Seja da Primavera ou de outra
coisa qualquer, o certo é que a Ana
anda inspirada nestas coisas dos temas para Trilogias, esta a 169ª.
Para nos orientar, a mim e ao Amândio, decidiu, num apuramento de
estilo, propor-nos uma espécie de título para conto infantil.
Gostei! Gostei tanto que decidi
dar-lhe seguimento, que um título de história, se não tiver depois um meio e um fim torna-se
uma decepção.
Vamos então à hora da criançada
(com cenas eventualmente chocantes):
“O porquinho foi à horta… e eu também”
«Pior que um ciclone ou uma seca,
não há maior catástrofe para uma horta mimosa do que a visita de um porco
fugitivo.
No entanto, era exactamente o que
estava a suceder à minha viçosa horta de cenouras, cebolas, alhos e feijões. O
porco da quinta, que tinha destino marcado só lá para o Natal, tinha-se soltado
da pocilga e refocilava, feliz, devorando e pisando vagens e plantas, numa
orgia que tudo destruía à sua passagem, ali bem debaixo dos meus olhos!
Não sei se já experimentaram
correr atrás de um porco à solta. Se sim, sabem do que falo, se não, devo
dizer-vos que é aventura que não se deseja a ninguém…
Abreviando, que temos mais de que
falar, meia hora depois tinha acontecido o Natal em Abril, para o Senhor Porco,
e eu ali na horta destruída a tentar aproveitar algumas cenouras e feijões que tinham escapado, maltratadas, à gula do bicho e a pensar no
que haveria de fazer para aproveitar o belo bucho que espreitava agora do alguidar
das miudezas.
Podia recheá-lo como um grande
maranho, podia fazer uma dobradinha para petiscar, ou podia aproveitá-lo com os
vegetais que o tratante se tinha entretido a pisar na sua derradeira hora. Foi
o que fiz!»
Ingredientes:
Bucho de porco (estômago)
Cenouras
Cebola
Alhos
Feijão branco cozido
Azeite
Salsa
Sal e pimenta
Preparação:
O bucho do porco é muito parecido
com a dobrada bovina a que estamos mais habituados. É, no entanto, mais
saboroso do que aquela, também mais fino e não tem a zona dos folhos, já que,
não sendo ruminante tem um estômago mais simples, apenas com duas zonas
distintas.
Quando se adquire um bucho (na
cidade requer encomenda) ele vem geralmente fechado, inteiro e bastante sujo.
Ao contrário da dobrada, que está normalmente arranjada e higienizada, com o
bucho temos ainda de prepará-lo, que consiste em virá-lo do avesso, retirar
umas peles e aderências que sempre traz,abri-lo e lavá-lo muito bem dos dois lados, esfregando com sal grosso e vinagre até estar livre de muco e outros restos.
Depois de limpo, coza-o em água
com sal durante cerca de duas horas e meia. Reserve.
Corte em troços cenouras e
refogue-as em azeite até estarem meio cozinhadas. Junte então ao refogado de
cenoura, cebola, alhos e louro, sal e pimenta e acabe de cozinhar tudo,
se
necessário com o auxílio de caldo onde, entretanto, cozeu feijão branco.
Junte então o feijão
e o bucho
cortado em pedaços,deixe apurar e salpique generosamente de salsa picada
mesmo antes de servir.
« Moral da história: Tanto para porcos como para pessoas, o
Natal é quando um homem quiser! »
1 comentário:
Adorei a história, com moral e tudo... Não sei é se conseguiria comer o bucho do porco!!!! Coisas... de malta da cidade.
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