O tempo ia passando em direcção à data desta 52ª Trilogia com a Ana e o Cupido, a abóbora amarelinha já cá em casa, a ajuda na escolha chegou como por magia pela mão desse grande senhor da nossa gastronomia que é Virgílio Gomes que, no passado sábado, publicou no seu site homónimo estas deliciosas Merendeiras deAbóbora, oriundas da tradição popular da região de Coimbra, Tentúgal e Montemor-o-Velho.
Contente por ficar assim bem longe de qualquer possibilidade de associação a "tradições" alienígenas de abóboras desdentadas, meti mãos à obra nestas merendeiras de antanho, que acabaram lanche de feriado, acompanhadas por chá, seguindo a sugestão de Virgílio Gomes, e também por requeijão de ovelha e um doce de abóbora* muito especial, que fiz com o restante fruto e de que vos deixo notícia no fim.
Abóbora
Açúcar
Farinha
Massa velha ( ou fermento de padeiro, na sua falta)
Erva-doce esmagada
Canela em pó
Passas de uva
Frutas cristalizadas
Preparação:
Coza a abóbora partida em pedaços, com a casca se for daquelas abóboras com casca coriácea como madeira, que foi a que usei, ou descascados se não for esse o caso.
Solte a casca, esmague grosseiramente a polpa e deixe a escorrer de um dia para o outro ou esprema bem dentro de um pano.
Junte todos os ingredientes,
mexa e vá juntando a farinha suficiente para que forme uma massa moldável.
Deixe levedar por algumas horas, forme bolas enfarinhadas e leve a forno quente até que estejam cozidas e com a casca fendida por sulcos profundos.
Notas:
*Trata-se de fazer um doce de abóbora texturado como se fosse uma gila, mas feito com abóbora laranja. Coza pouco, desfaça os fios e deixe em água e sal. Escorra, pese e misture com metade do seu peso em açúcar. Leve ao lume com casca de limão até obter o ponto de açúcar desejado. Faz um doce de abóbora muito transparente e texturado que se torna especialmente delicioso com requeijão.
** Estes bolos tradicionais não obedecem a quantidades fixas de ingredientes e fazê-los mais ou menos doces, com ou sem frutas cristalizadas, etc., é mesmo uma questão de gosto pessoal. Por exemplo, nestas merendeiras usei um pouco de azeite, que não fazia parte da receita de Virgílio Gomes, para tentar obter um sabor que provei há muitos anos numas broas parecidas que comi em Idanha-a-Nova.
4 comentários:
Desta vez fomos uns despachados... fiquei mais gulosa pelo teu doce do que pelas broas que eu faria com frutos secos em vez dos cristalizados.
Uma bela trilogia doce... até agora!
Beijinhos.
Essas merendeiras também me ficaram na retina... Ainda bem que não fiz, senão teriamos receita repetida, como os cromos :)
E eu sei onde se meteu a semana que afinal não falta.
A trilogia 2 aconteceu quando completamos 1 semana e por aí fora. Assim na próxima semana completamos as 52 semanas, fazendo a trilogia 53 já que a nº1 foi na semana zero.
Na minha terra chamam-lhe broas doces e são tradição em todas as festas, mas estava convicta que eram feitas com farinha de milho. Fui espreitar o original e também não diz. Seja como for, essas merendeiras ficaram mesmo a rir-se para mim, mas tal como a Anna substituia as frutas cristalizadas por frutos secos.
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