sexta-feira, 20 de março de 2009

Chás de Yunnam Pu-Ehr

O chá é, depois da água, a bebida mais consumida no nosso planeta, estimando-se um consumo médio de 15.000 chávenas por segundo!
Com chá inicio todas as minhas manhãs, variando entre a infinidade de aromas e tipos que existem à nossa disposição. Na verdade só não uso essa variedade omnipresente que é Chá "em saquetas"!
Deixo hoje aqui algumas notas sobre o meu preferido, o mais ancestral dos chás, o chinês Pu-Erh!
O chá Pu-erh é originário da região de Xishuangbanna, situada na província de Yunnan no Sudoeste da China. Atribui-se a este chá virtudes purificantes e de emagrecimento.

Fraco em teína, o Pu-erh pode ser consumido durante todo o dia e noite, sem risco de insónias ou de excitação.
Do ponto de vista gastronómico, este chá apresenta características completamente espantosas. Intensos e vigorosos, podem ser sujeitos a diversas infusões sucessivas sem estragar o seu sabor. Estes chás ocultam, à boa maneira oriental, uma riqueza e complexidade aromáticas apaixonantes, que fazem a felicidade dos apreciadores mas continuam ainda por descobrir pela maioria.

Um digestivo milenar são os chás comprimidos, prensados em forma de ninho ou de melão, que podem envelhecer e melhorar como vinho; um Pu-Erh especial, o Tuocha, a que se poderia chamar o "pai de todos os chás", um "vermelho" poderoso que viria, a partir de 1391 a dar origem aos primeiros "chás pretos".
Assim como os vinhos de vinhas velhas, esses chás provêm de antigas Camellia Sinensis do sudoeste da China, apresentam ramos lenhosos duros entre as folhas comprimidas e, enquanto um chá normal perde aroma e qualidade com o passar do tempo, este só ganha em complexidade e bouquet, como qualquer bom vinho ao envelhecer.


Os aromas são muito complexos, muitas vezes com alguma presença defumada, e muita terra. Na boca, é dos chás mais deliciosos do planeta, muitos com final levemente adocicado contrastando com os aromas que para muitos pode parecer um "gosto adquirido", quase um mofo à primeira impressão.
Acompanham muito bem frutas, principalmente lichia, tangerina e laranja, e ficam magníficos com bolos e doces à base de chocolate, pelo que, com as suas propriedades digestivas, perfeitos para fechar uma refeição.
É emagrecedor, de pouca cafeína, antioxidante e redutor do colesterol. E um prazer raro.
Preparação:

A preparação dos Pu Erh e Tuocha's têm um certo ritual. Primeiro deverá escaldar bem o bule com água a ferver.
A seguir irá retirar do "ninho" prensado uns pequenos nacos com uma faca coloque os pedaços do chá no infusor, que deverá ser espaçoso para que a lavagem se possa fazer sem constrangimentos.
Coloque o infusor no bule aquecido e introduza alguma água bem quente mas não a ferver, devendo cobrir o infusor durante 5 segundos no máximo.
Rejeite essa primeira água e faça em seguida a primeira infusão de Tuocha, enchendo o bule de água mineral a 90ºC e infundindo durante 3 minutos o que originará um chá forte, cor de cobre avermelhado e com aromas a terra e madeiras; a segunda infusão pode ser de 4 a 5 minutos e revelará aromas e notas completamente diferentes.
Um Pu-Erh envelhecido por mais de vinte anos pode ter até 5 infusões com o mesmo chá. Normalmente fico por duas a três infusões, até porque um Pu-Erh verdadeiramente de topo, com mais de 70 anos tem um preço incomportável, pelo menos para a minha bolsa.



Nota: Pode comprar estes chás, em Lisboa, no Supermercado Chen, no Poço do Borratém.



3 comentários:

anna disse...

Agora fiquei a saber que sou «uma verdadeira naba» em chás )eu uso quase sempre os das saquetas)...
Vou tentar melhorar a minha cultura de chá...
Beijinhos.

Francesa disse...

Obrigada pela dica, agora sei onde comprar chá!
A vez em que mais me deliciei com um chá foi num restaurante marroquino onde escolhi um chá de jasmin.

Mad disse...

Eu, que adoro chá e que tenho a mania que até percebo do assunto, pelos vistos também sou uma naba. Mas não chego ao ponto de usar saquetas, isso não :) nem lhe ponho açúcar (credo!).

Nunca tinha ouvido falar destes ninhos de chá. E essa dos 90º também é novidade, sempre fiz questão de o fazer com água completamente a ferver, à inglesa.

Bom, estamos sempre a aprender.