quarta-feira, 5 de abril de 2017

Bucho de porco com feijão e cenouras (Trilogia 169)

             Seja da Primavera ou de outra coisa qualquer, o certo é que a Ana anda inspirada nestas coisas dos temas para Trilogias, esta a 169ª.
Para nos orientar, a mim e ao Amândio, decidiu, num apuramento de estilo, propor-nos uma espécie de título para conto infantil.
Gostei! Gostei tanto que decidi dar-lhe seguimento, que um título de história, se não tiver depois um meio e um fim torna-se uma decepção.
Vamos então à hora da criançada (com cenas eventualmente chocantes):

O porquinho foi à horta… e eu também

«Pior que um ciclone ou uma seca, não há maior catástrofe para uma horta mimosa do que a visita de um porco fugitivo.
No entanto, era exactamente o que estava a suceder à minha viçosa horta de cenouras, cebolas, alhos e feijões. O porco da quinta, que tinha destino marcado só lá para o Natal, tinha-se soltado da pocilga e refocilava, feliz, devorando e pisando vagens e plantas, numa orgia que tudo destruía à sua passagem, ali bem debaixo dos meus olhos!
Não sei se já experimentaram correr atrás de um porco à solta. Se sim, sabem do que falo, se não, devo dizer-vos que é aventura que não se deseja a ninguém…
Abreviando, que temos mais de que falar, meia hora depois tinha acontecido o Natal em Abril, para o Senhor Porco, e eu ali na horta destruída a tentar aproveitar algumas cenouras e feijões que tinham escapado, maltratadas, à gula do bicho e a pensar no que haveria de fazer para aproveitar o belo bucho que espreitava agora do alguidar das miudezas.
Podia recheá-lo como um grande maranho, podia fazer uma dobradinha para petiscar, ou podia aproveitá-lo com os vegetais que o tratante se tinha entretido a pisar na sua derradeira hora. Foi o que fiz!»

Ingredientes:

Bucho de porco (estômago)
Cenouras
Cebola
Alhos
Feijão branco cozido
Azeite
Salsa
Sal e pimenta

Preparação:

O bucho do porco é muito parecido com a dobrada bovina a que estamos mais habituados. É, no entanto, mais saboroso do que aquela, também mais fino e não tem a zona dos folhos, já que, não sendo ruminante tem um estômago mais simples, apenas com duas zonas distintas.
Quando se adquire um bucho (na cidade requer encomenda) ele vem geralmente fechado, inteiro e bastante sujo.
Ao contrário da dobrada, que está normalmente arranjada e higienizada, com o bucho temos ainda de prepará-lo, que consiste em virá-lo do avesso, retirar umas peles e aderências que sempre traz,
abri-lo e lavá-lo muito bem dos dois lados, esfregando com sal grosso e vinagre até estar livre de muco e outros restos.
Depois de limpo, coza-o em água com sal durante cerca de duas horas e meia. Reserve.
Corte em troços cenouras e refogue-as em azeite até estarem meio cozinhadas. Junte então ao refogado de cenoura, cebola, alhos e louro, sal e pimenta e acabe de cozinhar tudo,
se necessário com o auxílio de caldo onde, entretanto, cozeu feijão branco.
Junte então o feijão
e o bucho cortado em pedaços,
deixe apurar e salpique generosamente de salsa picada
mesmo antes de servir.

« Moral da história: Tanto para porcos como para pessoas, o Natal é quando um homem quiser! »

1 comentário:

Anna disse...

Adorei a história, com moral e tudo... Não sei é se conseguiria comer o bucho do porco!!!! Coisas... de malta da cidade.