulher Jools.
Há poucos dias a Elvira (Elvira’s Bistrôt) publicou uma massa com canela que tinha sido inspirada numa outra mais antiga da Carla (Carpe Diem) a qual, por sua vez , se inspirou numa receita de Olivier para a sua mulher Jools.
4 comentários:
Como sabe, eu também sou fã de canela, o que se deve claramente às minhas origens açorianas, pois é especiaria que não falta nos pratos salgados.
bjs
Apesar de eu ser fã incondicional da canela nos doces, confesso que nos pratos salgados já não a aceito tão bem. Há excepções, sobretudo se o sabor for ligeiro e não tomar conta da boca. Mas novas experiências são sempre bem vindas e devagarinho talvez a canela deixe de ser especiaria de doces, cá em casa. Claro que não ajuda o marido não a comer em nada... ;)
Beijinho *
Mariana
Fascinante esta adição de canela na carne, se experimento pôem-me as malas à porta, será? lol!
O Luís teve uma pontaria certeira a detectar as minhas mentirinhas:
Não sou filha única, tenho 1 irmão mais novo;
Não detesto peixes nem mariscos, muito pelo contrário;
Não percebo nadinha de nada de vinhos, mas gostava de perceber:
Foi giro ver como este desafio nos levou a conhecer-nos melhor: sou de Campolide, andei no Liceu Maria Amália, adoro os frangos da Valenciana (são os melhores do mundo)e sou fã das trouxas de ovos da Pastorinha.
E esta, hem?
Gosto de canela, tanto em pratos doces como salgados. Acho que "combina" especialmente com carne de porco e banana. Tenho observado que a canela moida de potinhos amarelos leva açúcar. Então é interessante conferir no rótulo antes de colocar num prato salgado (se bem que carameliza...rs..).
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